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Menino vai a hospital para cirurgia na língua, mas médico opera fimose

Por G1 09/10/2013 08h08
Foto: Reprodução
Um menino de 11 anos foi vítima de um erro médico na Santa Casa de Misericórdia, em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais do Paraná, segundo a mãe dele. O menino foi internado no hospital para se submeter a uma cirurgia no freio da língua, mas acabou sendo operado de fimose, na sexta-feira (4). A mãe da criança, Ana Paula Ferreira Machado, foi até a delegacia da Polícia Civil da cidade, ainda na sexta-feira, e registrou um boletim de ocorrência. Um inquérito foi aberto para investigar o caso.

A mãe do garoto explica que ele foi encaminhado à cirurgia pela dentista. O menino usa aparelho móvel nos dentes. Ana Paula contou ao G1 que a cirurgia facilitaria o uso do aparelho ortodôntico. “A cirurgia na língua duraria aproximadamente meia hora, mas acabou demorando mais de uma hora, achei estranho, mas não quis ficar perguntando para não incomodar. Quando o procedimento terminou, a enfermeira veio me orientar sobre como aplicar a pomada no tratamento pós-operatório de fimose. Quando entrei no quarto do hospital eu logo percebi que a cirurgia havia sido feita no lugar errado”, relatou a mãe.

O procedimento foi realizado pelo Sistema de Assistência à Saúde (SAS), uma espécie de plano de saúde oferecido aos servidores do governo do estado e dependentes.

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A mãe do garoto informou ainda que a equipe do hospital relutou em entregar o prontuário do menino. A delegada da Polícia Civil em Ponta Grossa que assumiu o caso, Ana Paula Cunha Carvalho, explicou que o hospital é obrigado a entregar o prontuário do paciente à família. O garoto também foi encaminhado para o Instituto Médico-Legal (IML) para realizar o exame para verificar se houve crime de lesão corporal.

Ana Paula afirma que o estado de saúde do filho é bom, apesar de ter dificuldades para caminhar e estar assustado com a situação. “Ele está bem triste e ficou bem assustado. Ele comenta que não tinha problema naquele lugar. Quando eu falei para o médico de que aquela não era a cirurgia pela qual ele ia se submeter, ele não sabia o que dizer. O médico dizia uma coisa e o anestesista outra, cada pessoa no hospital falava alguma coisa. Acredito que foi um erro coletivo”, desabafou.

“O meu filho não quer mais fazer a cirurgia na língua. Ele está assustado e eu também não quero que ele se submeta a essa cirurgia agora. Eu estou com medo que ele tenha ficado com alguma sequela, porque ele não precisava dessa cirurgia, ele não tinha problema de fimose. O que me preocupa é que nem todos os casos de fimose precisam de cirurgia, alguns são tratados com pomada, por exemplo. Vou encaminhá-lo para um especialista para saber se houve sequelas”, disse Ana Paula.

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A delegada afirmou que iniciará a coleta de provas para tentar apontar os culpados. Inicialmente, os envolvidos podem responder por lesão corporal, mas outros crimes ainda devem ser verificados durante as investigações. “Precisamos ouvir o maior número de pessoas que possam estar envolvidas no caso, desde as pessoas que fazem o atendimento, o médico, os enfermeiros, todo mundo. Além de analisar o laudo encaminhado pelo IML e o prontuário do hospital. Alguém precisa responder por esse crime. O menino foi submetido à uma cirurgia da qual ele não necessitava”, explicou.

Segundo a delegada, não há uma previsão de quando o caso deverá ser solucionado e de quando haverá uma resposta sobre quem irá responder pelo crime. A pena para o crime de lesão corporal também depende do que as investigações devem apontar, variando de prisão ou multa.

A Santa Casa de Misericórdia de Ponta Grossa afirmou, em nota, de que o hospital tomou conhecimento da ocorrência e está investigando o fato, através da abertura de um processo administrativo interno.