Filtros e redes sociais: busca por padrão de beleza pode causar dependência e afetar saúde mental
Psicólogo alerta para uso moderado e racional da tecnologia: “perfeição não existe”, diz
Tudo começa com uma brincadeira divertida, onde uma pessoa pode se transformar e ser, por alguns segundos, outra. Os filtros das redes sociais abrem espaço para cenários incríveis, comidas deliciosas e corpos perfeitos.
Mas profissionais da saúde mental alertam para os efeitos negativos que eles são capazes de causar. Para o psicólogo do Hapvida, Dr. Carol Costa, é preciso ficar atento quando o uso de aplicativos se torna uma necessidade, o que pode revelar comportamentos patológicos e causar dependência.
“Conseguimos ser quem nós queremos ser através desses avatares. A grande questão é que a perfeição não existe e a busca por um padrão de beleza exige sacrifício”, pondera o especialista.
DISMORFIA CORPORAL, ANSIEDADE, DEPRESSÃO E TRANSTORNOS ALIMENTARES
Entre os efeitos negativos do uso excessivo de filtros nas redes sociais, o psicólogo destaca ansiedade, depressão, transtornos alimentares e até dismorfia corporal, transtorno caracterizado por uma insatisfação com a própria imagem por não corresponder aos padrões de beleza socialmente impostos.
“Com o uso cada vez mais frequente das redes sociais, muitas pessoas acabam se sentindo escravas de uma beleza que é imposta: ideal, fabricada e irreal. É necessário demonstrar felicidade a todo momento e projetar uma realidade que não existe. Valoriza-se cada vez mais a beleza física e deixa-se de lado a beleza subjetiva que envolve caráter, personalidade, dignidade e reputação”, afirma o profissional.
“QUANDO O MUNDO REAL NÃO TEM GRAÇA, O MUNDO VIRTUAL ESCONDE AS IMPERFEIÇÕES”
A utilização de filtros de maneira indiscriminada também pode gerar outros problemas: a necessidade de postar algo sempre e a possibilidade de tornar a vida “mais emocionante”. “Quando o mundo real não tem graça, o mundo virtual esconde as imperfeições. Lá eu não sou frustrado e sou quem eu quero ser. Além disso, também posso falar o que eu penso na hora que desejar”, destaca Dr. Carol Costa.
O profissional destaca que a relação das pessoas com a tecnologia deve ser permeada pelo equilíbrio. “Bom senso sempre. Usar filtros deve ser algo divertido, lúdico, engraçado. A partir do momento que isso se torna uma necessidade, é necessário procurar ajuda”, finaliza.