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MPE investiga patrocínio de R$ 300 mil da prefeitura de Roteiro para evento naútico

Por Assessoria 10/03/2014 16h04
O Ministério Público Estadual de Alagoas instaurou, nesta segunda-feira (10), inquérito civil público para investigar, mais detalhadamente, a doação de R$ 300 mil, em forma de patrocínio, feita pela Prefeitura de Roteiro à 5ª edição do Lopana Phoenix Fest, evento náutico que já virou tradição em Alagoas.

Desde janeiro, mês em que foi realizada a festa, o MPE/AL começou, através de uma apuração preliminar, a buscar informações a respeito do patrocínio, haja vista que aquele Município é subdesenvolvido e possui supostas deficiências nas áreas de Educação e Saúde, por exemplo.

A portaria com a instauração do inquérito civil será publicada no Diário Oficial desta terça-feira (11). Ela está assinada pela promotora de São Miguel dos Campos Rita de Cássia Aguirre Stecconi Silva e pelos promotores de Justiça José Carlos Castro e Napoleão Amaral Franco, coordenadores, respectivamente, do 1° e 2º Núcleos de Defesa do Patrimônio Público.

A apuração inicial foi convertida em inquérito porque o Ministério Público não ficou satisfeito com as explicações dadas pela Prefeitura de Roteiro. Até então, o Município havia apenas enviado cópia do contrato assinado com o Lopana, material que não convenceu os promotores de Justiça.

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“Nós solicitamos a cópia integral do processo, desde o primeiro pedido de apoio feito pelo Lopana até o pagamento do valor de R$ 300 mil, caso ele já tenha sido efetuado. Queremos saber como se deu todo o trâmite desse patrocínio”, informou José Carlos Castro.

“A administração pública é regida por vários princípios, dentre eles, o da moralidade. Então, além de verificarmos se o processo seguiu o regramento jurídico previsto em lei, obedecendo, assim, o princípio da legalidade, temos que analisar se a doação não pode ser configurada como imoral. Roteiro é uma cidade carente de serviços essenciais, como Saúde e Educação”, explicou Napoleão Amaral Franco.

A promotora Rita de Cássia Aguirre Stecconi Silva, que iniciou a investigação, já havia chamado a atenção para a realidade pobre de Roteiro. Inclusive, questionou a doação de R$ 300 mil para uma festa privada, em detrimento, por exemplo, a construção de uma estrada principal para se ter acesso à entrada do município, haja vista que o acesso à cidade ainda se dá por pista de barro.

Depoimentos

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De acordo José Carlos Castro, além dos ofícios enviados ao prefeito Wladimir Chaves de Brito, também foram cobradas explicações ao empresário dono do Lopana. “Solicitamos ao Lopana a prestação de contas da festa, já que, por lei, ele tem obrigação de comprovar com quais despesas foram gastos os recursos públicos. Tanto o Município, quanto à empresa, terão 15 dias para apresentar a documentação”, detalhou.

Após a análise dos documentos, representantes da Prefeitura e do Lopana serão convocados para prestar novos esclarecimentos ao Ministério Público Estadual. O resultado da apuração pode ser o oferecimento de uma ação civil por ato de improbidade administrativa contra o Prefeito de Roteiro. E, na sequência, se assim houver provas, a propositura de uma ação penal contra o mesmo acusado.

O início das investigações

O extrato de contrato de patrocínio pela Prefeitura de Roteiro foi publicado na edição do dia 10 de janeiro do Diário Oficial do Estado. Constava nele que o contrato com o Lopana foi firmado sob dispensa de licitação, com base no artigo 24 da Lei Federal nº 8.666/93.

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E é esse mesmo dispositivo que especifica o que está sujeito à dispensa, a exemplo de 'casos de guerra ou grave perturbação da ordem; casos de emergência ou de calamidade pública; contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água; quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional; contratação de instituição nacional sem fins lucrativos, incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, científico ou tecnológico.