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Jovens negam rótulo de despolitizados e dizem que forma de participação mudou

Por Agência Brasil 12/08/2014 11h11
Foto: Agência Brasil
Segundo o tribunal, a queda é parcialmente atribuída a uma mudança na metodologia de contagem. Em 2014, foi computada a idade que os jovens terão em outubro. Em anos anteriores, o número era consolidado levando-se em conta as informações até 30 de junho.

O TSE também associa a redução do eleitorado jovem à tendência de queda dessa faixa da população de maneira geral. Segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de jovens de 16 e 17 anos tem diminuído desde o pleito federal de 2002.

De acordo com Luciano Gonçalves, pesquisador do IBGE, o fenômeno tende a se aprofundar à medida que os nascidos depois dos anos 2000 atinjam idade para exercer o voto. “A taxa de fecundidade vem caindo no Brasil. Em 1990, era 3,1 filhos por mulher. Em 2000, era 2,39. Em 2010, chegou a 1,87, abaixo do índice de reposição da população, que é 2,1 filhos por mulher”, destaca.frequentemente criticadas por manterem distância da participação política. Mas, às vésperas de mais uma eleição para escolher presidente, governadores, deputados e senadores, jovens ouvidos pela Agência Brasil contestam o rótulo de despolitizados. Eles definem sua relação com as questões públicas como um envolvimento que se afastou das vias tradicionais. Na visão deles, há uma desilusão com partidos e estruturas formais de poder, mas a juventude não está desengajada.

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A estudante Marina Serra dos Santos, 17 anos, diz que o ativismo desvinculado de partidos políticos é válido. A jovem, que na internet utiliza o pseudônimo Marina Saint-Hills, marca presença nas redes sociais e mantém um blog onde compartilha conteúdos sobre sua visão de mundo e suas experiências. Marina é favorável a pequenas mudanças de atitude no cotidiano e destaca as ações apartidárias como uma tendência mundial.

“Na minha opinião, muitas pessoas não encontram representação [entre os partidos]. A juventude acordou, quer mudanças, mas não sabe identificar o que quer que mude. A política vai muito além do que está acontecendo na Esplanada [dos Ministérios]. Tem a corrupção em pequena escala, o 'jeitinho' brasileiro. [O apartidarismo] não é só característico das manifestações no Brasil. O Occupy [movimento Occupy Wall Street, iniciado nos Estados Unidos, contrário às distorções sociais, ganância e corrupção] era assim. A gente viu em junho [durante as manifestações] que não era só política [tradicional]. Tinha movimento LGBT [lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros e transexuais] e muitos outros”, comenta.



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O estudante João Felipe Amaral Bobroff, 17 anos, presidente do grêmio estudantil da escola em que estuda, também acredita que a participação política ultrapassa os partidos e o comparecimento às urnas. “A juventude é politizada, mas apartidária. Política não é só partido. Temos um sistema eleitoral que só dá espaço para quem entra com muito dinheiro. Não é doação, é financiamento [de campanha]”, critica. Para João Felipe, as manifestações de junho reuniram "pessoas defendendo ideais”. “É isso que está faltando, e também viver esses ideais no dia a dia”, defende.

A estudante Isabela Albuquerque, 16 anos, acredita que há um fosso entre as gerações atuais e os partidos políticos brasileiros, muitos dos quais perderam suas características originais. Entre elas, por exemplo, a polarização para esquerda ou direita do espectro político. “A gente não viu esses partidos nascerem e hoje são tantos que a gente tem dificuldade de saber de que lado eles estão. Muitos da nossa geração acreditam pouco justamente por causa disso, do número de partidos, das alianças feitas”, avalia.

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Apesar do desencanto com a política institucional e de o voto ser facultativo para eles, Marina, João Felipe e Isabela não abrirão mão de participar dessas eleições. “Quero ter voz, me manifestar”, diz Marina, que é contra a obrigatoriedade do voto. “A pessoa é obrigada a votar sem estar preparada”, acredita. Segundo João Felipe, o título de eleitor foi seu presente de aniversário. “Sempre falei para minha mãe que queria. Falar contra o governo, se você não faz a diferença nas urnas, não faz sentido”, comenta. Isabela também fez questão de garantir o documento. “Sempre me interessei por política e vinha prestando atenção, pesquisando os políticos em quem poderia votar”, conta.

Na visão do cientista político Antônio Flávio Testa, da Universidade de Brasília (UnB), a dinâmica do envolvimento de jovens como Marina, Isabela e João Felipe com as causas públicas é um fenômeno recente, que precisa ser acompanhado. "[Nos movimentos de junho] a maioria [dos manifestantes] era jovem, mas desvinculada de interesses partidários. O jovem [dos dias atuais] é muito crítico, mas não está se envolvendo partidariamente. [Esse movimento] Precisa ser mais bem analisado", avalia Testa.

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Para ele, os jovens ainda precisam encontrar um foco. "[A atitude deles] não é propositiva, é só critica. Querem mudança, mas não sabem como buscar, pois não querem usar a estrutura partidária. Mas, a não ser que haja uma reforma estrutural no sistema político, não há outra forma [de implementar mudanças] a não ser estar vinculado aos partidos", pondera.

Segundo dados divulgados no fim de julho pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 1,638 milhão de eleitores tem 16 e 17 anos, o equivalente a 23,8% da população nessa faixa etária. A proporção é a menor dos três últimos pleitos federais. Em 2002, esse percentual alcançava 28,7%. Nas eleições de 2006, foi 36,9%. No pleito de 2010, ficou em 34,8%.




Segundo o tribunal, a queda é parcialmente atribuída a uma mudança na metodologia de contagem. Em 2014, foi computada a idade que os jovens terão em outubro. Em anos anteriores, o número era consolidado levando-se em conta as informações até 30 de junho.

O TSE também associa a redução do eleitorado jovem à tendência de queda dessa faixa da população de maneira geral. Segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de jovens de 16 e 17 anos tem diminuído desde o pleito federal de 2002.

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De acordo com Luciano Gonçalves, pesquisador do IBGE, o fenômeno tende a se aprofundar à medida que os nascidos depois dos anos 2000 atinjam idade para exercer o voto. “A taxa de fecundidade vem caindo no Brasil. Em 1990, era 3,1 filhos por mulher. Em 2000, era 2,39. Em 2010, chegou a 1,87, abaixo do índice de reposição da população, que é 2,1 filhos por mulher”, destaca.