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Famílias mudam de vida com acesso à água potável no Sertão de Alagoas

Por Redação com Agência Alagoas 27/02/2019 14h02 - Atualizado em 27/02/2019 17h05
Foto: Agência Alagoas
O acesso de barro e o sol forte tornam a chegada ao Distrito do Piau, povoado do município de Piranhas, muito mais difícil. Tudo muda quando o calor do povo acolhedor fala mais alto, quando a falta de sombra é compensada pelos sorrisos de pessoas que sentem orgulho de “ser tão” e com um “entra aqui, meu filho” convidam a equipe da Agência Alagoas a entrar na casa delas para aliviar a sensação térmica, em uma manhã quente de fevereiro.

Esse carinho e cuidado vêm das mais de 20 famílias do Assentamento Boa Vista dos Venturas, que, por anos, não tinham água boa para beber, cozinhar e dar para os animais. Eles precisavam andar, por quilômetros, com um balde d’água em cima da cabeça e os filhos pendurados nos braços na tentativa de conseguir um pouco de desse tesouro ou tinham que comprar água dos carros-pipas – um “luxo” dos poucos que podiam pagar.

O cenário mudou e, desde o ano passado, os quilômetros tornaram-se minutos. É que bem em frente a todas as casas, agora, há um reservatório de água com sistema de dessalinização, permitindo o acesso à água de qualidade na hora em que precisarem. O sistema faz parte do Programa Água Doce, do Governo Federal em parceria com o Governo do Estado, e consiste em filtrar a água salinizada e transformar 40% dela em líquido potável.

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A vida mudou com a chegada do programa, garante dona Ana Isabel Alves, moradora do assentamento. “Melhorou muito depois do sistema, pois água potável agora nós temos. Antes, meu marido trazia água da rua para o nosso consumo. Agora, já não compramos mais, nem mineral. Graças a Deus agora é um gasto a menos. Ter um dessalinizador é uma vitória!”, vibrou.

Ela questiona, também, a qualidade da água vendida pelos carros-pipas. “A água que vem nos ‘pipas’ não vem limpa, para ver é só colocar numa garrafa PET que se observa a diferença ou até mesmo o gosto, quando a gente tomava. A água era grossa e essa é fina, é limpa mesmo, é uma maravilha”, finaliza em tom de brincadeira, afirmando que da água do sistema se toma um copo e dá vontade de tomar outro.

O vizinho de frente de dona Ana Isabel, seu José Erivaldo da Silva, também passava sufoco e precisava comprar água mineral tanto para cozinhar, quanto para beber. “Tomava do jeito que vinha, sem esquentar ou filtrar. Até tinha um agente de saúde que trazia um vidrinho com cloro para dar uma tratada. Comparada a que tinha antes, essa é outra, bem diferente. É o mesmo que tomar água mineral. Agora é só alegria, só tranquilidade. Posso tomar água a hora que quiser, pelo menos para cozinhar e beber. E isso já me liberou uma grana a mais, pois já dei uma economizada”, relatou.

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Já o filho de dona Ana, Wiliam Ramos Alves, sabe bem como definir a água: “Top de linha, primeira de luxo”. É assim que ele – morador capacitado para manusear o sistema de dessalinização e tratar a água disponível à comunidade – classifica a água do sistema. Para Wiliam, dar água boa ao seu povo faz dele um guerreiro. “A comunidade fica mais feliz por poder contar comigo para liberar a água, isso a qualquer hora do dia”, fala, orgulhoso, e ainda aumenta a expectativa de dona Ana de ser avó. “Não tenho filhos, mas agora posso pensar em ter porque eles não irão adoecer e terão uma água saudável”, disse.

“Água é saúde, sem ela somos ninguém”

No assentamento, ainda pela manhã, poucos moradores estavam em casa, porque era dia de feira – o que eles não perdem por nada. Pouco depois do meio-dia, montada numa motocicleta com seu marido, chegou Maria Francisca Ventura. De sorriso largo, conversou e contou como foi o primeiro dia de água de qualidade na comunidade.

Apoiada na porta de casa, segurando um copo cheio d’água na mão e com os olhos marejados, ela lembrou: “Todo mundo correu atrás da água, estava todo mundo feliz. Foi emocionante. Hoje, vivo bem melhor, porque antes carregava balde de água de longe e hoje a água ‘tá’ bem aqui do lado, minha casa é a que fica mais perto. Sou a mais feliz e presenteada com o Programa Água Doce. Água é saúde, sem ela somos ninguém”, disse emocionada.

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“Tenho água boa para beber. O Programa veio numa boa hora. Tenho três filhos e já estão acostumados com a boa (água doce). Antes era no poço, na mão, carro de boi, e agora tem tudo em casa”, assegurou Maria Francisca. “Quem quiser é só vir pegar, que é acessível. Hoje é só ir ali buscar, bem rapidinho, não chega nem a um minuto, é só vir pegar!”.

O programa


O Programa Água Doce atua na promoção da convivência com a estiagem, sempre no Agreste e Sertão de Alagoas. Em quatro anos, instalou e colocou em funcionamento 50 cisternas, espalhadas por 33 municípios. Quatro mil famílias foram atendidas, chegando a um total de 25 mil pessoas beneficiadas.