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'Fazia loucuras mil. Agora, não posso mais morrer', diz Alexandre Nero sobre filhos

Por O Globo 30/07/2021 10h10
Alexandre Nero - Foto: Leo Aversa; styling Rogério S.

Nascido em Curitiba, filho do meio entre duas irmãs, Alexandre Nero foi morar em São Paulo quando criança. O pai, engenheiro agrônomo, trabalhava como gerente de vendas, e a mãe nunca foi apenas dona de casa. Ela morreu, de câncer, quando Nero tinha 14 anos; ele se foi dois anos e meio depois, vítima da mesma doença. Aos 17, o adolescente tímido e gordinho que encontrara no violão uma forma de ser notado pelas garotas voltou para Curitiba, onde foi morar com um tio. Perto do Dia dos Pais, em entrevista exclusiva, Alexandre Nero fala sobre a chegada dos filhos e sobre ter ficado órfão ainda na adolescência.


Como a perda dos seus pais impactou na sua relação com os seus filhos?


A chegada dos meus filhos foi uma revisita aos meus pais. Sou um pai fora dos padrões. Quando o meu primeiro filho nasceu, tinha 45 anos. Eu nunca liguei muito para criança, sabe? Sempre flertei com a morte. Estava na vida para matar ou morrer. Não tinha medo de nada. Fazia loucuras mil. Com a chegada deles, o medo passou a fazer parte da minha vida. Antes, eu podia morrer. Agora, não posso... Tenho ideias utópicas sobre a maternidade e paternidade.


Pode dividir alguma delas?


Acho um equívoco achar que a gente aprende a ser pai e a ser mãe, sendo. Existe um preparo que as pessoas deveriam ter. Um preparo intelectual, pedagógico, psicológico para se criar um filho. Por isso as crianças têm tantos problemas porque os pais não sabem o que fazer com elas. Eu mesmo não sabia, e continuo não sabendo. Não sabia como brincar, não sabia como falar, como tratar... Fui atrás de pedagogo, vídeos, livros, disse Nero.