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Meninos levados para RJ voltam para Alagoas

Por Redação com G1 Alagoas com Redação com G1 Alagoas 02/10/2014 08h08
Luiz Francisco reencontra o filho de 13 anos que estava no Rio de Janeiro - Foto: Micaelle Morais/G1
Os adolescentes que foram levados há quase dois meses por um suspoto empresário de futebol para fazer teste em clubes de futebol do estado do Rio de Janeiro (RJ), e que, segundo a Secretaria de Assistência Social carioca, viviam em condições subumanas em uma chacará no município de Guapimirim, chegaram na noite desta quinta-feira (01) em Maceió.

Acompanhados por representantes da Casa de Direito do Rio de Janeiro, os adolescentes provenientes de 11 municípios alagoanos desembarcaram no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, onde foram recebidos pelo secretário de Promoção da Paz de Alagoas (Sepaz), Adalberon Sá Júnior, e alguns familiares. Do aeroporto o grupo seguiu para Casa de Direito, no bairro do Jacintinho, onde foi recebido por assistentes sociais e psicólogos.

"Estamos aqui para receber esses meninos e dar apoio aos familiares, que serão orientados para evitar que casos como este voltem a ocorrer. Quanto às investigações e desdobramentos diante da cooptação deste meninos, o caso ficará a cargo da Promotoria da Infância e da Juventude do Ministério Público (MP) de Alagoas, que já recebeu informações do MP do Rio de Janeiro", falou o secretário da Sepaz, Adalberon Sá Júnior.


   Adolescentes chegam a Casa de Direitos em vans para encontrar familiares 
(Foto: Micaelle Morais/G1)
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Ansioso com o retorno do fillho de 13 anos que viajou no dia 9 de agosto para o Rio de Janeiro, Luiz Francisco da Silva, da cidade de Pilar, disse que não desconfiou de nada porque o empresário identificado como Alan Nunes da Silva, que é candidato a deputado estadual em Alagoas pelo PRTB, sempre pareceu confiável.

"Ele sempre dizia que os meninos fariam testes no Fluminense, Vasco e no Tigres do Rio. Eu até viajei para ver como era lá e estava tudo bem. Meu filho é só uma criança e só quer jogar futebol. Só nas últimas semanas ele pediu para voltar porque não estava treinando", falou ao relatar que a família de cada menino pagou em média R$ 600 pela viagem, sendo que R$ 300 foi levantado através de uma rifa.

Ao conhecer Alan Nunes, Luiz Francisco ainda ficou responsável em treinar outros meninos para viajar nos próximos meses. "Antes de tudo isso acontecer eu estava treinando 40 meninos a pedido do Alan. Ele disse que me pagaria R$ 500 por mês, e precisaria ainda de 5 meninos para jogar em clubes cariocas", completou Luiz.

Irregularidades

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Os meninos eram mantidos em uma casa de apenas dois quartos e um banheiro, com infraestrutura insuficiente. Após uma denúncia anônima, a Secretaria Estadual de Assistência Social soube do caso. O superintendente da Promoção dos Direitos Humanos, Miguel Mesquita, diz que encontrou várias irregularidades.

"Esses jovens dormiam em colchonetes no chão e sem cobertor, faziam apenas uma refeição por dia, não estavam acompanhados de um responsável legal e não estudavam'', diz o gestor que afirma ainda que no primeiro momento foi feito um trabalho para suprir essas necessidades.

Diante da situação, o Ministério Público Estadual (MP) do Rio de Janeiro abriu uma ação civil pública, onde o candidato a deputado foi denunciado. Foi identificado várias violações ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como a falta de acesso a saúde e educação, já que apenas cinco meninos estavam matriculados na rede pública, falta de convivência familiar e alimentação insuficiente.

A reportagem tentou contato com o candidato Alan Nunes (PRTB), mas o assessor do partido em Alagoas informou que não tinha o telefone do candidato. Através das redes sociais, o candidato escreveu um extenso texto dizendo que ''não obteve nenhum ganho com a ida dos meninos para o Rio de Janeiro, e afirma que dos 38 garotos, 15 não pagaram nada''.

 
        Alan usou o facebook para explicar que não se aproveitou dos meninos (Foto: Reprodução/Facebook)


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Segundo relato dos jovens, eles teriam pago um valor de inscrição de R$ 300 para participar do projeto Gool de Placa, do candidato a deputado. Além de ter que vender 25 rifas, que equivaliam a um valor total de R$ 250, com o pretexto de custear as despesas de transportes da viagem.

Eles saíram de Alagoas no dia 9 de agosto, ficaram dez dias em Teresópolis e de lá foram encaminhados para uma chácara em Guapimirim, na baixada fluminense, onde viviam em condições indignas.

Em depoimento ao MP-RJ, Alan Nunes disse que já levou mais de 500 garotos para o Rio de Janeiro da mesma forma. Mas segundo o Ministério Público, os clubes sequer conhecem o candidato. O MP abriu uma ação civil pública e fez com que o estado do Rio de Janeiro desse assistência aos garotos.

De acordo com a assessoria de comunicação do MP, as vítimas embarcaram às 15h30 no Rio de Janeiro, acompanhados por servidores da Secretaria Estadual de Direitos Humanos, onde seguem para Brasília e de lá fazem conexão com destino a Maceió, onde devem chegar por volta das 20h.

 
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