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AL registrou 5 mil roubos de aparelhos celulares nos últimos meses, diz polícia

Por Gazetaweb 25/06/2018 09h09 - Atualizado em 25/06/2018 12h12
Foto: Divulgação
Nas últimas semanas, ladrões de celulares têm atacado com frequência quem anda distraído pelas ruas Aristeu de Andrade, Saldanha da Gama e Martins de Albuquerque, no bairro do Farol, nas imediações da Organização Arnon de Mello (OAM). Nestas vias, há vários escritórios, pontos comerciais, consultórios médicos, órgãos públicos e outros estabelecimentos, com pouco policiamento. Os criminosos atacam preferencialmente mulheres e adolescentes. Na última quarta-feira (20), as câmaras da OAM captaram imagens de um dos acusados momentos depois de atacar a segunda mulher na semana.

A administradora de empresa, que pede para não ser identificada, não se intimidou com a arma do ladrão e lutou com ele para tentar impedir o roubo. A profissional liberal foi atacada quando falava ao celular e se dirigia ao trabalho. Não teve jeito, ficou no prejuízo. O ladrão fugiu correndo com o aparelho e apontando a arma para a vítima.

A administradora entrou para a lista do delegado Robervaldo Davino, titular do 6º DP de Maceió, que contabiliza, somente este ano, mais de 5 mil roubos de celulares em Alagoas só nos últimos meses, o que representa mais de 30 aparelhos por dia. Segundo outras fontes da inteligência da Secretaria de Segurança Pública, o número de ataques pode ser maior que o dobro do divulgado pelo delegado Davino, porque muitos casos ocorridos no interior do estado não são registrados pela polícia. As vítimas preferem ficar no prejuízo por não acreditarem no trabalho investigativo das forças policiais do estado.

Feiras

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Por conta do cerco policial e do combate sistemático ao tráfico de drogas e de armas nos últimos anos, os celulares, hoje, são os principais alvos dos ataques dos ladrões. Os aparelhos são relativamente fáceis de serem roubados, têm valor no mercado de produtos de origem ilícita e nos pontos de receptação. Em Maceió, são "desovados" (vendidos clandestinamente) na Feira do Passarinho na filial da Ceasa, que é a maior central de receptação de produtos roubados na região metropolitana. Também tem revendedores em barracas das feiras da Praça Guedes de Miranda, no bairro da Ponta Grossa, na feira do bairro do Jacintinho e na do bairro do Tabuleiro do Martins.

Os ataques ocorrem em qualquer lugar, a qualquer hora do dia e até na zona rural das cidades. Os ladrões costumam andar armados, geralmente em duplas, utilizam motocicletas e bicicletas. Escolhem vítimas que não oferecem resistência. Alguns roubam em horários determinados nos transportes coletivos. Os mais visados são ônibus que fazem os trajetos dos bairros do Jacintinho, Benedito Bentes e os da zona sul da cidade.

Enganar ladrões


Como a maioria das pessoas não registra Boletim de Ocorrência de roubo de Celular, o Departamento de Inteligência e Estatística da Secretaria de Segurança Pública não tem um número preciso a respeito da quantidade de roubo em Alagoas, nem das principais áreas de ataques dos ladrões, por isso enfrenta dificuldade para traçar o perfil das vítimas. O serviço de inteligência da Polícia, necessita dos B.Os para que possa identificar as principais áreas de ataques, o modus operandi dos ladrões, horários e montar estratégias de segurança. Enquanto isto não acontece, as pessoas tentam se defender como podem. E a forma mais comum é andar com dois aparelhos: o pessoal e outro de pequeno valor, com poucos recursos, para ser entregue aos ladrões.

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A estudante de jornalismo Mirra Ion já perdeu três aparelhos: um foi furtado num show e dois foram tomados por ladrões armados. "Hoje ando com dois aparelhos: o meu e o do ladrão".

Delegado consegue recuperar


A delegacia do 6º DP desenvolve uma espécie de "clínica geral" para elucidar ocorrências registradas nos bairros de Cruz das Almas, no Litoral Norte da cidade. Só não atua com casos de homicídios e de drogas. Titular desde 2015, o delegado Robervaldo Davino Silva, tem se destacado por desenvolver a técnica que lhe permite localizar celulares roubados ou furtados, receptadores e acusados de roubos sem disparar nenhum tiro.

Entre dez boletins de ocorrências, a equipe dele recupera uma média de oito aparelhos furtados ou roubados numa investigação rápida e sem risco de confrontos.

Mas, como alcança o percentual de recuperação de 80% dos aparelhos? Ele não diz. Mantém o sigilo da técnica e justifica que é para não capacitar as pessoas envolvidas com este tipo de crime. No entanto, o delegado está repassando o segredo profissional para os colegas de outras delegacias. Para recuperar o celular perdido, furtado ou roubado, é fundamental que a vítima compareça à delegacia e faça um B.O.

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Um dos investigadores da equipe do 6º DP orienta o reclamante a não bloquear o aparelho. Após o relato e o registro do caso, imediatamente começa a investigação. "Num balanço preliminar dos casos que investigamos, até agora dá para dizer que, entre dez registros, conseguimos recuperar oito aparelhos". Nos últimos três anos, o delegado conseguiu recuperar mais de 400 celulares.

As principais vítimas são mulheres e estudantes adolescentes (de ambos sexos) que costumam "desfilar" com os aparelhos pelas ruas de forma distraída.

Policiais receptadores

Entre os aparelhos recuperados, alguns eram de turistas dos estados de Santa Catarina, de Rondônia e de Sergipe e os celulares foram devolvidos para as vítimas em seus respectivos domicílios. Alguns casos chamaram a atenção do delegado Robervaldo Davino porque os receptadores são policiais. "Recentemente, eu indiciei um policial militar que usou de meios ilícitos para adquirir um celular de uma adolescente de 16 anos moradora de Maceió", pontua.

Os turistas que tiveram seus celulares roubados e, em menos dois meses, receberam os aparelhos em casa, sem nenhum ônus, se surpreenderam com este procedimento da Polícia Civil de Alagoas. Um deles é o também delegado Tiago Tenório, do Amazonas, e trabalha atualmente numa DP de Manaus. "Estava passando férias em Maceió e fui ver um jogo de futebol no Trapichão. Na saída, fui roubado. Prestei queixa e, para a minha surpresa, com dois meses recebi meu aparelho na minha casa, aqui em Manaus".

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Segundo Tiago, o colega delegado Robervaldo Davino o manteve informado o tempo inteiro dos procedimentos. Conseguiu chegar ao receptador e, pouco depois, o acusado estava detido. "Foi muito rápido". O delegado é casado com a também delegada Rita Tenório. Os dois importaram a técnica usada em Alagoas. "Hoje é surpreendente a quantidade de celulares roubados ou furtados que recuperamos em Manaus. Estamos repassando a técnica para os colegas daqui", disse Tiago Tenório ao ressaltar que o sucesso da investigação esta no registro do Boletim de Ocorrência assim que o aparelho é roubado.

Outro que ficou surpreso com a polícia de Alagoas foi Washington Santos, do município de Divinópolis, no estado de Minas Gerais. "Fui assaltado quando passeava com a família perto da praia. Prestei queixa na Delegacia de Cruz das Almas e o delegado de lá me garantiu que recuperaria o aparelho. Não acreditei e fiquei mais surpreso ainda quando recebi o aparelho em casa", falou.

Washington ficou impressionado com a técnica da polícia de Alagoas. "Aqui na minha cidade também acontece roubo constante de celular. Mas, até hoje, nunca soube que a polícia recuperou o aparelho e devolveu à vítima", conclui.