Projeto “Um livro para chamar de meu” promove doação de livros
Organizadora ressalta a importância da leitura no desenvolvimento das crianças
É fundamental promover o acesso aos livros para as crianças, no entanto, muitos brasileiros não conseguem frequentar escolas ou ter um exemplar em casa para ler. A taxa de analfabetismo continua alta: em julho deste ano, o número de pessoas não alfabetizadas teve uma queda tímida de 6,8% em 2018, para 6,6% em 2019, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A escritora e professora, Márcia Mendes, sentiu isso na pele, pois teve contato com livros tardiamente. Mesmo com essa realidade, ela cresceu cultivando a sua paixão pela literatura. Atualmente, a educadora contribui para mudar a realidade de diversas crianças que não possuem condições de ter acesso ao mundo mágico dos livros. Márcia transformou a paixão pela escrita em um trabalho de formação de professores com a literatura.
Ela também criou um projeto intitulado “Um livro para chamar de meu”, que recebe doações de editoras e de pessoas comuns que querem contribuir para mudar esta cena de exclusão literária. Os quase 500 livros já arrecadados são repassados para os pequenos de forma gratuita. Interessados em contribuir com a iniciativa podem entrar em contato pelo instagram da idealizadora do projeto @marciacasm.
“Quando pequena, eu sentia falta de ler. Sempre tive amigas que tinham aquelas enciclopédias e livros de literatura. As histórias chegavam até a mim através da contação de causos, dos cordéis que eu via na feira livre do município em que eu morava. A falta dos livros na minha vida não tirou a minha vontade de ler, mas de certa forma contribuiu para que eu me sentisse menos. Eu não entendia o porquê eu não os tinha em casa. Pela falta de um livro para chamar de meu na infância, surgiu a vontade de criar o projeto, porque eu ainda encontro muitas crianças que não têm um livro em casa, principalmente um livro de literatura”, revela a autora.
Autora de três obras literárias dedicadas ao público infantil, Márcia Mendes lança neste sábado a mais recente obra intitulada A Gata que não era Xadrez. Com ilustrações de Marcelo Cardinal, a obra é inspirada no livro Era uma vez o Gato Xadrez, de autoria de Bia Vilela. O lançamento acontece este sábado, 17 de outubro, às 17 horas, em uma live literária no canal do Youtube ENDTV BRASIL. “A pandemia nos ensinou a repensar a forma de divulgação do nosso trabalho e está ajudando a ser ainda mais acessível”.
O incentivo à educação
“Eu não vejo um ensino na escola que não seja através da literatura, da arte, do teatro, da brincadeira porque essa é a forma intuitiva que a criança se comunica com o mundo e o entende”, destaca o escritor e professor de Filosofia Saulo Dourado.
Filho de professores, Saulo, 31 anos, esteve sempre inserido no mundo da literatura. Quando pequeno, brincava na biblioteca do pai e mergulhava nos livros que ali estavam guardados. “Meu pai é professor de matemática, mas aficionado por livros de literatura. Ele colecionava diversos livros, revistas e enciclopédia. Mas quem sentou comigo para ler esses livros foi minha mãe, que é pedagoga e, na época, era professora de educação infantil”, relembra.
Pais e escolas precisam estar atentos para ajudar os pequenos na missão da leitura e da escrita. Muitas vezes, é através das instituições de ensino que a literatura entra na vida dos pequenos que não tem acesso à educação de qualidade. “Por isso, é importante ter livros de literatura para alfabetizar. O livro enquanto objeto pode não ser mais tão atraente e interativo quanto agora uma tela que se mostra de uma maneira sedutora para uma criança, mas não pode ser substituído”, defende Dourado.