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"Engravidei de trigêmeos tomando anticoncepcional, de um marido vasectomizado"

Por Marie Claire 07/10/2020 11h11
Alessandra e os trigêmeos - Foto: Arquivo pessoal

“Estava com 23 anos e tinha acabado de começar o relacionamento com Maico, que havia conhecido um ano antes, quando descobri que estava grávida. Dois meses depois, já estávamos morando juntos para esperar Helena, que chegou em 10 de junho de 2016. Certos de que nossa família já estava completa, assim que fui mãe, comecei a tomar anticoncepcionais e nunca mais parei de me precaver. Nem quando meu marido decidiu fazer uma vasectomia, no ano passado, nem depois de descobrir que tinha ovários policísticos, que não impede, mas dificulta a concepção. Estava tomando injeções contraceptivas trimestrais quando, por causa dos cistos, minha ginecologista recomentou que passasse a administrar doses mensais do medicamento. E assim o fiz. Em outubro, novembro e dezembro. Em janeiro, a menstruação não veio.


Achei que era por conta dos ovários, e tomei a injeção mesmo assim. Nessa época, comecei a sentir uns enjoos do nada e até passou pela minha cabeça que aqueles sintomas eram parecidos com os de gravidez, mas não podia ser. Mais prevenidos que Maico e eu impossível.


O mês correu quase inteiro e, como o mal-estar não passava, pedi para meu marido comprar um teste de farmácia. Fui para o banheiro suando de aflição, com medo de o resultado ser positivo. Mas me tranquilizei quando o aparelhinho apresentou uma linha forte e outra bem fraquinha, que entendi como negativo. Ser mãe de novo realmente não estava, de maneira alguma, nos meus planos.


Em seguida, começaram os sintomas pré-menstruais. Cólica, seios doloridos e mau-humor. De volta ao médico para a consulta de rotina, fiz os exames de sangue e descobri: estava grávida. Não consegui nem comemorar, aquela não era uma notícia esperada. Nos primeiros dias, chorei muito, mesmo com Maico fazendo de tudo para eu me sentir melhor – apesar de também não ter ficado nada animado com a novidade.


Só fui descobrir há quanto tempo estava grávida um mês depois, quando fui fazer o ultrassom transvaginal. Quase caí da maca quando me falaram que eu esperava não um, mas três bebês. Minha visão ficou turva na hora e tive uma sensação de desmaio. Ainda estava assimilando o fato de ser mãe novamente, e descubro que teria três crianças gêmeas. Não podia ser! Como cuidaria de quatro? Coisas horríveis passaram pela minha cabeça. Até em me matar pensei. Em depressão, pensava que não queria ser mãe novamente, nunca havia desejado ter vários filhos. Também apavorado, meu marido vivia perguntando como iria sustentar tanta gente. Senti medo, angústia. E pavor de não dar conta do recado.


Até a 19ª semana de gestação, ainda não tinha assimilado e nem aceitado que estava carregando trigêmeos na barriga. Por causa da pandemia, tive que sair do pet shop em que trabalhava para proteger a família. E, para piorar a situação, Maico perdeu o emprego. Aí realmente bateu o desespero. O auxílio emergencial do governo até me ajudou a abastecer a casa, mas não sobrava nada pra montar o enxoval dos bebês – e a frustração só aumentava.


Não fossem as minhas amigas, que fizeram um pedido de doação nas redes sociais, e de alguns familiares, meus trigêmeos não teriam nem o que vestir direito. Minha prima também postou um vídeo, e recebi ajuda de gente que eu nem conhecia. Nesse momento, com a barriga crescendo sem parar e os presentes chegando, comecei a me acostumar com a ideia de ser mãe de novo. Engravidar de três e da forma que foi só podia ser coisa do destino.


No dia 13 de agosto deste ano, com 32 semanas de gestação, Matheus, Mirela e Murilo nasceram em uma cesariana de menos de 40 minutos, cada um com quase 2kg. Só quando vi aqueles três rostinhos lindos e redondinhos, entendi o sentido daquilo tudo. Meus três pacotinhos, que começaram a gerar amor em gente que nem me conhecia, antes mesmo de nascerem.


Helena ficou felicíssima em conhecer os irmãozinhos, e cuida deles com o maior carinho. Há dois meses eles nasceram, tempo em que a felicidade voltou a reinar na nossa casa. Mais próximo à família do que nunca, meu marido também voltou a trabalhar e, aos poucos, nossa vida está entrando nos eixos. Estou cada vez mais enlouquecida, sozinha em casa, com quatro crianças, mas tão feliz que faria tudo de novo. Igualzinho.”