Após ser citado pelo candidato Jair Bolsonaro (PSL) em uma entrevista ao Jornal Nacional, o livro Sexo Não é Bicho Papão continua gerando polêmica na internet. Uma mensagem que circula nas redes sociais dá conta de que a publicação estaria sendo usada em escolas de Maceió. A Secretaria Municipal de Educação (Semed) nega o fato.

A mensagem que circula na internet diz que o "material erótico infantil" teria chegado às unidades escolares. "Confira no verso do livro o carimbo de uma das escolas de Maceió que recebeu o material. Veja o conteúdo e leia os textos, me diga se você o aprovaria para educação dos seus filhos", diz o comunicado.

A Semed, porém, desmente a informação e afirma que nenhum dos livros apontados faz parte do acervo didático ou paradidático da rede municipal de ensino. "A Semed destaca que tais publicações nunca foram utilizadas pela equipe pedagógica do município", continua a nota do órgão.

Nas imagens compartilhadas, aparece um carimbo da Escola de Ensino Fundamental Major Bonifácio Silveira, localizada no bairro do Bebedouro. Segundo a secretaria, a direção da unidade esclarece que o exemplar foi encontrado em 2016, durante uma reorganização da Sala de Leitura.

"Após análise sobre o conteúdo, a publicação foi recolhida à sala da diretoria e arquivada, por ter sido considerada inadequada. Questionada sobre a circulação de imagens do material após o arquivamento, a diretoria informa que está apurando como a publicação foi retirada do arquivo", aponta a Semed.

A secretaria também reforça que a obra nunca foi utilizada como material pedagógico. "A Coordenação de Programas Suplementares da Semed, responsável pela seleção dos livros utilizados na rede, diz que a publicação pode ter chegado à escola por meio de doação, uma vez que o título não consta do acervo oficial do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que é a base utilizada pela Semed".

"Sobre a eventual existência de títulos similares em outras escolas da rede, a Semed informa que está orientando as unidades a tirar de circulação qualquer conteúdo considerado inadequado à política educacional do Município, caso seja identificado", ressalta o órgão.

Ministério da Educação

O Ministério da Educação (MEC) também comentou o uso do livro "Sexo não é bicho-papão" nas escolas. De acordo com a entidade, a publicação não compôs o Kit de material educativo resultado de parceria firmada, em 2007, entre o MEC e a Associação Pathfinder do Brasil, efetivada por meio de convênio com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

"Esclarecemos ainda que a gestão à frente do governo federal naquela época decidiu não distribuir o material citado. Assim, não houve replicação do material que foi chamado de kit, nem sua consequente distribuição".

O órgão afirma ainda que a segunda edição da obra, de autoria de Marcos Ribeiro e ilustração de Bia Salgueiro, foi inscrita no Programa Nacional Biblioteca da Escola em 2009. Ela foi excluída, porém, na etapa de avaliação pedagógica, realizada pelo Centro de Estudos em Educação e Linguagem da Universidade Federal de Pernambuco.

A publicação foi inscrita na área de Ciências e Matemática, quando trata de tema de Biologia. "O motivo da exclusão do livro, ainda na etapa de avaliação, foi por ele não colaborar para a aprendizagem de conteúdos específicos da área para a qual foi inscrito. Portanto, o Sexo não é bicho-papão também não foi distribuído por meio do PNBE".