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Apocalíptico: gestor de mercado faz análise pessimista e prevê dólar a R$ 5,30

Por InfoMoney 07/06/2018 17h05 - Atualizado em 07/06/2018 20h08
Foto: Ilustração
Nem todos os investidores têm o privilégio de estar na lista de convidados para um evento fechado do BTG Pactual. Mas graças à "democratização da informação" dos aplicativos de mensagens, informações que num passado não muito distante ficariam apenas dentro de um seleto grupo de pessoas hoje são compartilhadas conosco, meros mortais. E nesta quarta-feira (6), viralizou nos grupos de Whatsapp do mercado financeiro uma projeção extremamente pessimista feita por um dos gestores mais respeitados do mercado brasileiro, o que ajudou a explicar (ou até mesmo acelerou) a derrocada do Ibovespa e a disparada do dólar e dos juros nesta sessão.

O gestor em questão é Rogério Xavier, um dos fundadores da SPX Capital, gestora que possui mais de R$ 30 bilhões em ativos sob gestão e que conquistou o mercado com uma altíssima rentabilidade nos seus 8 anos de história - o fundo SPX Nimitz, carro-chefe da casa, possui de 2010 até abril de 2018 uma rentabilidade 165% superior ao CDI, o que em termos nominais equivale a um retorno de 185,2%.

Xavier fez o discurso final do evento promovido pelo BTG na última terça-feira (5) e trouxe uma mensagem extremamente pessimista aos espectadores. “Ainda bem que ele foi o último a falar, se ele tivesse sido o primeiro, teria acabado o evento ali na fala dele”, disse ao InfoMoney um dos convidados do evento, que confirmou a veracidade das informações que estão circulando nos WhatsApp do mercado financeiro. O portal Brazil Journal também confirmou as informações com a própria SPX.

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Resumindo: Xavier acredita que a situação do Brasil é caótica: o PIB deve crescer apenas 0,8% em 2018, o dólar chegar até R$ 5,30 ("câmbio está de graça") e o BC deverá subir os juros rapidamente para conter a pressão. Pra piorar, a taxa de juros dos EUA "vai explodir", com uma probabilidade muito alta da Treasury de 10 anos chegar a 6% ao ano (atualmente ela "tocou" nos 3% e já foi o suficiente para estremecer o mercado global).

Situação do mercado: a poucos minutos da bolsa fechar, Ibovespa caía 1,1% e operava a 75.795 pontos (nos últimos 20 dias, quase 11 mil pontos de queda). Ao mesmo tempo, dólar futuro subia 0,45%, a R$ 3,833, e juros futuros disparam mais um pregão, com a curva de juros já precificando pelo menos 100 pontos-base de alta na Selic ainda em 2018.

Confira na íntegra (sem edição) o texto que está circulando nos grupos de whatsapp do mercado financeiro:

Mercado está ferrado. Cenário externo está contra nós e cenário interno é reflexo dos nossos próprios erros.

Estados Unidos: está indo para o superaquecimento. Crescimento de 2,9% está acima do potencial. O nível de déficit fiscal é inédito para o estágio atual do ciclo (desemprego baixo com déficit alto). Inflação está surgindo. Já é possível ver um reflexo nos salários e nos custos de produção. Tarifas propostas pelo Trump devem pressionar ainda mais a inflação. Condições financeiras seguem frouxas mesmo com as altas de juros recentes. Todos os episódios de recessão nos US aconteceram após altas de juros. Atualmente juros está 0,9% abaixo do neutro, ainda tem muito para subir. Balanço do Fed precisa diminuir significativamente. Ou seja, taxa de juros americana vai explodir (10y tem probabilidade muito alta de chegar a 456%).

Oportunidade boa de fazer posições tomadas em taxas de juros US. Consequentemente Brasil vai sofrer.

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Situação do Brasil é caótica. Governo acabou de financiar terroristas. Projetam 0,8% de crescimento do PIB para 2018, bem abaixo do mercado. Hiato do produto ainda é elevado e inflação não deve ser muito pressionada, mas melhor momento ficou para trás. IPCA deve ser de 3,7% no final do ano. Dívida bruta está crescendo de maneira acelerada e precisa de solução. Se nada for feito em relação à previdência vamos caminhar para insolvência.

Eleição totalmente indefinida. Pessoas estão contra tudo e contra todos, a chance de cairmos num extremo é enorme. As pessoas atribuem a falta de recursos à corrupção e não a um problema estrutural da economia.

Populismo vai ganhar apoio muito forte. Qualquer candidato indicado pelo Lula vai sair com grande vantagem. Congresso tem maioria centro direita, se um candidato pró-reformas ganhar vai ter apoio. O problema é que o Congresso está cada vez mais fragmentado e exige grande capacidade de negociação do presidente.