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Flávio Bolsonaro chama Renan de vagabundo, e CPI suspende sessão

Por da redação com UOL 12/05/2021 18h06
Senador Flávio Bolsonaro - Foto: Reprodução

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi à CPI da Covid e, ao defender o ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações Fabio Wajngarten, que presta depoimento hoje aos senadores, chamou de "vagabundo" o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Houve troca de ofensas e a sessão foi suspensa pelo presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), Omar Aziz (PSD-AM).

"Vamos tentar colocar vacina nos braços dos brasileiros e não tentar fazer palanque, como o senador Renan Calheiros tenta fazer. A todo momento, querendo aparecer... Imagina um cidadão honesto sendo preso por vagabundo, que é o senador Renan Calheiros?!", afirmou Flávio Bolsonaro.



"Vagabundo é você que roubou dinheiro do pessoal do gabinete", rebateu Renan, referindo-se às denúncias de "rachadinha" que envolvem o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), reclamou da postura de Flávio, que não é membro da CPI, e disse que houve um flagrante "quebra de decoro". Aziz, que já pretendia interromper os trabalhos devido à sessão deliberativa do plenário do Senado, então suspendeu a reunião.

Na saída do plenário da CPI, após a suspensão, Renan e Flávio voltaram a se estranhar. Renan disse a Flávio: "Moleque é você. Você é que é moleque".

A sessão hoje da CPI já teve bate-boca, acusações de mentiras e até pedido de prisão de Wajngarten por Renan Calheiros. No entanto, o pedido foi negado por Omar Aziz.

Um dos principais governistas na CPI, Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou que Renan vem sustentando um "pré-julgamento". Ele considera que não houve crime em flagrante por Wajngarten, mas, sim, o cometimento de "abuso de autoridade" por outras pessoas, sem citar Renan diretamente.

O deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ), da tropa de choque bolsonarista no Congresso Nacional, saiu em defesa de Flávio Bolsonaro.

Já a atitude de Flávio foi criticada por senadores da oposição, como Humberto Costa (PT-PE).

A expectativa é que a reunião da CPI seja retomada após o término da sessão deliberativa do Senado.

A CPI da Covid investiga ações e eventuais omissões do governo federal em meio à pandemia, além de fiscalizar recursos da União repassados a estados e municípios.

Os senadores questionam Fabio Wajngarten principalmente sobre a participação dele na negociação de vacinas contra a covid-19 da Pfizer —uma carta da farmacêutica ficou parada por dois meses à espera de uma resposta do governo federal— e supostos erros nas campanhas de comunicação do governo quando ele estava à frente da área.

Calheiros reclamou por diversas vezes sobre o comportamento de Wajngarten. A seu ver, o publicitário e ex-membro do governo deu respostas escorregadias ou em contradição ao teor da entrevista que ele havia dado à revista Veja, no final de abril deste ano.

De acordo com a Constituição, em oitivas realizadas por uma CPI, os intimados são obrigados a falar a verdade, sob risco de receberem voz de prisão caso seja confirmado, em flagrante, algo que não corresponda à realidade dos fatos.

Entrevista polêmica


Na entrevista à Veja, Wajngarten culpou o Ministério da Saúde pelo atraso da chegada das vacinas contra a covid-19 e pelo insucesso nas negociações do Planalto com a farmacêutica Pfizer. Nas palavras do ex-secretário, a pasta agiu de maneira "incompetente" e houve "ineficiência".

A declaração de Wajngarten ocorreu às vésperas da instalação da CPI da Covid no Senado.

Wajngarten deixou o comando da Secom após uma série de atritos com o então comandante do ministério da Saúde, o general Eduardo Pazuello, que também foi demitido do cargo.

Em entrevista a repórteres, logo depois de chamar Renan de "vagabundo", na tarde de hoje, Flávio Bolsonaro voltou a defender Wajngarten e minimizou as declarações.

"Ele [Wajngarten] não falou que foi incompetência do [ex-]ministro Pazuello. Ele falou que foi incompetência da equipe do Ministério da Saúde. Talvez da burocracia, ali, querendo buscar uma negociação melhor, preservar o dinheiro público. Isso, na minha opinião, foi o motivo da demora. Não foi dolo de ninguém."