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Fiscalização flagra trabalho infantil no Mercado da Produção em Maceió

Por Ascom PRT 04/06/2016 15h03 - Atualizado em 04/06/2016 18h06
Foto: Ascom PRT
 Uma fiscalização realizada na madrugada deste sábado (4) pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Alagoas (SRTE/AL) flagrou uma série de irregularidades trabalhistas, dentre elas a exploração do trabalho infantil, na região do Mercado da Produção, região central de Maceió. A ação faz parte das medidas realizadas neste ano, em todo o país, para coibir a exploração de crianças e adolescentes nas cadeias produtivas, durante a semana que antecede o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, lembrado em 12 de junho.

Desde as 4 horas da manhã, as equipes de fiscalização do MPT e SRTE, acompanhados do Conselho Tutelar e da Polícia Militar, que deram total apoio à ação, visitaram avícolas na área do Mercado e encontraram um alto percentual de empregados sem registro formal em carteira de trabalho - o que caracteriza trabalho clandestino - em meio a um ambiente de trabalho insalubre. A maioria das empresas visitadas não possuíam alvará de funcionamento, alvará sanitário e algumas não possuíam CNPJ, o que facilita a manutenção de empregados em situação irregular nesses locais ou mesmo o trabalho realizado por adolescentes. As avícolas também foram flagradas vendendo aves sem nota fiscal.

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Já durante a manhã, as equipes de fiscalização flagraram a exploração do trabalho infantil na região. Dezenas de crianças e adolescentes foram encontrados vendendo frutas, verduras e carnes e trabalhavam no carrego de compras. Dois adolescentes, um deles de 15 anos, que trabalhavam em empresas no Mercado, foram resgatados pela equipe da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego e devem ser encaminhados a programas de qualificação profissional por meio do programa de aprendizagem nas empresas. Os outros adolescentes encontrados, alguns deles com a família, foram acompanhados pelo Conselho Tutelar municipal.

A procuradora do Trabalho Adir de Abreu, que acompanhou a ação, destacou que é preciso uma atuação constante dos órgãos envolvidos e da sociedade para acabar com a prática da exploração de crianças e adolescentes. Segundo Adir, a ausência do estado é clara ao não oferecer condições que contribuam com o desenvolvimento físico e intelectual infantil. “A simples retirada dos adolescentes do Mercado da Produção não resolve o problema. Existe um sistema falido (educacional, creches, etc.) que produz a colocação constante de adolescentes no mercado público a trabalhar novamente. A solução é a quebra do sistema perverso que mantém essas crianças sem infância”, disse.

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As avícolas encontradas em situação irregular foram autuadas pela Superintendência do Trabalho e, caso não se adequem às condições trabalhistas legais, podem ser interditadas. O Ministério Público do Trabalho aguardará relatório da SRTE para dar continuidade às investigações e tomará as medidas cabíveis, por meio de acordos ou ações na justiça, para coibir as irregularidades.

As ações de fiscalizações contra o trabalho infantil em todo o país têm a iniciativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Ministério Público do Trabalho e Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI). A comemoração do dia 12 de junho foi criada pela OIT com o intuito de incentivar diferentes entidades a alertar a sociedade sobre os perigos causados pela exploração das crianças e adolescentes.

Ação educativa

Em paralelo à ação de fiscalização, o MPT e a SRTE/AL, em conjunto com a Comissão Municipal de Erradicação do Trabalho Infantil, desenvolveram atividades de leitura e pintura com as crianças, enquanto os feirantes e clientes do mercado receberam informativos com orientações sobre a importância da proteção contra o trabalho infantil.

Trabalho proibido

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A criança submetida ao trabalho infantil está exposta a vários perigos, como violência física, sexual, psicológica, intoxicação e acidentes em geral. De acordo com a Convenção 182 da OIT, é proibido qualquer trabalho perigoso a menores de 18 anos. Fazem parte dessa lista os trabalhos no qual as crianças estão expostas, por exemplo, a substâncias, agentes ou processos perigosos ou a temperaturas, níveis de ruído ou de vibrações prejudiciais à saúde.

O relatório sobre trabalho infantil publicado em 2015 pela Organização Internacional do Trabalho mostra que 168 milhões de crianças e adolescentes são submetidos à exploração do trabalho, dos quais 120 milhões tem idades entre 5 e 14 anos e cerca de 5 milhões têm condições análogas à escravidão.