Áudios indicam Jair Bolsonaro como operador de esquema de peculato, diz coluna
O crime de peculato consiste em empregar pessoas como assessores e receber de volta a maior quantia do salário pago pelos cofres públicos.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi indicado como operador de um esquema de "rachadinha" durante o périodo em que foi deputado federal. O crime de peculato consiste em empregar pessoas como assessores e receber de volta a maior quantia do salário pago pelos cofres públicos.
As gravações obtidas pelo UOL, em coluna da jornalista Juliana Dal Piva, mostram a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente contando um suposto episódio em que Bolsonaro teria demitido o irmão dela, André Siqueira Valle porque ele se recusou a entregar a maior parte do salário de assessor do então deputado federal.
Andrea e André são irmãos de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher do presidente. A fisicultirista contou que Bolsonaro exigia grande parte dos salários dos parentes da companheira que foram nomeados nos gabinetes da família Bolsonaro.
"O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: 'Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo'. Não sei o que deu pra ele", disse Andrea.
Na véspera do primeiro turno das eleições presidenciais, Andrea afirmou estar preocupado com seu futuro, já que ela havia sido exonerada do cargo há pouco mais de um mês.
"Porque assim, eu procurei a Cristina, o tio, liguei para o gabinete do Flávio para saber o que tinha que fazer, fiquei com medo de complicar as coisas para eles, ainda pensei neles...Na hora que eu estava aí fornecendo também e ele estava me ajudando porque eu ficava com mil e pouco e ele ficava com sete mil reais, então assim, certo ou errado agora já foi, não tem jeito de voltar atrás", diz na gravação.
Andrea foi assessora da família Bolsonaro durante vinte anos. Ela constou como funcionária do gabinete de Jair Bolsonaro de 30 de setembro de 1998 a 7 de novembro de 2006. No período, ela nunca morou em Brasília. Em novembro de 2006, ela foi nomeada para o gabinete de Carlos Bolsonao. Em 2008, passou a fazer parte da equipe de Flávio Bolsonaro, onde permaneceu até 2018. No último ano, teve uma salário bruto de R$ 7.326,44.
A ex-cunhada do presidente é um dos alvos da investigação no caso das "rachadinhas" do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Ela teve os sigilos bancário e fiscal quebrados por pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). No fim de 2020, Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz foram denunciados pelo MP-RJ por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.