Luiz Fernando Guimarães revela insatisfação após 30 anos na Globo
Após se desligar da Globo, Guimarães passou um tempo pensando em projetos de teatro e curtindo a vida. Estava decidido a procurar o Multishow quando uma produtora entrou em contato para propor um projeto.
"Aí, eu virei e propus dois. Estava pronto para essa explosão. Eu queria fazer outra peça no Multishow, Como Vencer na Vida Sem Esforço. Mas eu estava com essa outra montagem na mão quando fui almoçar com os diretores do canal. A montagem se chama Impecável, vai estrear em setembro nos palcos, mas na TV ganhou esse nome, Acredita na Peruca", comenta o ator.
Guimarães reconhece que fez programas bons, de sucesso, na Globo. Mas afirma que depois de 30 anos na emissora era hora de parar. "O contrato acabou e eu quis fazer outra coisa da minha vida que não tem a ver com trabalho, que é viver. Poder ficar ao deus-dará. Isso é um mérito porque eu tenho cabeça de bancário, tenho sempre dinheiro guardado. E foi o que eu fiz", diz.
O ator não sabe explicar o motivo do fiasco do Divertics. "Eu podia escolher minhas cenas, tinha um elenco bom, mas acho que não tem explicação [porque não deu certo]. O horário também era ingrato, pegou as férias do Esquenta. Talvez isso tenha me cansado. Eu queria ligar a TV e me ver fora da Globo porque lá você fica dois anos fora do ar e todo mundo acha que te viu ontem", declara.
Mulher com voz de homem e sem peitos
Em Acredita na Peruca, Luiz Fernando Guimarães vive uma mulher: Eleonora. Ela é uma ex-socialite, faz a linha ex-rica decadente, que fala absurdos de pobres e de quem mora na periferia. A personagem vira dona de um salão de beleza em Copacabana (zona sul do Rio de Janeiro), com vizinhos e funcionários muito malucos à sua volta.
"Às vezes, sou feminina; às vezes, sou normal. Ela é uma mulher real, ela existe. Tenho bases e mulheres reais que usei para construir a Eleonora. Pessoas que são metidas, que agem como a Eleonora age. Tudo gira em torno dela. Tive a preocupação de fazer outros personagens masculinos em alguns episódios, pois sei lá o que poderia acontecer com a minha carreira", conta ele, às gargalhadas.
Eleonora é um tipo marcante, como as antagonistas de novela que têm muito dinheiro. Seu humor é ácido. "No humor, você não é aquele personagem. Você pode falar coisas horríveis e as pessoas filtram. Sabem que não é o ator que é assim. No drama, as pessoas confundem mais o personagem com o ator e acontece até de te baterem na rua."
Fernanda Nobre, Eucir de Souza, Beto Carramanhos, João Gabriel Vasconcellos, Luiz Fernando Guimarães, Miá Mello,
Gottsha e Claudia Missura posam no cenário da atração
A atração segue os moldes da sitcom, com um único cenário e plateia. Guimarães confidencia que não queria um programa assim. No entanto, o Multishow está investindo nesse formato. No final, ele acredita que deu muito certo. "A plateia sempre dá estímulo. Ri na hora errada, ou não ri de uma coisa que eu acho muito engraçada. Às vezes, não ri porque é uma coisa muito inteligente. É o ao vivo, é imprevisível. Isso acaba sendo muito engraçado."
O elenco conta com Miá Mello, Gottsha, Fernanda Nobre, Claudia Missura, João Gabriel Vasconcellos, Beto Carramanhos e Eucir de Souza. O programa será exibido de segunda a sexta-feira, às 22h30. É uma produção da Guiza para o Multishow, com direção geral e texto de Charles Möeller.