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Sistema é produzido para identificar origem de mortes infantis em Alagoas

Por Ascom/ Ufal 01/09/2015 14h02
oão Paulo buscou verificar as possíveis relações entre os óbitos de crianças por desnutrição e a aus - Foto: Ascom/ Ufal
Um dos trabalhos premiados com a excelência acadêmica pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), no último ano, tinha uma meta louvável: conseguir integrar dados do Hospital Universitário (HU) com os dos beneficiários do Bolsa Família, a fim de identificar a razão da morte de pessoas entre as causas evitáveis por intervenções do governo. O professor Fábio Coutinho e o estudante do Instituto de Computação, João Paulo Clarindo, aproveitaram o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti) para verificar as possíveis relações entre os óbitos de crianças por desnutrição e a ausência do programa de transferência de renda em suas famílias.

Eles utilizaram os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), que incluem detalhes dos óbitos de pacientes de municípios de Alagoas, e os de beneficiários do Bolsa Família, para desenvolver um Sistema de Integração de Dados Governamentais (Igov). A partir dele puderam analisar a causa das mortes por desnutrição no Estado de Alagoas.

Entre os resultados, foi percebido que a maior parte das mortes entre crianças, ocasionadas por desnutrição, era justamente daquelas cujas famílias não estavam assistidas pelos programas governamentais. As análises dos dados foram feitas sobre os anos de 2011 e 2012, período em que foram encontrados 16 casos, em Alagoas, de crianças com a causa de óbito relacionada à desnutrição. “Desse total, o sistema verificou 13 óbitos de crianças cujos pais não eram beneficiários do Bolsa Família, durante o período mencionado. Esta condição foi identificada em Maceió, assim como também em Cacimbinhas, Cajueiro, Coruripe, Delmiro Gouveia, Maragogi, Novo Lino, Pindoba, São Luiz do Quitunde e Santana do Mundaú”, detalhou João Paulo.

Integração de dados

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A pesquisa foi feita com o auxílio da Secretaria da Saúde do Estado de Alagoas, do Grupo de Pesquisa em Sistemas Distribuídos (GSD) e do Laboratório de Telemedicina e Informática Médica (Latim), os dois últimos pertencentes à Ufal. Conforme os pesquisadores, a iniciativa é inédita porque, apesar de toda a política para diminuição da pobreza, o governo federal ainda tem dificuldades para identificar quais são as conexões entre as mortes provenientes da miséria e as pessoas assistidas pelos programas federais.

João Paulo salienta que o Portal da Transparência, onde são disponibilizados todos os gastos governamentais, não é utilizado em todo o seu potencial, já que parte dos dados não é cruzada, o que dificulta a compreensão da eficácia com que o dinheiro público é utilizado.

“Infelizmente a cultura de dados abertos ainda é nova no Brasil, o que dificulta a obtenção de dados mais detalhados facilmente. O acesso apenas a uma fatia dos dados mostrou-se insuficiente para os objetivos de nosso projeto, porém estamos em busca dos dados do Cadastro Único para promover resultados com maior qualidade”, frisou João Paulo.

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O estudante ainda cita que as próprias análises da Controladoria Geral da União (CGU) apontam para a falta de acompanhamento dos beneficiários do Bolsa Família. “Um exemplo disso, é a informação do relatório da CGU, em 2012, onde mostrou que apenas 38,9% das Instâncias de Controle Social (ICS) realizavam visitas às escolas e aos postos de saúde para acompanhamento das condicionalidades”, citou na proposta de pesquisa.

O sistema IGOV foi desenvolvido utilizando o software Pentaho Data Integration, que disponibiliza um ambiente Extract, Transform and Load (ETL), parte do pacote de programas de código aberto denominado Pentaho Business Analytics. Para dar continuidade ao projeto, os pesquisadores agora estão aguardando a disponibilização de novas bases de dados por parte do governo federal para evoluir o sistema e gerar novos resultados.