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Paisagista espancada por 4h diz que não quer voltar a morar no mesmo apartamento

Por Extra 25/02/2019 20h08 - Atualizado em 25/02/2019 23h11
Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
A paisagista Elaine Perez Caparroz, de 55 anos, não quer mais voltar a morar no apartamento da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, onde foi espancada por quatro horas pelo estudante de direito e lutador de jiu-jitsu Vinícius Batista Serra, de 27 anos. Ela contou que pretende sair do local para evitar lembranças da tentativa de feminicídio que sofreu, no último dia 16.

—Minha intenção é a de não permanecer morando lá. É um excelente apartamento e tem boa localização, mas vai trazer lembranças ruins pra mim. Fiquei traumatizada com o que aconteceu. Durante os sete dias que fiquei internada, me recuperando dos ferimentos, acordei várias vezes gritando ao lembrar do que havia acontecido no apartamento —disse a paisagista.

A agressão ocorreu num encontro no apartamento, que foi marcado pela paisagista e pelo estudante, após os dois conversarem por oito meses em uma rede social. Entre outros ferimentos causados pelas agressões, a paisagista sofreu descolamento de retina, perdeu um dente, levou 60 pontos na boca, e ainda está com marcas provocadas por mordidas nos braços e hematomas nas pernas.

Neste domingo, a paisagista antecipou em entrevista ao EXTRA, que acredita ter sido dopada após tomar vinho na sala do apartamento e que não se lembra de como foi levada até o quarto, onde acordou já sendo esmurrada por Vinícius, que luta jiu-jítsu.

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— Estava com ele na sala. Brindamos com vinho, e estava tudo ótimo. Em determinado momento da conversa, comecei a perder os sentidos. Era como seu estivesse num plano real do nosso encontro, e esse plano real tivesse se transformado em sonho. De repente, mudou a dimensão da realidade para mim. Eu perdi a noção, era como se eu estivesse delirando. Ainda me lembro dele já, no quarto, sem camisa, com o braço aberto dizendo para eu deitar no braço dele para dormirmos juntos. Eu disse “ok” e perdi os sentidos. Quando acordei, já no quarto, estava sendo esmurrada por ele. Acho com 99,9% de certeza que fui dopada por ele. Eu não tinha bebido tanto assim para acontecer isso — disse ela.

Segundo Elaine Caparroz, Vinícius fez questão de preparar a tábua de queijos e de servir o vinho. A garrafa havia sido aberta por ela mesmo, pouco antes. A paisagista também comprara os queijos para serem servidos no encontro, marcado após oito meses de muitas trocas de mensagens numa rede social.

A paisagista disse que o lutador a confundiu ao dar um nome falso na recepção do edifício onde ela mora. Ela acredita que Vinícius tenha se aproximado com alguma má intenção, embora ainda não saiba o que poderia ter motivado tanta brutalidade.

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— O interfone tocou e disseram que Felipe queria subir para falar comigo. Respondi que não estava aguardando nenhum Felipe. Aí disseram que era Vinícius Felipe. Pedi para o funcionário do prédio confirmar se era o Vinícius Serra, como ele se identificava nas nossas conversas. Ele perguntou e Vinícius disse que era, sim, o Vinícius Serra. Por isso, o deixei subir. Agora que a gente analisa as atitudes dele, dá para saber que ele tinha intenção de fazer algum ruim comigo — disse Elaine Caparroz.

Para a Polícia Civil, o fato de Vinícius ter fornecido outro nome é um indício que o agressor premeditou o crime. Autuado por tentativa de feminicídio, ele foi transferido na última quarta-feira para hospital psiquiátrico do sistema penal, onde está fazendo exames de sanidade mental.

A paisagista também contou que Vinícius insistiu para encontrá-la no apartamento, após saber que ela morava sozinha. Antes, eles já haviam marcado outros encontros que acabaram sendo cancelados.

— Chegamos a marcar em outros lugares e até de ir à praia juntos, mas acabamos cancelando. Ele insistiu muito para vir. Disse para ele que não recebia homem no apartamento, mas, depois de oito meses de conversa no Instagram, ele ganhou a minha confiança e eu acabei caindo nessa. Durante as quatro horas em que fui espancada, ele só dizia para eu calar a boca, além de me xingar muito. Cheguei a perguntar por que ele estava fazendo aquilo comigo, mas ele só me agredia — contou.