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Arapiraquense, aluno de computação na UFAL é inspiração após chegar a Havard; confira a história

Raniery Ferreira conta que a prática em laboratório motivou a continuação dos estudos

Por da redação com assessoria 12/12/2020 12h12
De Arapiraca à Harvard - Foto: Assessoria

Cada passo dado é uma marca deixada na trajetória acadêmica. O caminho pode ter um mapa confuso que parece sem saída, e tesouros achados são como grandes oportunidades para seguir adiante. A rota de José Raniery Ferreira Júnior o levou até Harvard, mas para chegar lá, o ponto de partida foi o Campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas.

“A caminhada é difícil, mas foca no fim que dá certo’. Foi o que o meu orientador me disse em uma das derrotas da vida”, conta Raniery, deixando como conselho a todos os alunos que possivelmente já enfrentaram muitos desafios universitários. Doutor em Bioengenharia pela Universidade de São Paulo (USP), o jovem nascido e criado em Arapiraca fez a graduação em Ciência da Computação no campus do interior e projetou a continuação dos estudos emendando com o mestrado no Instituto de Computação do Campus A.C. Simões da Ufal.

“A Ufal sempre deu o suporte necessário para os meus estudos. E poder fazer isso ‘em casa’ foi ainda melhor”, disse, referindo-se à oportunidade de iniciar a vida acadêmica perto da família. Foi nesse percurso que Raniery encontrou o primeiro tesouro do mapa: o professor Marcelo Oliveira, que enxergou no aluno um grande potencial a lapidar.

“Desde o início ele se mostrou muito curioso e motivado em aprender os conceitos da minha Tese. Tive a oportunidade de passar para ele todo o meu conhecimento em análise de imagens médicas. Lembro muito bem de apresentá-lo a artigos científicos que eram profundamente estudados e discutidos em alto nível”, destacou Marcelo, recordando que a graduação resultou num TCC com nota máxima e a dissertação de mestrado rendeu cinco artigos em periódicos internacionais de alto impacto e outros seis em conferências internacionais.

Caminho certo


Quando a estrada é longa, há muitas paradas, encruzilhadas e obstáculos. Alguns estudantes iniciam um curso e param em algum ponto sem ter um norte, mas quando o guia já passou pelo caminho, sabe indicar as direções. Professores como Marcelo propõem usar uma bússola chamada “iniciação científica”. Foi essa que Raniery explorou.

“Consegui aplicar muitos dos conceitos e disciplinas em um problema real. Isso é de uma importância enorme, principalmente para os alunos de cursos das exatas e da computação como eu, que vemos teoria de cálculo, álgebra e geometria. Conseguir ver a real aplicabilidade do nosso curso é algo imensurável, e foi a iniciação científica que me proporcionou isso”, revelou Ferreira.

A motivação da prática foi centralizada no Laboratório de Telesaúde e Informática Médica (Latim), que fica no Hospital Universitário da Ufal. Lá, ele adquiriu experiência na área de análise de imagens médicas e direcionou a dissertação para o tema de auxílio computadorizado ao diagnóstico do câncer de pulmão. Foi a porta de entrada para o doutorado no Programa de Bioengenharia da USP, com orientação do professor Paulo Mazzoncini, outro importante guia nessa trajetória.

Tendo o docente como referência profissional em sua área, Raniery ainda percorreu territórios estrangeiros e ganhou bolsa para um estágio no Massachusetts General Hospital, da Faculdade de Medicina de Harvard. Uma expedição e tanto para o filho de Arapiraca.

“As mudanças de todo o período foram muito complicadas, mas necessárias. Graças a minha família e esposa, principalmente, que contornamos isso. O maior desafio foi a adaptação no estágio no exterior. A cultura diferente aconteceu em vários lugares e contextos nesse período, tanto pessoal como profissionalmente, e isso acarretou numa piora drástica do meu desgaste físico”, lembrou, ratificando que todo caminho tem percalços que desafiam a própria natureza humana.

Quanto mais difícil, maior a conquista


Sair do rumo, perder os trilhos e desistir são opções frequentemente apresentadas durante todo o trajeto. Mas quando Raniery começou os primeiros passos lá em Arapiraca parecia determinado a ser exemplo aos que estavam chegando. Conseguiu! Destino cruzado com quem é movido a desafios numa viagem de sucesso!

“Em nosso laboratório sempre escolhemos temas complexos, pois acreditamos que sem dificuldades e desafios não existe paixão. E é essa paixão pela descoberta científica que nos contenta”, evidenciou o professor Marcelo, primeiro mentor do ex-aluno da Ufal, que comemora junto cada conquista dele porque inspira os outros.

E aquela bússola que o professor aconselha usar é só mais um instrumento do arsenal de equipamentos que os estudantes devem carregar na bagagem para aprender a manusear: “Participe de um grupo de pesquisa, seja um aluno de Iniciação Científica, leia, escreva e publique artigos científicos. Estude bastante, seja curioso, e se você acha pesquisa chata, está aprendendo a pesquisar com o professor errado”.

Cada mapa é diferente e o de Raniery também não chegou ao fim. Seu trabalho foi premiado como a Tese Destaque USP (2020) na área das Engenharias e recebeu Menção Honrosa no Concurso de Teses e Dissertações deste ano, organizado pela Comissão Especial em Computação Aplicada à Saúde (CE-CAS) da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). O conhecimento é duradouro. A jornada continua.