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Intercâmbio tem relatos de boas experiências e muita superação

Por Assessoria 23/10/2013 08h08
Foto: Assessoria
Franklyn e Luiz Henrique, alunos de graduação em engenharia mecânica, Marta, Sivanilde e Carlos Henrique, do curso de licenciatura em matemática, são estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí. Eles falam das experiências acadêmicas e pessoais de intercâmbio em universidades na Espanha e em Portugal, com bolsas do Programa Ciência sem Fronteiras. Os cinco jovens fazem parte do contingente de 44 mil bolsistas de graduação contemplados pelo programa desde 2011. Incluída a pós-graduação, as bolsas concedidas pelo governo federal chegam a 54,7 mil.

Na Universidade do País Basco, no norte da Espanha, Franklyn Guimarães, 22 anos, fez nove disciplinas entre setembro de 2012 e julho deste ano. O orgulho do estudante foi obter notas 7 e 8 — a instituição exige nota 5 para aprovação. Dentre as disciplinas, ele considerou hidráulica e mecânica de motores como as mais interessantes.

Um estágio de três meses numa empresa fabricante de pneus, que tem matriz na França e filiais em diversos países, como Espanha e Brasil, foi outra vantagem destacada por Franklyn. No escritório da empresa, o estudante conheceu a parte de gestão e de recursos humanos. Nas oficinas, fez a parte prática, com supervisão de engenheiros.

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Antes de viajar, Franklyn fez curso intensivo de espanhol, mas a grande vantagem foi a universidade basca ter oferecido um curso para estrangeiros durante todo o período. As aulas, diz, ajudaram muito, principalmente na gramática. O vocabulário foi ampliado em conversação com colegas e professores e no estágio. O contato com estudantes de várias partes do mundo também tem peso na bagagem do universitário.

Franklyn é natural de Caxias, Maranhão, e faz a graduação no câmpus Teresina Central.

Base — Luiz Henrique Portela, 21 anos, também do curso de engenharia mecânica, estudou na Universidade de Aveiro, no norte de Portugal. A opção foi automação industrial, disciplina que não consta do currículo do curso no instituto piauiense, mas é área definida como prioritária pelo estudante. Além de adquirir novos conhecimentos, ele destaca o apoio dos professores, com os quais ainda mantém contato, e está determinado, ao concluir a graduação no Brasil, a fazer especialização ou mestrado em Portugal.

Luiz Henrique elogia a qualificação dos professores, a atualização dos equipamentos dos laboratórios e a qualidade do acervo da biblioteca. Além de automação industrial, ele cursou a disciplina de sistemas mecânicos, com aprovação em ambas. O bom aproveitamento é atribuído ao fato de ter começado o intercâmbio com mais de 50% da graduação concluída. “Com a base que eu tinha, pude entrar na parte mais técnica e específica do curso”, afirma. Ele destaca, ainda, a oportunidade de estudar em instituição universitária europeia e os contatos com estudantes e pesquisadores de diversos países. Nascido em Teresina, Luiz Henrique também estuda no câmpus Teresina Central.

Idioma
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— De agosto de 2012 a agosto deste ano, três estudantes do curso de licenciatura em matemática do câmpus de Piripiri participaram do intercâmbio do Ciência sem Fronteiras em universidades da Espanha. Sivanilde Ribeiro Cabral, 25 anos, e Carlos Henrique, 19, estudaram na Universidade de Cádiz; Marta Santana, 26, na Universidade de Granada.

O grupo de alunos teve em comum dois tipos de dificuldade. A primeira, acompanhar as aulas com pouco conhecimento da língua espanhola — até 2012, o Ciência sem Fronteiras não exigia proficiência na língua do país de destino. A segunda, com as disciplinas do currículo.

Diferente do Brasil, onde a licenciatura aborda o conteúdo de matemática e a parte pedagógica durante quatro anos, em Cádiz e Granada há o bacharelado, curso de quatro anos que inclui matemática pura. Lá, quem pretende seguir o magistério faz, após o curso, dois anos das disciplinas pedagógicas. O desencontro entre os currículos e a falta de domínio da língua exigiu um esforço extra desses estudantes.

Marta, que fez quatro anos de espanhol no Brasil, estranhou o sotaque praticado em Granada, sul da Espanha, e precisou fazer um curso intensivo de 70 horas para se entrosar com o dialeto local. Das quatro disciplinas em que foi matriculada, ela conseguiu aprovação em estatística, área na qual também fez estágio. A estudante poderia obter aprovação na disciplina de operações financeiras, mas a prova seria aplicada em setembro. Ela retornou ao Brasil em agosto.

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O encontro com estudantes de diversas nacionalidades, o bom acolhimento dos professores, a riqueza cultural de Granada e a segurança, a qualquer hora do dia, encantaram a estudante, natural da cidade de José de Freitas, Piauí. “A experiência foi ótima”, garante Marta.

Sivanilde Ribeiro fez, no Brasil, apenas um curso de espanhol on-line. Na Universidade de Cádiz, aprendeu um pouco mais, ouvindo colegas e professores. Cursou cinco disciplinas, foi aprovada em matemática financeira e história da matemática e fez estágio em investigação lógica e docência. “Gostaria de ter conseguido mais aprovações”, confessa.

Durante um ano, Sivanilde residiu em Cádiz, sul da Espanha, mas fez as disciplinas na Faculdade de Ciências, no câmpus de Porto Real, a 30 minutos, de ônibus. “Uma cidade muito antiga, pequena, com museus maravilhosos, uma catedral incrível e um parque natural”, lembra a estudante, natural de Pinheiro, no Maranhão. “A educação de lá é muito avançada; gostei da experiência.”

Carlos Henrique, 19 anos, fez o intercâmbio também na Universidade de Cádiz. Ao observar que as disciplinas do currículo não tinham correspondência com as da licenciatura em matemática do instituto do Piauí, fez matrícula em duas outras matérias. Segundo ele, topologia, uma das disciplinas escolhidas, é oferecida apenas nos bacharelados brasileiros; análise com várias variáveis, no mestrado.

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De volta ao instituto, apesar de não ter alcançado aprovação nas disciplinas em Cádiz, o estudante admite que o período de um ano na Espanha foi de aprendizado. Ele pretende continuar os estudos de licenciatura em matemática. “Vivi num sistema de ensino diferente, encontrei colegas de várias nações, construí amizades e consegui interagir fortemente”, diz.

Carlos Henrique conseguiu vencer barreiras da língua, uma vez que seguiu para o intercâmbio com apenas um curso de espanhol on-line. “No Brasil, aprendi um pouco sobre perguntas e respostas simples. Lá, improvisei, ‘colei’ nos colegas”, afirma o estudante, que nasceu em Batalha, norte do Piauí. “A residência no câmpus Porto Real ajudou nesse aprendizado.”

Proficiência — Áurea Regina do Nascimento Santos, coordenadora dos programas Ciência sem Fronteiras e Inglês sem Fronteiras no Instituto Federal do Piauí, confirma que o primeiro grupo de estudantes enviados à Espanha e a Portugal, em 2012, enfrentou dificuldades com a língua espanhola e, no caso dos alunos da graduação em matemática, também com o currículo. Ela observa que o problema do currículo não ocorreu com os estudantes de engenharias porque eles estavam em semestres mais adiantados e fizeram disciplinas específicas de engenharia mecânica.

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No início do programa, segundo Áurea, não era exigida a proficiência no idioma do país de destino. Além disso, as universidades que recebiam os estudantes não ofereciam curso preparatório.

Hoje, segundo a coordenadora, a proficiência na língua é exigência para concorrer ao Ciência sem Fronteiras, e as instituições que recebem os estudantes também fazem o reforço no idioma. Além dessas mudanças, Áurea explica que a matrícula dos bolsistas é feita pela coordenação brasileira com a do programa em cada instituição. Isso facilita o aproveitamento do aluno.

Na avaliação de Áurea, a experiência é positiva e melhora a cada ano porque o intercâmbio se aperfeiçoa e amplia. Em 2012, o instituto do Piauí enviou oito alunos ao exterior. Este ano, foram 25. Para 2014, estão pré-selecionados 48. O destino é diversificado. Os estudantes seguiram este ano para universidades da Itália, Canadá, Estados Unidos e Austrália. Em 2014, quatro estudantes da engenharia mecânica do câmpus Teresina Central escolheram universidades da China — já estão estudando o mandarim. Quem for para a China, segundo Áurea, terá um ano de estudos de mandarim e mais um nas disciplinas específicas do curso.