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Estado tem cinco dias para regularizar o ensino dos jovens alagoanos

Por Assessoria 17/12/2015 16h04
Foto: Divulgação
Ano Letivo 2016 das escolas públicas alagoanas deve contar com a presença de mais 1.700 professores dentro das salas de aulas, conforme determinou, ontem, o juiz de direito Ney Costa Alcântara de Oliveira, após acolher os argumentos e pedido feito pela Defensoria Pública de Alagoas, através do coordenador do Núcleo de Direitos Difusos e Coletivos, defensor Ricardo Melro. De acordo com o magistrado, o Estado tem cinco dias para nomear os candidatos aprovados para o cargo de professor no concurso público realizado em 2013, sob pena de multa diária no valor de R$ 1 mil, por descumprimento.

Disse, o defensor público, que o atual governo tem todo interesse em melhorar o ensino, e a decisão vem exatamente para ajudá-lo a acabar com a precarização do ensino que há décadas traz prejuízos irreversíveis aos jovens e à sociedade. “Agora o governo pode contratar professores de verdade, ficando afastado qualquer óbice da lei de responsabilidade fiscal”, pontua o defensor.

“Em 2014, o Estado de Alagoas figurou, pela segunda vez consecutiva, no último lugar do ranking nacional das redes de ensino estadual (Ideb). Em 2013, o Fundo das Nações Unidas para a Infância constatou que Alagoas tem os maiores índices de evasão escolar no Brasil. E todos sabem que o jovem fora da escola é forte candidato a ingressar no mundo do crime, ‘coincidentemente’, temos os maiores índices de criminalidade entre adolescente do país consoante apontou a quinta edição do Índice de Homicídio na Adolescência (IHA), divulgado no dia 28 de janeiro de 2015 ”, disse a Defensoria Pública, ressaltando que dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio (Pnad), tanto 2013, como 2014, demonstram que Alagoas tem os maiores índices de analfabetismo do Brasil.

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Segundo a Defensoria Pública, não dá para pensar no mínimo padrão de qualidade do ensino sem falar no professor de verdade. “Mas, em Alagoas, temos que falar na falta dele e no jeitinho danoso encontrado par atalhar o problema, a saber: utilização reiterada da velha gambiarra da contratação temporária dos denominados ‘monitores’, fato que, ao invés de resolver, apenas agrava a crise em prejuízo do aluno e da sociedade”, ressaltou.

O defensor citou pesquisa realizada na rede estadual de São Paulo no Saresp de 2008 e na Prova Brasil de 2007 que concluiu que o desempenho dos alunos estava atrelado à estabilidade do corpo docente da instituição. Quanto maior era a porcentagem de professores com vínculo empregatício estável na escola, melhor era o desempenho dos alunos.

"Nota-se que, em 43% das melhores escolas na Prova Brasil [2007], mais de 76% de seus professores possuem vínculo empregatício estável. Esta proporção diminui para 21% das escolas com pior desempenho escolar", diz o estudo.

Diversas reportagens foram citadas na ação civil pública, mostrando que “no Estado de Alagoas há o reconhecimento das autoridades acerca de que a má prática de contratar temporários é uma das grandes vilãs que comprometem o aprendizado dos nossos jovens”.

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“A Secretaria de Estado da Educação, no último mês de setembro, lançou novo edital para selecionar monitores, demonstrando, assim, que os alunos precisam de professores. Mas, ocorre que o concurso para cargos efetivos foi realizado e tem uma lauta reserva técnica composta por 1.851 aprovados esperando convocação”, disse.

Em resposta à Defensoria Pública, a Secretaria de Estado da Educação informou, através de ofício, que atualmente existem 1.723 vagas para professor e 3.539 monitores exercendo atividade.

“Todo o problema passa pela institucionalização do precário, que leva à evasão escolar e, conseqüentemente, à violência. Tudo depende de um padrão, mínimo que seja, de qualidade na educação. Por isso a nossa intenção é chamar professores que tenham vínculo efetivo para se dedicarem às escolas e aos alunos, para tirar Alagoas destes índices vergonhosos que há décadas vem se consolidando. Porque devemos cuidar dos nossos jovens, para que tenham um futuro mais seguro, com uma inclusão melhor e oportunidades de emprego melhor, além de uma formação humana mais digna”, pontuou.

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Foi ressaltada na ação, que uma das grandes causas da desmotivação dos alunos, levando a abandonarem as escolas, é a falta de professores. “En passant, vale registrar que pesquisa divulgada pela Agência USP de Notícias mostra que quanto maior o índice de abandono escolar, maior é o índice de criminalidade entre os jovens. Noutras palavras: mais escolaridade, menos homicídios. Na quinta edição do Índice de Homicídio na Adolescência (IHA), divulgado no dia 28 de janeiro de 2015, Alagoas figurou mais uma vez como o Estado com maior índice de assassinatos de adolescentes no Brasil e, paralelamente, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) constatou que Alagoas tem os maiores índices de evasão escolar do Brasil. Isso não é coincidência”, disse a Defensoria na ação.

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