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Casal encontrado morto no Leblon tem sinais de asfixia provocada por intoxicação, aponta laudo do IML

Por da redação com O Globo 23/06/2021 20h08
Mateus Correia Viana e Nathalia Guzzardi Marques, achados mortos em box de banheiro no Leblon - Foto: Foto: Reprodução

Os laudos de exames de necropsia realizado em Mateus Correia Viana e Nathalia Guzzardi Marques, ambos de 30 anos, apontam que os corpos do casal apresentam “sinais gerais de asfixia, com coloração carminada dos tecidos, sugestivo de intoxicação exógena”. O documento, assinado pelo perito Claudio Amorim Simões, do Instituto Médico Legal (IML), o qual O GLOBO teve acesso, descreve que foram solicitados exames complementares que definam se a intoxicação ocorreu por monóxido de carbono. De acordo com a delegada Natacha Alves de Oliveira, titular da 14ª DP (Leblon), a principal suspeita até o momento é que os jovens tenham sido vítimas de um acidente doméstico, em decorrência de problemas no aquecedor a gás da água do apartamento onde estavam.

— A principal linha investigativa é no sentido de tratar-se de um acidente doméstico, decorrente da presença de aquecedor de água à gás no interior do banheiro, onde o casal foi encontrado. Segundo laudo de exame de necrópsia do IML, os corpos apresentavam sinais gerais de asfixia, sugestivos de intoxicação exógena, sendo solicitados exames laboratoriais complementares a fim de verificar se a causa da morte pode ser oriunda de asfixia por monóxido de carbono — explica a delegada.

Por volta das 15h15m, a mãe de Mateus chegou ao IML. Muito abalada, Emília Marta de Andrade Correia foi amparada por familiares e amigos que a esperavam no local. A mulher, que estava na Bahia, retornou às pressas após saber da morte do filho. A família deverá recorrer à Justiça para que o corpo do jovem seja cremado. O procedimento deverá acontecer na quinta-feira, em um dos cemitérios com complexo do Caju, na Zona Portuária do Rio. Já o corpo de Nathalia Guzzardi Marques, também de 30, deverá ser sepultado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio. Ainda não existem horários para a cremação e para o sepultamento.

Segundo pessoas ligadas a família de Mateus, os parentes querem que o corpo seja cremado. Eles deverão pedir autorização da justiça para que a cremação aconteça em um cemitério do complexo do Caju. Será a justiça que vai autorizar ou não.

De acordo com o perito Nelson Massini, professor titular Medicina Legal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a coloração carminada dos tecidos dos corpos de Mateus e Nathalia já é indicativo da intoxicação por monóxido de carbono. Ele afirma que provavelmente havia um problema no sistema de exaustão do aquecedor, que, em vez de jogar o gás por uma chaminé para fora do apartamento, o manteve dentro do banheiro. Segundo peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), que estiveram no imóvel durante a madrugada, o cômodo possuía um basculante, que estava fechado no momento do acidente.

— Recomenda-se muita cautela em espaços com instalação de aquecedores à gás, devendo-se assegurar que o mesmo se mantenha sempre ventilado, permitindo a circulação de ar. No inverno, acidentes trágicos do tipo se tornam mais frequentes, principalmente com crianças e casais — pontua a delegada.

Os corpos de Mateus e Nathalia foram encontrados, por amigos do rapaz, na noite de ontem, dentro do box do banheiro do imóvel 601 do prédio 980 da Avenida Bartolomeu Mitre. De acordo com especialistas, esse tipo de acidente pode levar a uma parada cardíaca rapidamente.

— Em casos em que o aquecedor de água fica dentro do banheiro, como se trata esse episódio, com o vazamento de gás, o queimador interno consome todo o oxigênio do ambiente. Em um minuto, as vítimas têm a perda da consciência, em três têm a morte cerebral e em dez a morte completa — paradas cardíaca e respiratória. Essas fatalidades ocorrem mais em ocasião do tempo frio, com os banheiros fechados e banhos demorados, sobretudo com crianças e casais — disse Massini.