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Sem médicos cubanos, municípios alagoanos já sofrem com a falta de profissionais

Por Redação com Gazetaweb 22/11/2018 21h09 - Atualizado em 23/11/2018 00h12
Médicos cubanos que estavam trabalhando na cidade Belo Monte retornaram para Cuba - Foto: Cortesia à Gazetaweb
Pelo menos dois municípios alagoanos já estão sem nenhum médico na atenção básica de saúde com a saída dos profissionais cubanos que integravam o Mais Médicos, segundo informações do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems-AL).

Em Jundiá e Belo Monte, o atendimento era 100% feito por médicos de Cuba, por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF).

Com a saída desses profissionais, todo o atendimento está comprometido e corre o risco de não continuar, caso as vagas deixadas por eles não seja preenchidas.

Jundiá, o terceiro menor município do estado, com cerca de 4.175 habitantes, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi um dos prioritários do Ministério da Saúde para receber os médicos cubanos em 2013.

No início da noite desta quinta-feira, 22, o secretário de saúde de Jundiá e vice-presidente do Cosems-AL, Rodrigo Buarque, revelou que o município já está sem médico há três dias, fato que provocou um grande abalo no atendimento básico do município. "Eles acompanhavam todos os nossos pacientes, inclusive todos que tomavam remédios controlados. [Com a saída deles], não temos os médicos para atender e clinicar", lamentou.

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Para preencher a lacuna deixada com a saída dos profissionais cubanos, o secretário está tentando buscar médicos parceiros para clinicar no município. Como integrante do Cosems-AL, ele conta que a ideia, neste primeiro momento, é que pelo menos um profissional se reveze entre os dois municípios que ficaram desprovidos de médicos.

"[Quando não havia o Programa Mais Médicos] a gente sofreu muito aqui, porque os médicos brasileiros que vinham só atendiam 16 pessoas, no máximo, e não queriam atender mais ninguém. Iam embora", lamenta a técnica em enfermagem Severina de Oliveira, de 52 anos, vinte deles atuando em Jundiá. "Eles [os médicos cubanos] fazem o horário todinho. Trabalham pela manhã, param para o almoço e voltam à tarde, mas só saem quando todo mundo é atendido", completou.

Para o secretário municipal de Saúde de Belo Monte, Rafael Soares, a saída dos médicos cubanos foi uma perda muito grande para atenção básica, principalmente para a população carente. "Eles eram muito humanos, tinham um atendimento como realmente deveria ser na atenção básica", ressalta.

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Ele conta que está muito complicado para minimizar a situação no município, com a saída dos profissionais. "Nosso município só dispunha de um atendimento ambulatorial nos dias de sábado. Mas durante a semana a população fica desassistida, fazendo com que todos os encaminhamentos agora estejam indo ao hospital, onde na atenção básica poderia resolver", conta.

Segundo o Cosems-AL, além de Jundiá e Belo Monte, outros 18 municípios alagoanos contam com mais de 50% das suas equipes compostas por médicos cubanos, entre eles Água Branca, Belém, Cacimbinhas, Campestre, Pão de Açúcar e Piranhas.

Em Feliz Deserto, uma médica cubana chegou a atuar no município. Porém, na última quarta-feira, 14, ela anunciou que estava se desligando do programa e que iria retornar ao seu país de origem na próximo próximo domingo, 25. Além da médica cubana, mais um médico brasileiro atua na cidade através do Mais Médicos.

Nesta tarde, o Ministério da Saúde anunciou a prorrogação até o dia 7 de dezembro do prazo para os médicos com registro no Brasil se inscreverem no Mais Médicos. Segundo a pasta, a medida foi tomada devido à instabilidade do site do programa causada pelos ataques cibernéticos, que foram identificadas desde o primeiro dia de inscrição.

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"Com esta alteração, a data de apresentação aos municípios também mudou. A partir desta sexta-feira, 23, até o dia 14 de dezembro, os médicos já inscritos e alocados poderão entregar a documentação no município escolhido e iniciar as atividades", informou o ministério, por meio de assessoria.

O prazo preocupa prefeitos alagoanos que dependiam dos médicos cubanos para atender a população dos municípios. É o caso da prefeita de Feliz Deserto, Rosiana Beltrão, que acredita que a saída dos médicos cubanos deve prejudicar a saúde pública da população. "Não vai ser fácil substituir em um ou dois meses", lamenta. "Além disso, Se não tem PSF [Programa de Saúde da Família], que diz respeito à saúde preventiva, os gastos com a saúde curativa dobram", completa.

A presidente do Cosems-AL, Izabelle Pereira, se mostrou preocupada com a saída dos médicos cubanos de Alagoas e disse que, enquanto gestora da pasta, tem o receio do não preenchimento a curto prazo das 127 vagas, considerando a dificuldade de provimento de profissionais médicos para as regiões de difícil acesso, principalmente nos municípios da zona rural.

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"Esses profissionais estavam em missão no Brasil e é sempre oportuno destacar a importância e a diferença que fizeram na melhoria da organização, do acesso e da qualificação da Atenção Básica nos municípios brasileiros nesses cinco anos do Programa", ressaltou.