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Pais que não levam filhos para vacinar podem ser multados?

Por Redação com Notícias ao Minuto 19/07/2018 19h07 - Atualizado em 19/07/2018 22h10
Foto: Ilustração
Recentemente, o país registrou quedas na cobertura vacinal. A vacinação de crianças atingiu seu índice mais baixo em 16 anos. Segundo dados do Ministério da Saúde, as vacinas indicadas para menores de um ano ficaram com índices entre 70% e 83% -inferiores à meta da pasta.

Com essa queda da cobertura, as possibilidades de ação começam a ser questionadas e muitas postagens sobre o assunto são compartilhadas nas redes sociais. Uma delas relata a possibilidade de multa em casos de falta de vacinação.

Realmente, "o descumprimento tem previsão no ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente] de multa", diz Ricardo de Moraes Cabezón, presidente da comissão de direitos infanto-juvenis da OAB-SP.

O ECA, em seu parágrafo único do artigo 14, determina a obrigatoriedade da vacinação de crianças nos casos que forem recomendados por autoridades sanitárias.

Cabezón afirma que, além disso, esse tipo de caso pode ser juridicamente enquadrado como um crime contra a saúde pública, considerando que a criança se torna um vetor de risco.

Mas a previsão legal não é necessariamente refletida no cotidiano, segundo especialistas da área de imunização. "Nunca soubemos de multa", diz Isabella Ballalai, presidente da SbIm (Sociedade Brasileira de Imunização).

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Marco Aurelio Safadi, presidente do departamento de imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo, também diz nunca ter visto casos em que pais foram multados.

O mais comum, segundo Cabezón, é a ação do conselho tutelar por meio de advertências. "Nunca vi a destituição do poder familiar, a aplicação de multa ou alguma consequência mais grave."

De acordo com Ballalai, já houve casos em que, a partir de denúncias, os pais foram obrigados por sentença judicial a vacinar os filhos. Mas, antes de apelar para esferas legais, a especialista defende que o pediatra busque convencer a família da importância da vacinação.

Os especialistas dizem, porém, que é impraticável aumentar a taxa de vacinação por meio de denúncias.

"Você fica enxugando gelo", diz o presidente da comissão de direitos infanto-juvenis da OAB-SP. Ele afirma que as escolas poderiam ter um papel central no combate ao problema, cobrando a caderneta de vacinação e acompanhando a sua atualização.

"Medidas autoritárias ou truculentas não são a solução para o problema, que deveria ser combatido com informação", diz Safadi.