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Mãe tem gêmeos em que apenas um dos filhos nasceu com microcefalia
Lucas e Laura são gêmeos. Nasceram no dia 27 de novembro de 2015, em Santos, São Paulo. Mas a diferença entre eles não está apenas no sexo. O menino nasceu completamente saudável. Já a menina com microcefalia. Hoje, três meses após o nascimento dos gêmeos, a mãe dos bebês, Jaqueline Jéssica Silva de Oliveira, 24 anos, dona de casa, que vive no litoral paulista há sete anos, recebeu o R7 em sua casa e falou sobre sua rotina, dificuldades, tratamento da filha e o futuro.
Foi aos sete meses de gestação que a jovem recebeu a notícia de que um dos bebês não estava crescendo de forma adequada, lembra a pernambucana.
— Decidiram me internar e no outro dia eu refiz o exame. Então, a médica disse que a cabeça de um não tinha crescido, ou seja, que o abdômen não estava compatível com a cabeça. Então, saiu o diagnóstico da microcefalia. Me transfeririam para outro hospital e lá confirmaram de vez a má-formação. Como já estava no final da gravidez, eles marcaram meu parto e eu fiquei em casa esperando.
Após a notícia, Jaqueline contou que nem sabia o que era microcefalia.
— Perguntei para minha médica e ela me disse a criança sempre vai ter cabeça pequena. Que algumas andam, outras não, umas falam, outras não. Aquilo ficou confuso para mim, então, comecei a pesquisar na internet, vi várias fotos feias, eu falava “nossa, é assim”. Até pensei que andaria com a cabeça dela tampada, escondendo porque ela seria má-formada. Hoje, eu vejo que não era do jeito que eu vi na internet.
Depois que soube da notícia da saúde de Laura, ela ligou para o marido e explicou que a “cabeça da menina não iria crescer”.
— Ele falou: “Normal, a gente cuida, vai fazer o que”. Para ele, quando ela nasceu, ele não fez diferença. Tratou os dois por igual.
Esperança de tudo mudar
Até o nascimento dos bebês, a moradora de Santos afirma que tinha esperanças de a menina nascer saudável.
— Nunca aceitei quando os médicos disseram que ela tinha microcefalia. Sempre tinha esperança que quando ela nascesse algo poderia dar errado. Deu uma decepção porque quem não quer ver seus gêmeos crescendo por igual? Depois que ela nasceu, abracei a causa e estou lutando por ela.
Suspeita de zika na gravidez
Até hoje, Jaqueline não sabe o que provocou a microcefalia em sua filha e também por que o menino foi protegido. Ela conta que fez “muitos tipos de exame de infecção e todos deram negativo”. Recentemente, ela foi convidada para participar de um grupo de estudos da USP (Universidade de São Paulo) que irá pesquisar o motivo de apenas um dos bebês ter nascido com má-formação. Mas Jaqueline lembra que no terceiro mês de gestação ela sentiu “uma dor muito forte do lado esquerdo da cabeça, tipo enxaqueca”.
— Além de dores no corpo e uma coceira na região do braço e tronco. Primeiro, eu achei que fosse dengue, mas como os sintomas duraram apenas um dia, pensei que eu tinha tido uma alergia da roupa que usei e não passei no médico.
Diferenças entre os gêmeos
Mesmo sem fazer diferença entre os filhos quando o assunto é amor e cuidados, ela confessa que Laura exige precisa de atenção especial.
— O Lucas tem mais movimento, dá risada, faz sonsinho. A Laura não. Ela costuma ficar toda dura, rígida, fecha as mãos, começa a chorar, fica nervosa. Então, eu acalento, dou banho, coloco música, balanço de um lado para outro e, de repente, ela se acalma. Além disso, ela se engasga na hora de mamar, mama pouco, solta. Preciso sempre repetir as mamadas. Já ele suga tudo se deixar [risos]. Aliás, a minha tática é colocar ele primeiro porque ele deixa o peito mais vazio para ela. Se eu colocar ela primeiro, o jato de leite vai forte e ela se engasga.
Apesar de ambos terem a mesma idade, a menina é miudinha e isso, às vezes, incomoda Jaqueline.
— Você sabe que onde eu saio o povo me pergunta quantos dias ela tem. E eu respondo: “Olha, se ela tivesse dias, estaria no hospital”. Não gosto quando as pessoas me perguntam. Sabe que tem gente que me pergunta se ela foi caso de zika?
A avó, que deixou Pernambuco para morar em Santos em julho do ano passado para ajudar a filha com os gêmeos, Maniara Silva de Oliveira, 45 anos, conta que “tinha medo até de pegar a neta no colo de tão pequenininha que ela era”.
Tratamento e cuidados especiais
Duas vezes por semana, a pequena Laura faz tratamento de fisioterapia e fonoaudióloga. Porém, diferentemente de outras crianças com má-formação cerebral não precisa tomar nenhum tipo de medicamento.
— Lá, eles fazem estimulação do movimento do corpo. Usam bolas e brinquedos para movimentar. Ela [a especialista] vai me ensinando para eu fazer em casa, porque lá é só meia hora. Faço todos os dias e vou estimulando. Ela já está aprendendo a dar risada forte. Ela responde aos estímulos. Acompanha os movimentos com os olhinhos. Esses dois de tratamento dela são sagrados para mim.
Os irmãos de Laura, Gabriele, de quatro anos, e Paulo, oito anos, também ajudam a cuidar dos pequenos. Amorosos, eles cuidam bem dos pequenos para ajudar a mãe.
— A médica diz que é bom o convívio da Laura com os irmãos. Como aqui tem muita criança, é bom, porque os irmãos estão sempre conversando com eles. E isso ajuda muito!
Aperto financeiro
Como para muitas mães, uma das principais barreiras para a família de Jaqueline é a financeira. A família tem uma renda de R$ 2.000, salário do marido que trabalha como gesseiro, e paga R$ 800 só de aluguel por mês.
— Hoje, não consigo mais trabalhar. Eu ainda tenho os outros dois, né? No caso, minha mãe está socorrendo. Se não, como eu iria fazer para levar os outros para escola? Preciso dar atenção total para ela. Ela tem que estar 24 horas junto comigo. Não posso deixar na responsabilidade de ninguém.
Propósito?
Depois de contar sua história, com os gêmeos no colo, Jaqueline desabafa:
— Tem dia que fico pensando por que um teve [microcefalia] e outro não. Ao mesmo tempo ainda penso que ainda bem que Deus me deu apenas um assim, porque se não, a luta seria dobrada. Mas penso também que poderia vir os dois saudáveis, os dois vivenciarem numa fase por igual. Os dois poderiam começaram a engatinhar ao mesmo tempo. Mas se Deus quis assim, quem sou eu para questionar. Acho que isso tudo tem um propósito.
O que esperar do futuro?
Sobre o futuro, Jaqueline disse que tem esperança de que ela tenha “um bom desenvolvimento”.
— Que ela possa andar, falar, tudo no tempo dela. Tenho contato com outras mães com filhos grandes já com microcefalia e vejo que eles têm uma boa qualidade de vida. Tem menina de quatro anos que anda. Tem rapazinho que joga videogame. Quando vejo esses casos, fico alegre.
Foi aos sete meses de gestação que a jovem recebeu a notícia de que um dos bebês não estava crescendo de forma adequada, lembra a pernambucana.
— Decidiram me internar e no outro dia eu refiz o exame. Então, a médica disse que a cabeça de um não tinha crescido, ou seja, que o abdômen não estava compatível com a cabeça. Então, saiu o diagnóstico da microcefalia. Me transfeririam para outro hospital e lá confirmaram de vez a má-formação. Como já estava no final da gravidez, eles marcaram meu parto e eu fiquei em casa esperando.
Após a notícia, Jaqueline contou que nem sabia o que era microcefalia.
— Perguntei para minha médica e ela me disse a criança sempre vai ter cabeça pequena. Que algumas andam, outras não, umas falam, outras não. Aquilo ficou confuso para mim, então, comecei a pesquisar na internet, vi várias fotos feias, eu falava “nossa, é assim”. Até pensei que andaria com a cabeça dela tampada, escondendo porque ela seria má-formada. Hoje, eu vejo que não era do jeito que eu vi na internet.
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— Ele falou: “Normal, a gente cuida, vai fazer o que”. Para ele, quando ela nasceu, ele não fez diferença. Tratou os dois por igual.
Esperança de tudo mudar
Até o nascimento dos bebês, a moradora de Santos afirma que tinha esperanças de a menina nascer saudável.
— Nunca aceitei quando os médicos disseram que ela tinha microcefalia. Sempre tinha esperança que quando ela nascesse algo poderia dar errado. Deu uma decepção porque quem não quer ver seus gêmeos crescendo por igual? Depois que ela nasceu, abracei a causa e estou lutando por ela.
Suspeita de zika na gravidez
Até hoje, Jaqueline não sabe o que provocou a microcefalia em sua filha e também por que o menino foi protegido. Ela conta que fez “muitos tipos de exame de infecção e todos deram negativo”. Recentemente, ela foi convidada para participar de um grupo de estudos da USP (Universidade de São Paulo) que irá pesquisar o motivo de apenas um dos bebês ter nascido com má-formação. Mas Jaqueline lembra que no terceiro mês de gestação ela sentiu “uma dor muito forte do lado esquerdo da cabeça, tipo enxaqueca”.
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Diferenças entre os gêmeos
Mesmo sem fazer diferença entre os filhos quando o assunto é amor e cuidados, ela confessa que Laura exige precisa de atenção especial.
— O Lucas tem mais movimento, dá risada, faz sonsinho. A Laura não. Ela costuma ficar toda dura, rígida, fecha as mãos, começa a chorar, fica nervosa. Então, eu acalento, dou banho, coloco música, balanço de um lado para outro e, de repente, ela se acalma. Além disso, ela se engasga na hora de mamar, mama pouco, solta. Preciso sempre repetir as mamadas. Já ele suga tudo se deixar [risos]. Aliás, a minha tática é colocar ele primeiro porque ele deixa o peito mais vazio para ela. Se eu colocar ela primeiro, o jato de leite vai forte e ela se engasga.
Apesar de ambos terem a mesma idade, a menina é miudinha e isso, às vezes, incomoda Jaqueline.
— Você sabe que onde eu saio o povo me pergunta quantos dias ela tem. E eu respondo: “Olha, se ela tivesse dias, estaria no hospital”. Não gosto quando as pessoas me perguntam. Sabe que tem gente que me pergunta se ela foi caso de zika?
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Tratamento e cuidados especiais
Duas vezes por semana, a pequena Laura faz tratamento de fisioterapia e fonoaudióloga. Porém, diferentemente de outras crianças com má-formação cerebral não precisa tomar nenhum tipo de medicamento.
— Lá, eles fazem estimulação do movimento do corpo. Usam bolas e brinquedos para movimentar. Ela [a especialista] vai me ensinando para eu fazer em casa, porque lá é só meia hora. Faço todos os dias e vou estimulando. Ela já está aprendendo a dar risada forte. Ela responde aos estímulos. Acompanha os movimentos com os olhinhos. Esses dois de tratamento dela são sagrados para mim.
Os irmãos de Laura, Gabriele, de quatro anos, e Paulo, oito anos, também ajudam a cuidar dos pequenos. Amorosos, eles cuidam bem dos pequenos para ajudar a mãe.
— A médica diz que é bom o convívio da Laura com os irmãos. Como aqui tem muita criança, é bom, porque os irmãos estão sempre conversando com eles. E isso ajuda muito!
Aperto financeiro
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— Hoje, não consigo mais trabalhar. Eu ainda tenho os outros dois, né? No caso, minha mãe está socorrendo. Se não, como eu iria fazer para levar os outros para escola? Preciso dar atenção total para ela. Ela tem que estar 24 horas junto comigo. Não posso deixar na responsabilidade de ninguém.
Propósito?
Depois de contar sua história, com os gêmeos no colo, Jaqueline desabafa:
— Tem dia que fico pensando por que um teve [microcefalia] e outro não. Ao mesmo tempo ainda penso que ainda bem que Deus me deu apenas um assim, porque se não, a luta seria dobrada. Mas penso também que poderia vir os dois saudáveis, os dois vivenciarem numa fase por igual. Os dois poderiam começaram a engatinhar ao mesmo tempo. Mas se Deus quis assim, quem sou eu para questionar. Acho que isso tudo tem um propósito.
O que esperar do futuro?
Sobre o futuro, Jaqueline disse que tem esperança de que ela tenha “um bom desenvolvimento”.
— Que ela possa andar, falar, tudo no tempo dela. Tenho contato com outras mães com filhos grandes já com microcefalia e vejo que eles têm uma boa qualidade de vida. Tem menina de quatro anos que anda. Tem rapazinho que joga videogame. Quando vejo esses casos, fico alegre.
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