Estudante de Biomedicina desiste de carreira na perícia criminal para trabalhar com Anitta
Alline Laís Basílio de Azevedo, de 27 anos, está desde os 20 ao lado de Anitta, fazendo parte do balé da cantora. O que pouca gente sabe é que a carioca abriu mão de uma carreira promissora na área da perícia criminal, para dançar com a artista. Longe dos palcos por conta da pandemia do coronavírus, ela contou à Quem detalhes curiosos, perrengues e até um triste episódio de preconceito racial que sofreu em uma viagem a trabalho com a estrela.
"Há pouco tempo, durante um voo internacional, eu pedi um copo de água para a aeromoça e ela apenas me ignorou, pedi novamente e mais uma vez fui ignorada. Pedi para a Melissa, outra bailarina de pele branca, pedir a água, no mesmo instante ela trouxe para ela o meu pedido foi apenas esquecido. Ser seguida em loja, ter um atendimento meia boca, já vi gente me tratando mal e ao saber para quem eu trabalhava, mudou da água para o vinho. Isso acontece todos os dias, essa é a importância de derrubar de vez essa sociedade racista. Eu espero que resulte em uma sociedade igualitária onde a cor da pele não seja uma barreira", declara.
Alinne estava na faculdade em uma área completamente diferente quando surgiu a oportunidade de integrar a equipe de Anitta. "Quando comecei a dançar com Anitta, estava no 3° período de Biomedicina. Minha ideia, a princípio, era trabalhar com a parte de perícia criminal. Até hoje, continuo amando tudo que envolve investigação criminal! Mas a vida me levou para outro caminho", avalia.
A jovem contou com o apoio da família para a mudança brusca de profissão. "Minha mãe sempre me apoiou, sempre me motivando a buscar o que queria. Meu pai estava um pouco intrigado até finalmente poder ir em um show e ver qual era meu trabalho. Creio que todos quando foram vendo e conhecendo, quebraram aquela barreira a respeito de dançar funk”, acredita.
Desde o sucesso Show das Poderosas ao lado da cantora, em 2013, Alinne destaca a evolução de Anitta. "No começo fazíamos muitos shows por todo o Rio de Janeiro, eram três em uma noite, em palcos onde nós tínhamos que dançar apenas da cintura para cima porque se mexêssemos muito as pernas, poderíamos acabar nos machucando ou pisando em algum instrumento. Camarim era luxo! Hoje em dia, nós estamos em grandes palcos, de grandes festivais, com uma infraestrutura não só para a artista como para a equipe também", comemora.
Alinne nega a fama da patroa de durona e muito exigente. "Creio que a cobrança está dentro da minha cabeça! Procuro não dar motivos para ser cobrada por nada, Arielle (também dançarina de Anitta) tão pouco. Erros acontecem, normalmente, mas nunca veio dela uma cobrança direcionada a nós duas", justifica ela, que lembra com bom humor situações de imprevistos durante apresentações.
"Alguns perrengues são imperceptíveis para o público, a gente que sabe e, às vezes, tem um fã ou outro que manda depois para gente, porque notou. Uma vez, pisei no pé da Anitta sem querer durante a performance de Downtown e acabei tirando o tênis dela. Foram dois segundos de desespero até o sapato voltar para o lugar e depois ficou aquele ar engraçado. É uma roupa que gruda, um escorregão, sempre acontece alguma coisinha que não está programada, que na hora dá aquele friozinho na barriga, mas depois vira história para gente rir no camarim", diz.
Nem tudo são flores em cima do palco e a dançarina já foi assediada em show. "Alguns homens que se acham no direito de falar alguma coisa, por estarmos com uma roupa curta, acontece em praticamente todo show! Eu já bati boca com vários e Arielle também. Alguns deles ficam mais contidos quando os meninos do balé estão por perto. Eles ficam calados, mas a forma de se comportar e de olhar você da para imaginar o que se passa na cabeça deles. Diversas vezes temos que chamar nosso produtor para retirar alguns caras que perdem totalmente a noção", lamenta.
Morrendo de saudades da estrada, Alinne tem matado um pouco da vontade de dançar com as aulas online que dá. "Tem sido bom para continuarmos em movimento não só do corpo, mas também da mente. Porém, espero que não precise ser assim por muito mais tempo, eu gosto de contato, de calor humano, de trocar energia com os alunos. Eu digo que a aula online só está mantendo a gente aquecido, porque quando voltarmos para a sala de aula é para incendiar", promete.
Alline era estudante de biomedicina (Foto: Divulgação)