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Semana da Consciência Indígena começa debatendo ressurgência de povos e sentimentos
À porta da Casa da Cultura, na Praça Luiz Pereira Lima, no Centro de Arapiraca, ouviam-se sons que pareciam de antepassados, mas que são muito nossos, muito atuais.
Era o toré, uma dança indígena, onde a marcação dos pés e das sílabas cantadas dão o ritmo, tendo como condução o brilho sonoro dos maracás.
Segundo algumas tradições antigas – sobretudo, a religião tupinambá –, esses maracás seriam os receptáculos dos deuses e reproduziriam as vozes dos espíritos. Um instrumento sagrado, de fato.
Assim, em uma rodada de três torés, foram feitas as boas-vindas aos que adentravam no local para a abertura da 1ª Semana de Consciência Indígena de Alagoas em Arapiraca, nesta segunda-feira (17).
“Esta cidade não tem uma tradição indígena. Mas, além de ser referência econômica para toda Alagoas, é também capital cultural e de conhecimento. Por isso, ela se antecipa e cria uma nova ambiência de valor nesse novo momento sobre as discussões a respeito dos índios”.
Essa foi a fala do professor e coordenador do curso de História da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), mestre em Antropologia e doutorando, Adelson Peixoto, durante a sua explanação sobre a resistência dos povos indígenas do Sertão.
Ele foi um dos participantes de uma mesa recheada de autoridades no assunto, como o professor doutor Siloé Amorim, antropólogo social que tem como norte a imagem, comunicação e identidade e a antropologia indígena.
Uma exposição fotográfica dele, bem intimista, está ornamentada já no hall de entrada da Casa da Cultura, mostrando a ressurgência desses povos indígenas do Sertão alagoano, como o Karuazu, Koiupanká, Kalankó e Katokinn.
“Eles voltaram praticamente em 1998. E durante os quatro anos seguintes, acompanhei de perto essa movimentação. Há uma linguagem própria e identidade visual e de sentido, com elementos usuais reconfigurados, livrando-se daquela imagem genérica do índio – todo pintado e cheio de adereços”, diz Siloé Amorim.
Na oportunidade, o reitor da Uneal, Jairo Campos, também pôde participar desse importante marco. “Estamos aqui 'rasurando' a História oficial de Alagoas, fazendo com que esse grande mosaico da nossa Cultura seja montado com ímpeto e com o respeito que esses povos merecem. Só seremos um Estado forte quando conhecermos e valorizamos nossa História Indígena”, pontua ele, ressaltando o recente curso de licenciatura de ensino indígena, onde foram formados 80 professores índios na Uneal.
Prova disso, dessa força, era a grande presença na Casa da Cultura de povos das aldeias de São Sebastião, Feira Grande e Porto Real do Colégio, representados pelas etnias Karapotó Terra Nova, Karapotó Plakiô e Kariri-Xocó.
“Essa é uma semana de conscientização, não de comemoração. Estamos vivos e atentos aos desmandos que acontecem nos bastidores do poder. Mas somos fortes e vamos resistir mais 500 anos. O que devemos é sempre dialogar – nossa resistência é feita assim”, comenta o líder indígena e articulador Josernisse Fernando Ferreira, de 36 anos, mais conhecido como “Josa”.
Participaram também da abertura o secretário Municipal de Cultura, Lazer e Juventude, Silvestre Rizzatto; a coordenadora da Casa da Cultura, Leide Serafim – que, juntamente à equipe técnica da secretaria e a fundamental parceria da Uneal, fez o evento crescer; e o deputado estadual Rodrigo Cunha.
Este último, tomando a palavra, garantiu que será um recorrente apoiador da causa indígena na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE).
Ao final, houve uma degustação da culinária dos índios, com bolos e tapiocas. Dessa forma, todos puderam acompanhar as demais exposições literárias, de artefatos e ainda de pinturas indigenistas da artista plástica Égide Amorim.
Veja aqui a programação completa desta 1ª edição da Semana da Consciência Indígena de Alagoas em Arapiraca:
Dia 17 (segunda-feira)
19h // Abertura com performance de dança Toré // Instalação “A Presença Indígena em Alagoas // Exibição dos documentários “Visadas do Pajé Miguel Celestino” e “José do Chalé”, de Siloé Amorim e Celso Brandão // Exposição da artista plástica Égide Amorim // Mesa-redonda “Povos do Sertão: Resistência”, com o professor doutor Siloé Amorim (Ufal) e professor doutorando Adelson Peixoto (Universidade Católica de Pernambuco) // Explanação de alguns representantes de comunidades indígenas locais //
Dia 18 (terça-feira)
9h // Instalação “A Presença Indígena em Alagoas // Exibição dos documentários “Visadas do Pajé Miguel Celestino” e “José do Chalé”, de Siloé Amorim e Celso Brandão // Exposição da artista plástica Égide Amorim //
14h // Oficina “O Índio no Livro Didático”, com o professor doutor Gilberto Ferreira (SEE) //
Dia 19 (quarta-feira)
9h // Instalação “A Presença Indígena em Alagoas // Exibição dos documentários “Visadas do Pajé Miguel Celestino” e “José do Chalé”, de Siloé Amorim e Celso Brandão // Exposição da artista plástica Égide Amorim //
14h // Oficina “Fontes para a História Indígena”, com o professor doutor Aldemir Barros (Uneal)
Dia 20 (quinta-feira)
9h // Instalação “A Presença Indígena em Alagoas // Exibição dos documentários “Visadas do Pajé Miguel Celestino” e “José do Chalé”, de Siloé Amorim e Celso Brandão // Exposição da artista plástica Égide Amorim //
14h // O Que É Ser Índio na Atualidade: Reflexões sobre Identidade Étnica, com o graduando em História pela Uneal, Cássio Júnior Xukuru-Kariri //
19h // Encerramento com performance poética do escritor, declamador, cantador, professor de Filosofia e pesquisador do povo Xukuru-Kariri, Cosme Rogério Ferreira // Mesa-redonda “Rompendo o Preconceito: a Contribuição do Trabalho Indígena à Economia Local”, com o professor doutor Aldemir Barros (Uneal) e o graduando em História pela Uneal, Cássio Júnior Xukuru-Kariri //
Era o toré, uma dança indígena, onde a marcação dos pés e das sílabas cantadas dão o ritmo, tendo como condução o brilho sonoro dos maracás.
Segundo algumas tradições antigas – sobretudo, a religião tupinambá –, esses maracás seriam os receptáculos dos deuses e reproduziriam as vozes dos espíritos. Um instrumento sagrado, de fato.
Assim, em uma rodada de três torés, foram feitas as boas-vindas aos que adentravam no local para a abertura da 1ª Semana de Consciência Indígena de Alagoas em Arapiraca, nesta segunda-feira (17).
“Esta cidade não tem uma tradição indígena. Mas, além de ser referência econômica para toda Alagoas, é também capital cultural e de conhecimento. Por isso, ela se antecipa e cria uma nova ambiência de valor nesse novo momento sobre as discussões a respeito dos índios”.
Essa foi a fala do professor e coordenador do curso de História da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), mestre em Antropologia e doutorando, Adelson Peixoto, durante a sua explanação sobre a resistência dos povos indígenas do Sertão.
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Uma exposição fotográfica dele, bem intimista, está ornamentada já no hall de entrada da Casa da Cultura, mostrando a ressurgência desses povos indígenas do Sertão alagoano, como o Karuazu, Koiupanká, Kalankó e Katokinn.
“Eles voltaram praticamente em 1998. E durante os quatro anos seguintes, acompanhei de perto essa movimentação. Há uma linguagem própria e identidade visual e de sentido, com elementos usuais reconfigurados, livrando-se daquela imagem genérica do índio – todo pintado e cheio de adereços”, diz Siloé Amorim.
Na oportunidade, o reitor da Uneal, Jairo Campos, também pôde participar desse importante marco. “Estamos aqui 'rasurando' a História oficial de Alagoas, fazendo com que esse grande mosaico da nossa Cultura seja montado com ímpeto e com o respeito que esses povos merecem. Só seremos um Estado forte quando conhecermos e valorizamos nossa História Indígena”, pontua ele, ressaltando o recente curso de licenciatura de ensino indígena, onde foram formados 80 professores índios na Uneal.
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“Essa é uma semana de conscientização, não de comemoração. Estamos vivos e atentos aos desmandos que acontecem nos bastidores do poder. Mas somos fortes e vamos resistir mais 500 anos. O que devemos é sempre dialogar – nossa resistência é feita assim”, comenta o líder indígena e articulador Josernisse Fernando Ferreira, de 36 anos, mais conhecido como “Josa”.
Participaram também da abertura o secretário Municipal de Cultura, Lazer e Juventude, Silvestre Rizzatto; a coordenadora da Casa da Cultura, Leide Serafim – que, juntamente à equipe técnica da secretaria e a fundamental parceria da Uneal, fez o evento crescer; e o deputado estadual Rodrigo Cunha.
Este último, tomando a palavra, garantiu que será um recorrente apoiador da causa indígena na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE).
Ao final, houve uma degustação da culinária dos índios, com bolos e tapiocas. Dessa forma, todos puderam acompanhar as demais exposições literárias, de artefatos e ainda de pinturas indigenistas da artista plástica Égide Amorim.
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Dia 17 (segunda-feira)
19h // Abertura com performance de dança Toré // Instalação “A Presença Indígena em Alagoas // Exibição dos documentários “Visadas do Pajé Miguel Celestino” e “José do Chalé”, de Siloé Amorim e Celso Brandão // Exposição da artista plástica Égide Amorim // Mesa-redonda “Povos do Sertão: Resistência”, com o professor doutor Siloé Amorim (Ufal) e professor doutorando Adelson Peixoto (Universidade Católica de Pernambuco) // Explanação de alguns representantes de comunidades indígenas locais //
Dia 18 (terça-feira)
9h // Instalação “A Presença Indígena em Alagoas // Exibição dos documentários “Visadas do Pajé Miguel Celestino” e “José do Chalé”, de Siloé Amorim e Celso Brandão // Exposição da artista plástica Égide Amorim //
14h // Oficina “O Índio no Livro Didático”, com o professor doutor Gilberto Ferreira (SEE) //
Dia 19 (quarta-feira)
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14h // Oficina “Fontes para a História Indígena”, com o professor doutor Aldemir Barros (Uneal)
Dia 20 (quinta-feira)
9h // Instalação “A Presença Indígena em Alagoas // Exibição dos documentários “Visadas do Pajé Miguel Celestino” e “José do Chalé”, de Siloé Amorim e Celso Brandão // Exposição da artista plástica Égide Amorim //
14h // O Que É Ser Índio na Atualidade: Reflexões sobre Identidade Étnica, com o graduando em História pela Uneal, Cássio Júnior Xukuru-Kariri //
19h // Encerramento com performance poética do escritor, declamador, cantador, professor de Filosofia e pesquisador do povo Xukuru-Kariri, Cosme Rogério Ferreira // Mesa-redonda “Rompendo o Preconceito: a Contribuição do Trabalho Indígena à Economia Local”, com o professor doutor Aldemir Barros (Uneal) e o graduando em História pela Uneal, Cássio Júnior Xukuru-Kariri //
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