Rita Cadillac vende fotos sensuais para pagar contas: “Se a Anitta pode, por que eu não?
Há pouco mais de um ano, Rita Cadillac ainda comemorava a boa fase na carreira. Com a agenda cheia até o início 2020, a musa da comunidade LGBTQ+ e rainha do bumbum era presença constante em festas temáticas e blocos de Carnaval. Mas o que ela — e toda a classe artística — não poderia imaginar é que as cortinas do “velho normal” se fechariam na ressaca da pós-folia.
Desde os primeiros casos de Covid-19 no Brasil, em fevereiro do ano passado, o país lida com as consequências do distanciamento social e a falta de medidas eficazes para combater a pandemia.
“A situação do artista está muito feia. Estava ensaiando peças, iria estrear no teatro, faria shows, mas tudo foi cancelado. Estou há mais de um ano sem ganhar dinheiro”, diz.
A partir de uma conversa com amigos e pedidos de fãs, Rita, conhecida por ser uma mulher de vanguarda, decidiu quebrar mais um tabu. Aos 66 anos, ela estreou um perfil no OnlyFans (OF), rede social de fotos sensuais. Estrelas internacionais como Cardi B e Bella Thorne, além de brasileiras como Anitta e a jornalista Angélica Morango, também divulgam materiais mais ousados na rede.
“Se a Anitta está lá, por que eu não poderia estar? Por ser uma pessoa com 66 anos?”, questiona. “Sempre tem um chinelo velho para um pé certo. Tem gosto para tudo, pessoas gordas, magras, coroas... Soube da plataforma e vi a chance de criar conteúdo por lá. Esse período tem sido terrível para quem está acostumada a trabalhar. É doloroso. Consegui pagar minhas contas até agora com o dinheiro que poupei de 2019 e o Carnaval de 2020, mas não estamos vendo uma luz no fim do túnel, então decidi tentar me manter com a plataforma. Só tirar dinheiro e não repor é horrível, tem hora que a fonte seca”, reflete.
A artista cobra o mínimo de 10 dólares para que os assinantes tenham acesso ao seu material. Ao ingressar na plataforma, ela viu a oportunidade de incentivar mulheres de todas as idades a se valorizarem como são.
Para manter o bem-estar, Rita se dedica a rituais de cuidados diários, como alimentação saudável, exercícios e atenção com a saúde mental. Solteira e vivendo com seu cãozinho, ela diz que supera os momentos de solidão com a ajuda dos amigos, com quem faz videochamadas constantes.
“Todos os dias acordo e durmo com um mantra, sempre repito: ‘Não tive [Covid-19], não tenho e não vou ter’. E tento me cuidar. Não faço aglomeração e sempre me cuido quando preciso ir para a rua. Tem dias que choro, porque a gente começa a ver a situação do país, sem esperança, mas ao mesmo tempo acredito que vai melhorar.”
“Primeiro comecei a fazer algumas fotos mais sensuais no meu Instagram para que mulheres da minha idade ou até as mais novas que têm algum bloqueio, conseguissem se libertar disso. Tive muito retorno de várias mulheres que conseguiram superar preconceitos e tabus. Acho lindo uma mulher de 66 anos se mostrar dessa forma, é bom para que saibam que você é dona do seu corpo, da sua mente, de você. Alguém com 66, hoje, está nova, em plena atividade.”
Morando em um apartamento na Santa Cecília, região central de São Paulo, com Pietro, seu cachorro, é a própria artista quem faz a produção de seus ensaios.
“É tudo caseiro. Fiz uma sessão uma vez, as fotos ficaram bonitas, mas a maioria sou eu mesma quem faz. O importante é o que a mulher pensa, sente... Se tem o desejo de tirar uma foto mais sensual, tira, não tenha vergonha, não tenha medo. Tire com toda a coragem do mundo. Mas não faça nada que você possa se arrepender, seja consciente. Claro que é muito bonito o corpo malhado de uma menina de 22 anos, mas também é lindo o corpo de uma mulher de 66, 70, não importa a idade.”