Como o futebol brasileiro pode se impor no mundo?
A temporada 2021 do futebol brasileiro está prestes a começar e uma questão ainda permeia a mente de todos que acompanham o esporte: qual é o time da vez? Existe algum grande favorito? E, afinal de contas, para onde caminha o futebol brasileiro?
Pode-se argumentar que o Palmeiras é o time que pode ser elevado a tal posto, uma vez que é o mais recente campeão da Libertadores da América, fez uma boa campanha no brasileirão e também foi campeão paulista.
Apesar disso, o contraponto está no desempenho do time no recente mundial de clubes: dois jogos e duas derrotas. A primeira de 1 a 0 contra o Tigres, do México, e a segunda nos pênaltis contra o Al Ahly, do Egito.
Aqui há duas verdades que não são excludentes. O Palmeiras fez uma boa campanha e mereceu seus títulos, mas o futebol que o time de Abel Ferreira tem apresentado está muito abaixo das expectativas, tanto da torcida quando do mundo do futebol no geral.
Um dos motivos que pode explicar a má atuação do Palmeiras no Mundial de Clubes de 2021 é a maratona de jogos que a equipe realizou nos últimos meses. Não se trata apenas do time que mais jogou no Brasil na temporada (foram 58 jogos em 2020), mas também o de melhor campanha.
Em outras palavras, o time jogou mais vezes porque avançou às fases finais de praticamente todos os torneios que disputou. Portanto, é natural que muitas partidas consecutivas gerem resultados negativos, o que afeta o time dentro e fora de campo. Isso fica ainda mais evidente se tratando de jogos grandes e importantes, como as fases finais da Libertadores e os jogos do Mundial de Clubes.
Outro time que também pode ser apontado como o da vez é o Flamengo, já que o mais recente campeão brasileiro possui elenco para apresentar um bom futebol e vencer tudo o que disputa. Porém, a irregularidade do time durante a temporada de 2020 não nos permite afirmar que é o grande favorito.
Diferentemente do início do ano passado, quando o time de Jorge Jesus encantou, não há mais tanta confiança, pelo menos não da mesma maneira. O Flamengo de 2019 é um excelente ponto de partida para responder à pergunta feita no primeiro parágrafo.
Uma nova geração de técnicos
Ao analisarmos o Campeonato Brasileiro de 2020, vemos que muitos times tentaram seguir uma fórmula parecida: técnicos estrangeiros que trazem novas ideias de jogo. O que se percebe é que os times não querem apenas vencer, querem também apresentar um bom futebol, aquele que encanta quem assiste.
Foi dessa maneira que o Atlético Mineiro, comandado por Jorge Sampaoli, conquistou o campeonato estadual e figura nas primeiras colocações do brasileirão. Foi assim também que o Palmeiras foi campeão da América sob o comando do português Abel Ferreira.
Outros times também seguiram essa fórmula, ainda que sem o mesmo sucesso ou consistência: o Vasco tentou com o português Sá Pinto, que acabou não conseguindo entregar um excelente trabalho; o Internacional começou o ano com o argentino Eduardo Coudet, que deixou o clube para treinar o Celta de Vigo, na Espanha; o Botafogo também teve uma tentativa falha com Ramón Diaz.
O exemplo mais recente é a contratação de Hernán Crespo pelo São Paulo, uma aposta estrangeira após o time falhar com Fernando Diniz no comando. Diniz, por sua vez, faz parte da nova geração de técnicos brasileiros que, apesar de trazerem novas (e boas) ideias, ainda não conseguiram se firmar.
Dessa nova geração, Tiago Nunes, Rogério Ceni e Guto Ferreira se destacam e já conseguiram títulos importantes, enquanto outros técnicos ainda buscam uma maior aprovação, mesmo mostrando iniciativas que podem acrescentar valor ao nosso futebol, como é o caso de Roger Machado e Lisca.
O futebol brasileiro está mudando. Vivemos ainda uma mescla das novas ideias brasileiras, da novidade dos técnicos estrangeiros e dos conceitos mais antigos – que não são necessariamente ruins, vale ressaltar.
A partir desses elementos, é possível compreender o que os times querem, de como o Brasil pode se impor no mundo do futebol e ter equipes que sejam novamente protagonistas em campeonatos intercontinentais.