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Arapiraca melhora a comunicação em sala de aula para redução da violência

Por Agência Alagoas 20/07/2016 14h02 - Atualizado em 20/07/2016 17h05
Foto: Agência Alagoas
Como se fosse a porta-bandeira da Metodologia Liga Pela Paz, a professora Jane Luce, da Escola de Tempo Integral Profª. Maria Cleonice Barbosa de Almeida, no bairro Olho d'Água dos Cajuzinhos, em Arapiraca, segura o “Painel dos Personagens da Liga Pela Paz”, costurado também por suas próprias mãos e criatividade, e estende o outro braço em sinônimo de “seja bem-vindo à sala 11”.

Essa sala de aula é uma das centenas beneficiadas com o programa de Educação Emocional e Social implantado na rede municipal de ensino arapiraquense, uma parceria entre Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev), Prefeitura da cidade e organização Inteligência Relacional.

Durante uma aula que busca a transdisciplinaridade, ao serem indagados para que serve a máquina do raio Ultra-N do Vovô Exper, um dos materiais lúdicos presentes nas atividades da Metodologia Liga Pela Paz, os alunos do 2º B disseram cada um a seu modo que a máquina faz ver o coração e até mais: o que há dentro dele, além de sangue bombeando vida.

A máquina os ajuda a enxergar qual é a necessidade não atendida que está por trás de um determinado comportamento de alguém. Em outras palavras, a máquina do raio Ultra-N traz o exercício da empatia às crianças, levando-as a se colocarem no lugar do outro antes de prejulgá-los.

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Essa atividade lúdica proposta pelo material da Educação Emocional e Social é uma das estratégias psicopedagógicas da metodologia para mergulhar os alunos no universo não só dos sentimentos e necessidades deles, como também dos outros ao redor.

Junto às crianças, Jane Luce montou mais de 20 máquinas Ultra-N, tal qual a do Vovô Exper, para “fotografar” com o raio-x da Ultra-N feita de papel o que sentiam os corações de carne e osso de seus pais e mães.

A dinâmica desencadeou um diálogo sobre a Comunicação Não Violenta, que propõe uma comunicação clara e objetiva seja por meio verbal, ou por outros meios. O julgamento e a classificação da linguagem entre “certo” e “errado”, por exemplo, ou exigências camufladas de pedidos saem de cena e dão espaço para o reconhecimento das próprias responsabilidades, intenções e necessidades de maneira franca e consciente.

A Comunicação Não Violenta pretende melhorar o relacionamento pessoal, e profissional, tendo como pilares a sinceridade e a empatia – o processo em que o indivíduo coloca-se no lugar de quem comunica algo e, com base em suas próprias suposições e impressões, tenta compreender o comportamento do outro.

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Segundo Marshall Rosenberg, criador da teoria da Comunicação Não Violenta, quem é acolhido com empatia, percebe que foi ouvido livre de prejulgamentos ou preconceitos. Quem doa, sente-se mais seguro e deixa de enxergar as pessoas como “monstros”, por exemplo, pois compreende melhor os sentimentos e necessidades por trás das ações e palavras, assim como no simbolismo presente na máquina do raio Ultra-N.

“A Liga Pela Paz tem me transformado também, me desperta para minhas próprias atitudes como professora e, sobretudo, ser humano. Passei a entender meus alunos melhor, quando eu também comecei a me conhecer por dentro”, declarou a professora Jane Luce. E finalizou dizendo que a sexta-feira é o dia em que ela ganha mais beijos das crianças. Nesse dia os alunos do 1° ao 5° ano da escola assistem à aula da Cultura de Paz.

“A aceitação dos profissionais da Educação e dos alunos tem sido surpreendente! O dinamismo da metodologia só acrescentou bons momentos para a escola, os alunos e os pais. Eles já sentem o reflexo em quase seis meses de programa, porque as crianças reproduzem em casa os ensinamentos da Liga Pela Paz. Hoje elas abrem os corações e nos emocionam”, afirmou a diretora da Escola de Tempo Integral Profª. Maria Cleonice Barbosa de Almeida, Silvana de Oliveira.

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Ao todo, a escola tem 1.034 alunos, divididos em três turnos, sendo 680 em tempo integral, 140 em um único período do dia e à noite turmas do programa Educação de Jovens e Adultos (EJA).

A Stephani da Silva, de 7 anos, aluna do 2° ano “B”, conta que agora quando o pai fica irritado, ela já sabe o que fazer. “Eu peço pra ele se acalmar, respirar, contar até 10 e aí a gente conversa”, ensina.

Para ela, que será “doutora” quando crescer, já que não tem medo de sangue, a melhor maneira de resolver os aborrecimentos é com diálogo. E assim tem sido.