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Reitor diz que Orçamento atual trará prejuízos irreversíveis, mas a Ufal não vai parar

Tonholo falou sobre corte orçamentário que causa crise financeira na Ufal

Por Assessoria 13/05/2021 11h11
Foto: Ufal Arapiraca (Foto: arquivo)

O reitor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Josealdo Tonholo afirmou que o Orçamento atual trará prejuízos irreversíveis, mas a Ufal não vai parar. Ele lembrou que a instituição já passou por crises, do ponto de vista financeiro e orçamentário, e acredita que, talvez, essa seja uma das maiores crises já vivenciadas pela Universidade.

“Estamos sofrendo e vamos sofrer mais. Teremos muito impacto, muito prejuízo acadêmico, mas vamos continuar funcionando, vamos sobreviver, porque o povo brasileiro e, principalmente, o alagoano, sabem da importância da universidade pública”, afirmou.

E continua: “Não vamos parar. Continuarei afirmando que, enquanto tiver sala com energia elétrica, vamos trabalhar. Se faltar energia, vamos para debaixo da mangueira. Enquanto tiver possibilidade de uso dos equipamentos digitais, continuaremos firmes. Não podemos parar! Vamos continuar trabalhando. Quero acreditar que vamos conseguir sobreviver a essa crise terrível. Prefiro não pensar no que vai acontecer se chegarmos ao limite das nossas forças e recursos”.

Já foram por muitas crises ao longo dos 60 anos de existência da Ufal, mas, na opinião do reitor, do ponto de vista financeiro e orçamentário, talvez essa seja uma das maiores. “Perdemos, só em custeio, R$42 milhões e ainda há o problema do contingenciamento. Isso significa que nosso orçamento não passa do mês de junho com as contas pagas e os prejuízos acadêmicos já estão postos. Em 2020, o orçamento de custeio foi de cerca de R$150 milhões, mas este ano, além do corte de R$42 milhões ainda há os contingenciamentos”, lamentou Tonholo.

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Ele reafirma: “A Ufal não pode parar, principalmente nesse momento de pandemia. Continuamos formando bons profissionais, mas além da formação temos pesquisas importantes e, agora, estamos trabalhando bastante para manter funcionando a Unidade Covid do Hospital Universitário; estamos fazendo testes de diagnóstico da covid-19 em cidades do interior do Estado e fizemos na capital também, dando apoio ao Laboratório Central de Alagoas (Lacen)”.

Pesquisadores da Ufal também estão atuando no observatório da Covid que dá diretrizes para gestores estaduais e municipais sobre a questão do distanciamento social, por exemplo. “Enfim, são muitas ações importantes para a população alagoana e a Ufal está presente, de forma efetiva, em todo o estado”, afirmou o reitor.

Situação lamentável

A Universidade já está sofrendo com o corte de recursos e com o contingenciamento do repasse. Segundo Tonholo, como o orçamento demorou muito para ser liberado e, além disso, nesses quatro últimos meses os valores foram liberados à conta-gotas. “Estamos passando por uma situação lamentável. Chegamos quase na metade do mês de maio e até agora não pagamos nenhuma conta de água, de energia elétrica nem das empresas prestadoras de serviço, de segurança e de limpeza. O cartão para compra de combustível está cortado; o contrato com os Correios foi suspenso e recebemos aviso de corte de energia elétrica da empresa Equatorial. Para completar a situação de dificuldades, a frota de veículos da Universidade está toda com seguro vencido e, portanto, não está podendo rodar para atividades por absoluta falta de seguro”, lamentou Tonholo.

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Além disso, o reitor também fala do prejuízo acadêmico, porque em pleno período letivo não presencial, que precisa ter o suporte de alunos monitores, “a Ufal teve de suspender o edital para seleção de bolsistas de monitoria porque o orçamento não tinha previsão para isso. Com isso perdemos cerca de 400 bolsistas de monitoria. E mais: os editais de extensão que envolvem quase 800 estudantes foram bastante prejudicados e nós suspendemos os pagamentos das bolsas e os programas de extensão por absoluta falta de dinheiro”, justificou, completando: “Esse é o momento de toda sociedade alagoana e brasileira e a própria comunidade da Ufal se mobilizarem em favor de uma educação pública, gratuita e de qualidade, que a Ufal sempre ofertou e vai continuar ofertando para o nosso estado”.

Problema grave

O drama vivenciado na Ufal se assemelha ao que está acontecendo nas demais Instituições Federais de Educação Superior (Ifes). De acordo com a ordenadora de despesas da Universidade, Wanessa Simões, o maior problema enfrentado, hoje, é o orçamento. “Estamos numa situação crítica, porque não conseguimos pagar nem um mês da equatorial, nem às empresas de limpeza e de segurança do A.C. Simões [Campus Maceió]. O que recebemos até agora de orçamento não nos possibilita empenhar 100% dos nossos contratos. O que torna esse exercício o mais difícil. Mas tenha a certeza de que a gestão central da Ufal está engajada para não pararmos. Algumas revisões são necessárias para ajustar ao que nos foi imposto pelo governo federal. Não é tarefa fácil, mas espero que tenhamos êxito e, se conseguirmos minimizar esse impacto negativo, um pouco que seja, já considerarei um ganho diante de tantas notícias ruins pelas quais estamos vivenciando”, revelou.

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O problema é muito grave e a situação é difícil porque a Universidade não recebe o montante suficiente para pagar todas as empresas e tem de honrar os compromissos. “Deixo claro que todo serviço contratado é importante para o funcionamento da Universidade. Infelizmente ainda nem conseguimos empenhar na totalidade os contratos , por isso a questão maior é orçamentária”, justificou Wanessa Simões, servidora técnica no cargo de ordenadora de despesas.

Turbilhão de sentimentos

Além de não ter liberado recurso suficiente para honrar os compromissos com as empresas contratadas, prestadoras de serviços, a ordenadora de despesas se sente impotente diante dessa situação e se depara com situações que a deixam com sentimento de incapacidade: “É um trabalho bem difícil de se fazer a seleção de quais empresas vão receber naquele momento, uma vez que tem contratada que ainda não recebeu nenhuma parcela deste ano, por questão orçamentária mesmo”.

A coordenadora diz que, como servidora, acompanhando tudo isso há algum tempo, passa por um processo muito complicado. “Eu sinto um esgotamento, tanto mental quanto emocional. É um turbilhão de sentimentos, como incapacidade, mesmo sabendo que não depende somente da minha pessoa. Confesso que tenho procurado ajuda profissional lá fora para conseguir me manter firme e com a mente sã, porque imagine como fica a nossa cabeça quando a gente escuta um funcionário de alguma terceirizada dizendo que ainda não recebeu o salário porque a Ufal não pagou a empresa. É um misto de sentimentos, pois, ao mesmo tempo, sinto que estou fazendo o meu melhor enquanto servidora desta Instituição que escolhi para servir”, desabafou.