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Pacientes esperam por vaga em hospitais do Rio em cadeiras e poltronas

Por G1 08/12/2020 14h02
Pacientes esperam por vagas em cadeiras - Foto: Reprodução/RJ1

Pacientes em estado grave da Covid-19 aguardam por uma vaga em poltronas e cadeiras de emergências de hospitais do Rio. Algumas unidades de saúde estão com leitos fechados na rede municipal, estadual e federal no Rio.


Imagens exibidas pelo RJ1 nesta terça-feira (8) mostram que algumas pessoas ficaram em macas improvisadas perto do chão na Coordenação de Emergência (CER) do Leblon, na Zona Sul do Rio.


“Hoje estamos aqui no CER Leblon com mais de 50 leitos ocupados de CTI, pacientes numa sala que não caberia 10, amontoados em 18, 19, 20”, diz uma pessoa em vídeo gravado dentro da unidade.


Funcionários da Coordenação de Emergência da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, relatam que a situação é parecida na unidade. As salas têm capacidade para 31 pessoas e na manhã desta terça-feira (8) havia 57, quase o dobro.


A sala amarela, que está sendo usada para atender os casos de Covid, 38 pacientes esperam pela transferência para um hospital.


O pai da advogada Daphne Almeida testou positivo e teve um infarto, segundo os médicos por ação do vírus. A transferência para o Instituto Nacional de Cardiologia só saiu com uma liminar da Justiça.


“Ele está aqui e não pode fazer nenhum exame. Ele precisa dessa transferência para fazer o cateterismo”, disse a filha de paciente.


Hospitais com leitos fechados



O sistema do Censo hospitalar do SUS mostra que o Hospital do Andaraí tem leitos de UTI fechados por falta de médicos. O Governo do Estado anunciou a abertura de leitos na rede de hospitais da capital.


Entre os citados, o Hospital Estadual Anchieta, no Caju, Zona Portuária do Rio, irá receber leitos e funcionários. Segundo o Censo, das 81 vagas para receber pacientes, 51 estão impedidas. Apesar disso, profissionais de Saúde ainda estão sendo contratados.


O sistema também mostra que o hospital São Francisco da Providência de Deus, que vai atender pacientes do SUS por um convênio com o estado, continua com 78 leitos bloqueados. Na rede federal, há 48 leitos de UTI prontos e fechados no Hospital do Fundão.


Há ainda 34 leitos fechados no Instituto Nacional de Infectologia da Fiocruz onde 131 pacientes estão internados com Covid.


A prefeitura também disse que vai abrir mais leitos de UTI no hospital Ronaldo Gazolla, na Zona Norte do Rio. Mas, segundo funcionários, pelo menos 100 leitos continuam fechados na unidade.


Unidades básicas estão recebendo pacientes graves, diz médico



Enquanto leitos continuam fechados, médicos que trabalham nas clínicas de famílias dizem que os pacientes estão chegando graves às unidades básicas.


“Você entra para trabalhar de manhã e o seu trabalho que deveria ser atender casos básicos, casos leves. É correr atrás de vaga zero de ambulância as vezes três, quatro, cinco ambulâncias (...) É saber que no horário de fechamento da clínica, você não vai embora e vai ter que ficar até tarde da noite com o paciente sendo assistindo esperando para que esse paciente consiga chegar a uma emergência que também vai estar lotada”, disse Carlos Vasconcellos, médico da família.


“A curva de casos entrou no exponencial tem duas semanas e o óbito ainda não, o que supõe que a gente vai entrar no exponencial de óbitos agora nas próximas duas semanas porque entre o caso notificado e o óbito propriamente dito são normalmente 15, 20 dias”, completou o médico.


O que dizem os citados



A Prefeitura do Rio disse que as emergências não recusam pacientes e que, durante a pandemia, elas estão cheias. Apesar disso, segundo a administração municipal, todos os pacientes recebem assistência.


A prefeitura afirma que as macas são rebaixadas por causa do risco de acidente. A prefeitura disse ainda que de novembro até esta terça-feira (8) abriu 37 leitos e que vai abrir 50 leitos de UTI e 170 de enfermaria na próxima semana.


O Governo do Estado foi questionado sobre leitos fechados no Hospital Estadual Anchieta e no Hospital São Francisco, que tem convênio com o SUS, mas não recebemos resposta até a publicação da reportagem. Também não houve retorno do Ministério da Saúde sobre os leitos fechados na rede federal.