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Conselho vai pedir investigação sobre ação da PM e da Guarda na Cracolândia

Por G1 15/06/2017 15h03 - Atualizado em 15/06/2017 18h06
Foto: Divulgação
O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) vai protocolar, nesta sexta-feira (16), pedidos de apuração de possíveis excessos cometidos durante a ação da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana (GCM) na região da Cracolândia, na tarde de quarta-feira (14).

A operação policial começou na chamada Nova Cracolândia, que fica na Praça Princesa Isabel, para onde foram deslocados os dependentes químicos que viviam na Rua Helvétia e Alameda Dino Bueno. A motivação seria a prisão de um traficante na praça.

A ação na tenda aconteceu após o tumulto iniciado na Nova Cracolândia. O G1 ouviu assistentes sociais que atuam na região e eles informaram que os dependentes químicos procuraram abrigo na tenda, onde eles costumam tomar banho, se alimentar, dormir e fazer atividades lúdicas.

Na Praça, a assessoria de imprensa da corporação informou que um guarda civil foi baleado e levado para o pronto-socorro da Santa Casa.

Caçada humana
"Vamos pedir que o Ministério Público, Ouvidoria de Polícia e Corregedoria da GCM instaurem procedimentos de apuração. A prefeitura negou que haveria uma caçada humana, mas na prática é isso que está ocorrendo. Ação abusiva e inaceitável. Um programa social e seus atendidos não podem ser alvos de ações de repressão e violência policial", disse Ariel de Castro Alves, conselheiro do Condepe.

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Alves informou que conversou com quatro atendidos na tenda que sofreram agressões duante a ação policial. "Eles foram atingidos por cassetetes, gás de pimenta e balas de borracha."

A confusão ocorreu três dias após outra ação no local que terminou com duas pessoas detidas no último domingo (11) e apreendeu drogas e dinheiro. Em maio, uma megaoperação prendeu 53 pessoas na região da rua Helvétia com a Alameda Dinho Bueno. Desde então, usuários de drogas passaram a ocupar Praça Princesa Isabel. A ação policial é parte do programa da Prefeitura para recuperar a região da Luz, e inclui a demolição de edifícios e a abordagem a usuários para que façam tratamento.

A confusão desta quarta-feira ocorreu após a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana intensificarem a ação no local. Segundo pessoas que trabalham na região, policiais e guardas civis estavam fazendo limpeza e removendo pertences de usuários de drogas desde esta manhã. A PM informou que houve a intensificação de efetivo no início da tarde.

Testemunha
De acordo com uma testemunha, no momento em que uma pessoa foi retirada por policiais do "fluxo", local de consumo e venda drogas, usuários se movimentaram e seguraram um guarda municipal.

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De acordo com a PM, a confusão começou durante uma "abordagem" perto da Praça Princesa Isabel, momento em que usuários de drogas teriam começado a reagir jogando objetos contra os policiais e apedrejando um ônibus. A PM informou não saber de onde partiu o tiro que atingiu o guarda.

Durante uma ação na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, na tarde desta quarta-feira (14), a Polícia Militar usou bombas de gás e spray de pimenta contra usuários de drogas que estavam na tenda do programa municipal Redenção. Há relatos de feridos por bala de borracha.

Um vídeo registrado no interior do espaço mostra o momento em que os guardas chegam ao local. Segundo testemunhas, o portão foi quebrado pelos policiais. Um pedaço da lona instalada no espaço foi perfurado por bala de borracha e uma pessoa ficou ferida. Cerca de 100 pessoas estavam na tenda.

Prefeitura
Em nota, a Prefeitura informou na quarta-feira (14) que "As imagens mostram claramente que não houve qualquer ação da Guarda Civil Metropolitana contra dependentes químicos na tenda mantida pela Prefeitura."

Nesta quinta-feira (15), a Prefeitura enviou outro comunicado à redação sobre o caso. Leia a íntegra a seguir:

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"Não houve operação programada ou planejada na região da Luz. Na tarde de ontem (14), as equipes da Prefeitura realizavam a limpeza de rotina no local. Os episódios decorreram da prisão em flagrante, pela PM e GCMs, de traficantes que atuavam na Praça Princesa Isabel.

No momento da abordagem, dependentes químicos atiraram pedras nos policiais e agentes públicos, deixando quatro guardas feridos, dos quais dois internados. A GCM nega que tenha havido agressões contra dependentes. Denúncias fundamentadas devem ser encaminhadas à Corregedoria da corporação para apuração imediata.

Lamentavelmente, alguns aproveitam a prisão dos traficantes para atacar o trabalho de acolhimento aos dependentes que foi quintuplicado nesta semana, com mais de 4 mil pessoas abordadas em três dias por agentes sociais e de saúde."