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Cinzas de bagaço de cana nos tijolos aumentam resistência

Por Horizonte geográfico 21/02/2014 09h09
Foto: Divulgação
A pesquisa que combina o uso de solo com 4 a 6% da massa total formada por cinza de bagaço de cana-de-açúcar na confecção de ‘tijolos solo-cimento’ é uma iniciativa que está ganhando reconhecimento no Brasil e internacionalmente, por ter um custo mais acessível, conferir mais resistência ao produto, comprovada por meio de testes, e estar reduzindo os impactos ambientais. O projeto é desenvolvido pela equipe formada pelas estudantes Samantha Ferreira de Mendonça, 19 anos, e Taísa Tenório, 20, do Curso de Edificações do Instituto Federal de Alagoas (IFAL) sob a orientação da tecnóloga em construções e Doutora em Ciência e Engenharia de Materiais, Sheyla Marques. A instituição fica localizada na cidade de Palmeiras dos Índios, a 130 quilômetros de Maceió.

Segundo Sheyla, o trabalho é resultado de três anos de pesquisa, e o intuito principal hoje é poder capacitar famílias da comunidade quilombola de Palmeiras dos Índios na produção dos tijolos. “Conseguimos receber a doação de uma prensa que poderemos levar para lá até o mês de abril. O objetivo é auxiliar cerca de 150 famílias que vivem em moradias feitas de lona e palha”, disse ela à Horizonte.

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Durante a pesquisa, a equipe da IFAL descobriu que para atingir o equilíbrio na composição do produto, é necessário que o solo tenha 75% de areia e 25% de argila, além de até 6% da massa total com cinza de bagaço da cana-de-açúcar. “Essa cinza substitui parcialmente o cimento na composição do tijolo e verificamos que com sua presença a resistência do tijolo chega a ser três vezes maior do que o convencional”, explica. Isso ocorre porque tem em sua composição a sílica, que é também um componente do cimento, responsável pela liga do material e do endurecimento.

Para Samantha Ferreira de Mendonça, o que a motivou a participar do projeto foi reconhecer a necessidade das comunidades carentes da região onde vive. “As pessoas têm dificuldade de achar casas populares com valores acessíveis e ao mesmo tempo tem abundância em cinza no Estado. A nossa ideia também era de usar tecnologias que emitissem menos gases de efeito estufa”, afirma. Sua colega Taísa, como vive em zona rural, também trouxe para o campo de pesquisa essa experiência do dia a dia.



O trabalho já recebeu algumas premiações, entre elas, a medalha de bronze, na categoria Projeto de Engenharia Civil, do Genius Olympiad, nos EUA, e foi destaque do Encontro Juvenil de Ciências, em Portugal.