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Fenômeno El Niño vai ajudar a espalhar o zika, diz OMS

Por Redação com G1 28/01/2016 18h06
Países afetados pelo zika - Foto: Divulgação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quinta-feira (28) a criação de um Comitê de Emergência para orientar sobre formas de lidar com o zika vírus, que já atinge 23 países. Para a diretora-geral da organização, a doença "se propaga de maneira explosiva". O número de casos, estima a organização, pode chegar a 4 milhões nas Américas.

"O vírus foi detectado ano passado na região das Américas, onde se propaga de maneira explosiva", afirmou Margaret Chan durante uma reunião para os Estados-membros da organização em Genebra, na Suíça, de acordo com a agência France Presse.

A instituição teme o registro de 3 a 4 milhões de casos da doença apenas nas Américas. Destes, 1,5 milhão deve ocorrer no Brasil.
"Atualmente, casos foram notificados em 23 países e territórios na região. O nível de alerta é extremamente alto", acrescentou. O comitê vai se encontrar em Genebra em 1º de fevereiro.

Segundo Marcos Espinal, diretor de Doenças Comunicáveis e Análise de Saúde da OMS, o nível de emergência é alto, e países não podem esperar para agir, pois a epidemia vai se espalhar para fora das Américas.

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"Devemos assumir que isso vai para todo lugar, não devemos esperar para agir", disse Espinal. "Precisamos ter controle de vetores agressivo nesses países, onde nem o mosquito nem a população haviam sido expostos a esse vírus antes e, por isso, têm baixa imunidade."

El Niño

Margaret Chan disse ainda que eventos climáticos alimentados pelo El Niño, que levam chuva e calor a áreas mais extensas, vão contribuir para espalhar a doença. A pedido dos países membros, a organização promove uma sessão informativa sobre o vírus.

Além do fator climático, Chan disse estar preocupada com o fato de que o vírus é originário de populações animais da África subsaariana, e populações de outros continentes provavelmente se mostrarão mais suscetíveis ao vírus.

A OMS também teme uma "associação provável da infecção com malformação congênita e síndromes neurológicas", mas também "pela falta de imunidade entre a população nas regiões infectadas" e a "falta de vacinas, tratamentos específicos e testes de diagnóstico rápidos", segundo a France Presse.

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Apesar de a presença do vírus ter grande correlação com casos de microcefalia no Brasil, Chan afirma que ainda não está totalmente comprovado que um afeta o outro. Para a síndrome de Gullain-Barré, colapso neurológico que pode ser causado pelo vírus, também faltam evidências.

"Ainda não foi estabelecida uma relação causal entre a infecção viral por zika e malformações no nascimento, além de síndromes neuroimunológicas", disse Chan. "Há uma forte suspeita, porém."

Evitar viagens

A França recomendou nesta quinta que as mulheres grávidas não viajem aos territórios franceses da Guiana e Antilhas, onde há a presença do zika vírus.

Segundo a ministra francesa da Saúde, Marisol Touraine, em alguns dias serão enviados reforços médicos para a ilha francesa da Martinica (Antilhas) para avaliar as necessidades dos hospitais e médicos.

Sintomas do zika

Não existe vacina ou tratamento para o zika, que é da mesma família da dengue e da febre chikungunya. Os sintomas do zika são: febre intermitente, erupções na pele, coceira, dor muscular e vermelhidão nos olhos. A evolução da doença costuma ser benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente em um período de 3 até 7 dias.

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O quadro de zika é muito menos agressivo que o da dengue. Cerca de 80 % das pessoas não exibem sintomas, o que torna difícil saberem se foram contaminadas. Não há vacina nem tratamento específico para a doença. Assim como na dengue, o uso de ácido acetilsalicílico (aspirina) deve ser evitado por causa do risco aumentado de hemorragias.