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Aluno de 54 anos realiza o sonho de cursar ensino superior na Ufal

Por Redação com Assessoria 04/03/2016 20h08 - Atualizado em 04/03/2016 23h11
Foto: Divulgação
Ingressar no ensino superior, fazer uma faculdade e conquistar o diploma universitário é o sonho de milhares de jovens, correto? Nem sempre. Como sonho não tem idade, nem momento para ser realizado, existem pessoas abraçando a oportunidade de conquistar o tão sonhado diploma de ensino superior. É o caso de José Israel Reis da Rocha, 54 anos, calouro no curso de Agroecologia. Sim! Aos 54 anos Israel é calouro e diga-se de passagem, um dos mais empolgados, pois depois de alguns anos bem vividos pela primeira vez ele tem a sensação de começar e recomeçar ao mesmo tempo.

Em 2015 ele fez a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e foi aprovado para o curso de Agroecologia no Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Universidade Federal de Alagoas e, no auge da sua experiência, prova que o momento certo para abraçar o sonho é o agora. Com um jeito sereno de quem já andou por algumas estradas nessa vida, este rapaz de 54 anos não esconde a ansiedade e a alegria da oportunidade de estar, enfim, ingressando num curso de ensino superior.

Israel nos conta que tentou conseguir uma vaga na Ufal por três anos consecutivos (2013, 2014 e 2015) em diferentes cursos: prestou vestibular para psicologia, marketing e pedagogia, onde conseguiu passar, mas segundo ele, houve problemas com o histórico de comprovação de término do ensino médio, o que fez com que ele perdesse a vaga.

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E você acha que ele se abateu? Engana-se. Ano passado, tentou o Enem mais uma vez. Conseguiu 820 pontos na redação e, finalmente, conquistou a tão sonhada vaga. "Dessa vez eu escolhi o curso de Agroecologia porque eu tenho interesse na área, nos seus objetos de estudo. Acho muito interessante tudo que envolve natureza", destaca.

A família foi fundamental na conquista de Israel. Motivação, exemplo e torcida nunca lhe faltaram. "Minha esposa concluiu o ensino médio e pensei: não posso ficar para trás, tenho que fazer o mesmo. Para mim depois de tanto tempo, terminar os estudos era um sonho muito difícil, mesmo assim decidi concluir o ensino médio usando a nota do Enem; pensei que independentemente da idade eu deveria prosseguir, pois adquirir conhecimento nunca é demais. Também tive o apoio da minha filha que já faz faculdade, ela me incentivou bastante, inclusive até comprou os materiais que eu vou precisar ", relata.

A história de Israel se confunde com a de dezenas de pessoas que, quando mais jovens, não tiveram a oportunidade de estudar, mas que nunca deixaram que tempo ou as dificuldades apagassem os seus sonhos. Ele conta que desde cedo trabalhou. "Já fui motorista, vendedor, trabalhei muitos anos com materiais de gesso, decorações e imagens em alto relevo, trabalhei também numa fábrica de PVC. Sempre pensava em estudar, tinha dúvida se conseguiria voltar a estar numa sala de aula depois de tantos anos. Percebi que quando o sonho se realiza, olhando para trás, as dificuldades foram todas passageiras", enfatiza.

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Por causa da greve e do ajuste do calendário acadêmico as aulas para os ingressantes de 2016.1 terão início em junho deste ano, mas até lá o Israel não pensa em ficar quietinho não. Ele revela outros planos como o de ter aulas sobre cultura hebraica onde ele pretende conhecer melhor as tradições, a culinária, a língua, para isso se inscreveu numa faculdade em que terá aulas a distância.

Os estudos nem começaram, mas Israel já está dando aula de como perseguir os sonhos e de como não se intimidar com a oportunidade de recomeçar, ainda que para muitos seja num período mais tarde da vida, ele ensina que enquanto houver sonho, haverá tempo de ser feliz. "Cada conquista é uma motivação. A minha expectativa agora é estudar e adquirir conhecimento, tenho algumas ideias sobre agricultura orgânica, quero ir em busca de possibilidades na área para investir. Já estou lendo algumas coisas, agradeço a Deus a oportunidade de realizar este sonho", conclui.