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Alagoas tem o segundo maior número do País de barragens com risco de rompimento

Por Redação com Gazetaweb 30/01/2019 07h07 - Atualizado em 30/01/2019 16h04
Documento da ANA diz que barragens alagoanas são feitas de aterro - Foto: Ailton Cruz/Gazetaweb
Relatório divulgado no ano passado pela Agência Nacional de Águas (ANA) revela que Alagoas tem o segundo maior número do País de barragens com risco de rompimento. Segundo o documento, que tomou como base o ano de 2017, seis barragens em Alagoas apresentavam problemas em sua estrutura.

O número só é menor do que o registrado na Bahia, que apresentou 10 barragens vulneráveis. O Rio Grande do Norte é o terceiro estado do País com maior número de barragens comprometidas (5). Em seguida aparecem Tocantins (4), Espírito Santo (3), Mato Grosso do Sul (3), Rio de Janeiro (2), Rio Grande do Sul (2), São Paulo (2), Pernambuco (1), Sergipe (1) e Ceará (1).

Em todo o País, segundo o relatório da ANA, o número de barragens apontadas como mais vulneráveis subiu de 25 em 2016 para 45 em 2017. A maioria dos casos apresenta problemas de baixo nível de conservação, mas há outros motivos como insuficiência do vertedor e falta de documentos que comprovem a estabilidade da barragem.

Das 45 barragens vulneráveis, 25 pertencem a órgãos e entidades públicas. Em Alagoas, as seis barragens com risco de rompimento pertencem às usinas Seresta (cindo delas) e Santa Clotilde (1). "Ambas usinas contrataram escritórios de engenharia para avaliações e projetos, mas não tomaram nenhuma obra até o final do ano. Afirmam crise financeira", ressalta o documento da agência.

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Segundo a ANA, 99,9% das barragens existentes em Alagoas são de aterro - com poucas de concreto ou de muros de pedras argamassadas. "E as barragens de terra mais do que tudo precisam de fiscalização e observação constante por parte dos empreendedores", ressalta.

O relatório informa ainda que alguns empreendedores são altamente cuidados com seus açudes, com equipes permanentes para evitar o desenvolvimento de árvores de grande porte nos maciços. "Já outros são de um desleixo total, pouco se importando se a válvula de fundo está funcionando ou não, árvores de grande porte florescem nos taludes, alguns até permitem construções dentro do território da barragem", denuncia.

A agência também revela que os vertedouros das barragens em Alagoas nem sempre foram obra resultante de cálculo especializado e muitos usam bueiros de drenagem rodoviária sem nenhum critério, na suposição "simples achismo" que serão suficientes. "Não têm equipe de observação e controle e quando as têm, não se importam muito com os relatórios enviados pelos subordinados", revela.

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O resultado disso é que, em junho de 2017, uma barragem de argila arenosa localizada no município de Pindoba apresentou insuficiência no vertedouro, provocando transbordamento de água devido às chuvas. Graças a denúncias da população, o problema foi resolvido sem rompimento da barragem.

A ANA denuncia também que a má conservação das barragens em Alagoas não é um problema exclusivo do setor privado. "As barragens do Estado, prefeitura, DNOCS [Departamento Nacional de Obras Contra as Secas] e da Codevasf [Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba] sofrem desse mal", aponta o relatório.

"O que podia ser uma conservação rotineira, efetuada todos os anos, como desmatamentos, limpeza, roços, recuperação de rápidos, de meios-fios e soleiras de vertedouros, são relegadas a segundo plano", completa.

O documento da ANA denuncia que geralmente o poder pública fica guardando uma verba que só aparece se houver uma emergência, uma ameaça de ruptura, ou uma subsidência grave.