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Governo acaba com o Ciência Sem Fronteiras para cursos de graduação

Por Via G1 26/07/2016 17h05 - Atualizado em 26/07/2016 20h08
Foto: Reprodução/TV Globo
O governo confirmou o fim do Programa Ciências Sem Fronteiras para os alunos de graduação. A justificativa é o preço. Nem dinheiro em caixa é garantia da volta dessas bolsas, realmente agora vai dar uma parada pelo menos nos cursos de graduação.

A prioridade agora é outra. Se tiver dinheiro no ano que vem, será usado para bolsas na pós-graduação. O Ministério da Educação avaliou que era alto o custo para mandar alunos da graduação para o exterior e que muitos nem estavam preparados para estudar fora.

Foi uma experiência inesquecível. A Bia mostra, com o maior orgulho, as fotos do período em que passou em Glasgow, na Escócia. Ela estudava psicologia na Universidade de Brasília e foi selecionada para participar do Programa Ciência Sem Fronteiras.

“A gente cria uma rede de contatos no Brasil com esses outros intercambistas também. A gente troca ideias, faz interfaces com a nossa área, cria ideias de pesquisas”, afirmou a psicóloga Beatriz Yamada.

Hoje, a psicóloga diz que valeu muito a pena, mas faz algumas críticas ao programa que, segundo ela, investe alto para mandar alunos para o exterior, mas não cobra quase nada no retorno.

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“Acho que tem possibilidade da gente trazer de retorno para o Brasil o que a gente aprendeu lá e talvez formar um grupo mesmo, compartilhando essas experiências”, afirmou Yamada.

O programa começou em 2011 e já mandou mais de 100 mil alunos de graduação e pós-graduação para universidades no exterior. A maioria das bolsas, 65 mil, foi para estudantes que ainda estavam na faculdade. Ano passado e este ano já não teve seleção para novas bolsas. Por falta de recursos, foram mantidos apenas os alunos que já tinham sido selecionados antes e agora o programa deve mudar.

O governo diz que o Ciência Sem Fronteiras não acabou, mas como já não tinha mesmo previsão no orçamento deste ano para selecionar novos bolsistas, o Ministério da Educação decidiu fazer uma avaliação do programa. Chegou à conclusão de que custa muito caro para manter os alunos lá fora, principalmente os de graduação. Isso porque a maioria dos selecionados não tinha conhecimento suficiente de língua estrangeira para frequentar as aulas. Então primeiro tinham que passar alguns meses, lá fora, estudando a língua, antes de fazer as matérias específicas. Então a partir de agora, se tiver dinheiro no Orçamento do ano que vem para o programa, as bolsas vão ser só para alunos de pós-graduação.

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A Capes, um dos órgãos do Ministério da Educação que concede as bolsas, diz que o custo médio de um bolsista de graduação no exterior é de R$ 100 mil por ano.
“Do ponto de vista do país, a gente tem que considerar, sim, a questão do custo benefício, porque nós temos outras carências, nós temos o ensino básico, que tem uma carência muito grande”, declarou o presidente substituto do Capes, Geraldo Nunes.

Ele explicou que, além disso, a vantagem dos bolsistas de pós-graduação é que normalmente eles publicam artigos em revistas estrangeiras importantes, o que conta muito para as universidades brasileiras.

O Pedro, estudante de engenharia de produção, que pretendia se candidatar a uma bolsa do programa ainda na faculdade, ficou frustrado.

“Um currículo com Ciência Sem Fronteiras é um peso a mais. Pessoal vai lá para fora, amigos meus que foram para Holanda e Bélgica, trabalham com logística e viram coisas que eu só vou ver lá no meu 10º semestre, nono semestre. Tecnologias completamente diferentes que a gente tem aqui. Vai para Europa trabalha com logística, vê uma malha ferroviária gigantesca, que a gente não tem essa disponibilidade de ir conhecer essas ferrovias. É uma pena”, afirmou o estudante Pedro Nascimento.

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Quem já está no exterior não será atingido por essa decisão do governo. São cerca de 10 mil bolsistas. Eles vão continuar recebendo os pagamentos das bolsas até o fim do intercâmbio.