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Internautas pedem 'psiu' a 'gordofobia' após ataque de PM contra misses

Por Redação com G1 18/11/2014 15h03
Foto: Reprodução/Facebook
Inconformado com a atitude de um policial militar do Distrito Federal que usou sua página pessoal em uma rede social para disparar agressões e xingamentos contra as quatro misses que tiraram fotos de lingerie em frente ao Congresso Nacional na semana passada, um grupo de internautas aderiu a uma campanha online contra a gordofobia. Na manifestação virtual, mulheres, homens e até crianças publicam “selfies” com o dedo indicador nos lábios, pedindo silêncio para o preconceito. O gesto é o mesmo que as modelos fizeram quando foram fotografadas em Brasília.



Os internautas tomaram a medida depois que o policial militar publicou textos chamando as misses de "saco de toucinho", "quarteto bacon", "leitoas" e "criaturas bizarras". A publicação do PM foi apagada pouco depois, mas centenas de usuários copiaram a imagem e divulgaram mensagens de repúdio pela própria rede.

As primeiras imagens pedindo silêncio contra o preconceito foram postadas na semana passada. Segundo a miss Plus Size de Rio Preto e Região, em São Paulo, Evelise Nascimento, a campanha partiu da vontade de diversas pessoas, entre amigos, familiares e até de desconhecidos, de demonstrar repúdio às palavras do policial e de pessoas preconceituosas. Ela afirma que ficou chocada e chegou a chorar quando leu a publicação do homem.

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“Já sofri todo tipo de preconceito, mas as palavras que ele usou foram muito fortes, principalmente quando compara a gente a um saco de toucinho ou quando diz que mulheres gordas são anomalias”, diz. “Fiquei muito impressionada pelo modo como ele escreve. Se percebe que ele não é uma pessoa ignorante, sem cultura. Fiquei chocada em ver até onde vai o preconceito de uma pessoa.”




Uma das primeiras a postar o autorretrato fazendo o símbolo de “psiu”, a juíza arbitral Ana Paula Damasceno, diz que desafiou dezenas de amigos a fazerem o mesmo. Segundo ela, mais de 4 mil pessoas haviam participado do ato até as 10h desta terça.

Ana Paula afirma que se entristece ao ser xingada pelos 40 kg adquiridos por conta de uma doença rara. “Li na matéria que o policial militar que fez os ataques tem uma doença degenerativa, muscular. Eu também tenho, mas nem por isso saio atirando calúnias ou difamando pessoas.”

“O gordo não é gordo porque só come. Eu tomo corticóide e imunossupressores todos os dias, não posso fazer atividade física por conta da doença. A gente sempre tem que ter o cuidado antes de falar para não generalizar.”



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Participante do grupo BSB Plus Size, que faz ações voltadas ao público "gordinho" na capital, a administradora Viviane Ferreira diz que recebe com frequência agressões de pessoas desconhecidas pela internet.

“Temos ouvido muito preconceito, muita discriminação, pelo simples fato de sermos gordas. São ofensas, calúnias, difamações, humilhações. Hoje acordei com uma mensagem às 5h da manhã de uma pessoa que eu nem conheço dizendo que eu não era tão linda quanto eu pregava, que eu deveria fechar minha boca e emagrecer porque só é gordo quem quer”, diz.

“Ninguém critica as mulheres peladas que correm peladas no sul [em Porto Alegre], porque elas são magras. Aliás, pelo contrário, as pessoas elogiam. Então eu realmente gostaria de entender o que leva as pessoas a terem ódio de quem elas nem conhecem, de quem nem se importam, simplesmente porque são gordas. Qual o motivo?”

Polícia vai apurar
Nesta segunda-feira, a Polícia Militar afirmou ser contra qualquer manifestação preconceituosa e que apoia diversas iniciativas de combate ao preconceito. "A Corregedoria da PMDF apura se o perfil é realmente de um policial militar. Caso seja provado que a autoria é de um integrante da corporação, o fato será apurado de acordo com a lei", diz trecho.

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O ato das misses foi realizado em protesto contra a gordofobia, depois que duas delas ouviram do recepcionista de um hotel da capital que não caberiam juntas em uma cama de casal, no início da semana passada.