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“Foi um grande susto”, diz Luciano Evangelista sobre seu sequestro

Por Fábio Lopes 18/07/2013 17h05
Luciano Evangelista, vítima da criminalidade, sobrevive ao sequestro - Foto: Arquivo
Em casa, o dentista Luciano Evangelista, 38 anos completados com vida, recebeu o repórter Fábio Lopes, da equipe do Portal Já é Notícia, e falou com exclusividade sobre o susto de sua vida: um seqüestro com final feliz. Ele só pediu para não ser fotografado.

Luciano Evangelista disse que o Estado precisa refletir a onda de violência que vem aumentando consideravelmente em Alagoas. “Estamos num Estado sem governo”, disse o irmão Fabiano.

Um dia antes desse encontro, ele havia sido raptado, em um possível sequestro, na porta de casa, por dois bandidos que, segundo o dentista, não tinham sequer 20 anos de idade.

- Eram dois moleques, disse ele.

Era quarta-feira, 17 de julho de 2013. Uma data especial para Luciano Evangelista. Dia do seu aniversário. A família e os amigos haviam se preparado para comemorar seus 38 anos de idade. Hoje celebram a vida.

Graças ao final feliz de uma história que poderia ter terminado em tragédia, Luciano está vivo, dentro de casa, com a família. Depois do grande susto e do pesadelo que passou, ele retornou pra casa na madrugada desta quinta-feira, 18.

Amigos e parentes chegam a todo o momento para visitá-lo. Assim aconteceu no momento de nossa conversa no sofá.

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Cheguei à casa de Luciano no começo da tarde. Estava chovendo. Fui recebido pelo o irmão dele Fabiano Evangelista.

Entrei, sentei ao sofá da sala de estar. Em poucos minutos vinha Luciano, que estava no quarto. Vestido com uma camisa esportiva de malha fria, bermuda e sandálias. Daquele jeito bem à vontade, mas ainda carregando o peso do susto que passou. Tenso, porém tranquilo!

Cumprimentamo-nos. Sentamos lado a lado. Ele relatou o momento em que os bandidos chegaram, armados, à sua residência. A filhinha de 6 anos de Luciano estava dentro do carro: um Honda Civic prata, de transmissão automática.

Eles (os bandidos) estavam muito tensos e não sabiam dirigir o carro. Pediram para eu tomar a direção. Neste momento pensei em minha filha, mas eles deixaram que ela ficasse em casa. Foi um alívio.

Luciano conta que eles seguiram em direção a Maceió (distante 120 km de Arapiraca). Na AL-220 uma moto nos seguia. Era alguém que tinha presenciado tudo e parou no posto da Polícia Rodoviária Estadual. Não a vi mais e seguimos pela estrada.

Estava com medo, mas não poderia demonstrar isso e me mantive tranqüilo. Os bandidos mantinham um revólver no meu abdômen o tempo todo. Em toda a minha vida não nunca fui assalto e muito menos tive uma arma apontada para mim. Tentei acalmá-los.

- Fique calado, dirija, a gente vai liberar você, disse um dos bandidos. Contou Luciano.

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Nesse momento muita coisa se passava na minha cabeça. Antes de chegar ao posto da Polícia Rodoviária Federal, na cidade de São Miguel dos Campos, eles me mandaram entrar numa estrada vicinal. Estavam com medo de serem surpreendidos pela polícia.

Chegamos à BR-101, indo para a cidade de Pilar. Entramos num canavial. Chegamos a um lugar descampado. Apenas a Lua iluminava a escuridão daquela noite.

Eles pediram para eu ensinar-lhes a dirigir o carro hidramático. Depois me colocaram dentro da mala. Não vi mais nada. Fiquei deitado. Tentei destravar a mala, mas não consegui.

Senti que pegaram a rodovia, depois uma estrada de terra pelo canavial. O carro parou. Pediram para eu descer. Foi outro momento muito difícil, quando desci da mala. Não sabia onde estava. Só enxergava por causa da Lua.

Em seguida, mandaram-me ir. Segui meio de lado, não dei as costas pra eles, depois corri. Ouvi tiros. Mas, foram disparados em direção ao canavial. A cana estava alta. Fiquei perdido. Estava sem rumo, sem direção. Andei por três horas, margeando a mata.

Encontrei uma roça de milho e de mandioca. Avistei um ponto de luz. Cheguei à Fazenda São Vicente, em um povoado de Marechal Deodoro. Lá, tentei ligar para casa do celular de um morador. Só consegui do celular do vigia da fazenda. Seu Cícero.

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Eram onze da noite. Liguei para o meu Irmão e não consegui. Liguei para minha mãe. Ela atendeu. Foi um momento feliz. Meu irmão James e os amigos foram me buscar. Foi um encontro emocionante. Voltamos pra casa.

Hoje estou aqui com a minha família. As imagens do que passei aparecem como flash o tempo inteiro. Só o tempo irá apagar. O mais importante é que estou de volta, com a minha família.

Saí da casa de Luciano Evangelista com o brilho do Sol no céu de uma tarde de inverno.

São os raios da vida que trouxeram mais um brilho para a família Evangelista.