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Casos de microcefalia podem ser resultado de uma coinfecção

Por Diário de Pernambuco 02/12/2015 18h06
Foto: Rafael Medeiros/DP
Ainda não é possível afirmar que todos os casos de microcefalia podem ser atribuídos à Zika. É o que afirma a professora titular de doenças infecciosas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Vera Magalhães. A especialista ressalta a possibilidade de um mesmo mosquito Aedes aedypti transmitir mais de um vírus ao mesmo tempo, fato este que pode estar associado à microcefalia. "A Zika é uma virose muito antiga, identificada desde 1947 em macacos e na década de 50 como infecção humana, restrita à África e Ásia. Em 2007 houve a epidemia na África e Ásia. Em 2013 houve um surto muito grande na Polinésia Francesa. Alguns estudos daquela época estão saindo agora e relatam casos de alterações neurológicas, mas não vi descrição de microcefalia. Ainda não temos todas as conclusões, mas não podemos descartar a coinfecção (que é quando o organismo é afetado por mais de um vírus ou por um vírus e uma bactéria)", alerta.

Em 30 dias, os laboratórios particulares de Pernambuco devem começar a oferecer os exames laboratoriais para atestar a infecção pelo Zika. Desde o meio do ano, já estão disponíveis os testes para detecção da Chikungunya, enquanto os exames para a dengue são realizados na rede privada há anos. Os testes são disponibilizados pela rede pública para comprovar casos de suspeita, mas têm sido procurados pelos pacientes tanto para acelerar o processo, quanto para garantir a realização do exame sem a indicação devida como, por exemplo, para saber se a pessoa possui anticorpos contra os referidos vírus. Muitas mulheres grávidas têm manifestado interesse em realizar os testes para saber se estão "livres" do vírus, mas a infectologista Vera Magalhães esclarece que não é possível assegurar por quanto tempo essa imunidade perdura.

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Segundo a professora, como também acontece nos exames laboratoriais para dengue e Chikungunya, são dois os tipos de testes para identificar a infecção por Zika. O exame PCR (Polymerase Chain Reaction), trazido para o português como Reação em Cadeia da Polimerase, pode ser realizado entre o 1º e o 7º dia da manifestação dos sintomas e pode constatar a presença do vírus no paciente. "É um exame mais avançado, também chamado de diagnóstico molecular que substitui, de certa forma, a cultura do vírus, mais complicada, e só é realizada pelo laboratório de pesquisa. Esta é realizada tanto pelos laboratórios públicos quanto privados como técnica preferencial de diagnóstico de vários aspetos infecciosos e que deve ser feito na fase de viremia, quando o vírus ainda está circulando na corrente sanguínea o que, geralmente, acontece nos primeiros sete dias", explica a especialista.

Já o exame sorológico detecta a presença do anticorpo e pode comprovar que o paciente já teve contato e desenvolveu imunidade. "Na segunda semana de infecção, usam-se métodos sorológicos. A identificação de anticorpos da classe IGM indica infecção aguda até, geralmente, 90 dias, enquanto a IGG surge desde a fase aguda e pode permanecer por um longo período, podendo ser por toda a vida", esclarece Vera Magalhães.

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Nos laboratórios particulares, os testes para a dengue podem ser feitos por meio dos planos de saúde. Já os para Chikungunya e Zika, não. Para Chikungunya, o exame sorológico IGM custa cerca de R$ 150, enquanto o PCR, em torno de R$ 375. Valores parecidos são esperados para os testes de Zika. “Como o Zika era um vírus considerado de pouca importância, não houve a comercialização maciça. A partir de agora vai ser viável. É um teste caro porque não é produzido em ampla escala", ressalta a professora.