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Afeganistão: Imagens mostram caos e desespero em aeroporto após Talibã tomar governo do país

Por BBC 16/08/2021 11h11
Desespero toma conta de afegãos - Foto: Sahar Rahimi

Cenas de caos e desespero foram vistas no aeroporto internacional de Cabul, no Afeganistão, em meio à tentativa de fuga em massa depois que o grupo fundamentalista Talibã entrou na capital e tomou o controle de todo o país.

"Levei 5 horas para chegar ao aeroporto", disse um estudante de 22 anos à BBC. "Meus pés estão doendo, estão com bolhas e é difícil para eu ficar de pé".

"Era como uma cidade militar: as pessoas usavam roupas tradicionais, mas tinham armas e atiravam para o alto. Isso me lembrou da Jihad [guerra religiosa] que ouvi de meus pais", disse desesperado.

O jovem está prestes a iniciar um mestrado em Istambul, na Turquia, e havia voltado a Cabul para passar um tempo com sua família antes do início do curso.

Ele ficou surpreso ao ver que o governo estava desmoronando. "Agora que vou embora, penso na minha família. Eles não têm como escapar, não vejo futuro."

O jornalista Bilal Sarwary compartilhou um vídeo gravado na madrugada desta segunda-feira (16) que mostra pessoas tomando a plataforma no aeroporto internacional de Cabul.

Os Estados Unidos e outros países estavam tentando evacuar seus funcionários da embaixada, e muitos afegãos aterrorizados também tentavam deixar a capital.

Uma testemunha descreveu a sala de embarque do aeroporto se transformando em um caos depois que as pessoas disseram que os cartões de embarque estavam sendo impressos secretamente para celebridades, parlamentares e autoridades.

"Esperamos quase oito horas, até que o pessoal do aeroporto começasse a sair dos balcões, primeiro os balcões de check-in e depois os balcões de imigração e passaporte", diz o estudante.

"Não houve verificação de segurança. Passamos e vimos que as grandes portas de vidro estavam quebradas. As pessoas correram em direção ao último avião. Foi quase uma debandada."

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Os Estados Unidos enviaram helicópteros militares para evacuar o pessoal de sua embaixada em Cabul (veja no vídeo abaixo).

Após várias horas de cerco nos arredores da cidade, o Talibã ordenou que seus combatentes entrassem em Cabul no domingo (14).

Segundo porta-vozes do grupo, a medida foi tomada para evitar o caos e os saques depois que as forças de segurança deixaram partes da capital.

Quando isso aconteceu, centenas de moradores de Cabul tentaram sair da cidade com os pertences que conseguiram reunir.

Muitos tentavam escapar de Cabul a pé por medo de retaliação por parte dos combatentes do Talibã e pela incerteza diante de uma potencial onda de violência.

Escapando de Cabul


Durante todo o domingo, as pessoas fizeram longas filas em frente aos bancos em Cabul para sacar dinheiro, com medo do confisco de suas economias.

Algumas famílias chegaram ao campo de refugiados do Parque Hasa-e-Awal em Cabul, no sábado (14), fugindo dos combates fora da capital.

Nooria, de 35 anos, deixou sua casa em Kunduz depois que um foguete a destruiu e feriu um de seus filhos.

Mulheres deslocadas pelos combates em Kunduz se refugiaram em uma mesquita em Cabul, enquanto o Talibã continuava avançando em direção à captura da capital.

A BBC recebeu mensagens e testemunhos de mulheres que temem o que pode acontecer com suas vidas sob um governo islâmico do Talibã.

Elas estão preocupados com a volta do mesmo tipo de governo que o grupo instaurou na década de 1990, quando estava no poder.

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Algumas das que fugiram de áreas controladas pelo Talibã disseram que os militantes exigiam que as famílias entregassem meninas e mulheres solteiras para se tornarem esposas de seus combatentes.

Mulheres de áreas controladas pelo Talibã também descreveram ser forçadas a usar burcas — veste que cobre todo o corpo e apresenta uma estreita tela, à altura dos olhos, através da qual se pode ver — e militantes espancaram pessoas por infringirem as regras sociais.

A vida sob o Talibã na década de 1990 forçou as mulheres a usar a vestimenta. Os islamistas radicais restringiram a educação para meninas com mais de 10 anos, e punições brutais foram impostas, incluindo execuções públicas.

BBC