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Alagoano vence as drogas após viajar a pé de Maceió a São Paulo
O primeiro contato com as drogas na vida de Paulo Sérgio da Silva Fernandes foi aos 10 anos, em Cajueiro, interior de Alagoas. À época, sua família viajou e o deixou na casa de vizinhos. Foi perambulando pelas ruas da cidade que o pequeno Paulo experimentou maconha na companhia de amigos.
Ainda criança, fugiu sozinho para Maceió, onde morou na rua por 25 anos. Ao chegar à capital, o menino se instalou na rodoviária, onde passou a cheirar cola. “Até que um dia peguei um ônibus e desci na Ponta Verde, onde morei nas ruas do bairro por mais de cinco anos”, relata.
Para sustentar a dependência em cola, maconha e outros entorpecentes, ele cometia pequenos furtos e prestava serviços. “Fui apreendido e solto. O tempo foi passando e decidi morar no Centro. Passei 10 anos na Praça dos Martírios”, revela.
A dependência química se agravou com uso de drogas mais fortes. Ao tentar fugir da realidade e buscar oportunidades, Paulo resolveu ir para São Paulo. Sem trabalho e sem dinheiro, o jovem partiu a pé, sobrevivendo em meio a roubos, furtos e muitas drogas. A viagem durou seis meses e vinte dias.
Sem rumo na capital paulista, Paulo parou na Cracolândia, onde morou um ano e quatro meses. “O ambiente é devastador. Vi um dependente matar o outro por causa de um palito de fósforo. Quando amanhece, parece uma cidade de zumbis”, detalha.
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De volta a Maceió pela segunda vez e ainda mergulhado na dependência química, Paulo foi acolhido pela comunidade acolhedora Divina Misericórdia, em Palmeira dos Índios, uma das 36 instituições credenciadas pela Rede Acolhe, programa da Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev).
“Nunca fui tão bem tratado como pessoa. Eu vivia num mundo paralelo, solitário e dependente. Ninguém acreditava em mim. Eu recebi a atenção, o amor e o carinho que eu tanto precisava para sair daquela vida”, conta.
Hoje, aos 40 anos, Paulo Sérgio está livre das drogas há mais de cinco anos e trabalha como monitor na comunidade que o acolheu, ajudando a recuperar outros dependentes químicos.
“Nós podemos fazer a diferença em nossas vidas, basta querer e ter muita força de vontade. É possível largar as drogas”, conclui Paulo.
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