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Elevação no nível da água resulta no encobrimento de parte do manguezal às margens da Lagoa Mundaú

Por redação com G1/AL 07/10/2021 13h01
Nível da água sobe e começa a encobrir manguezal às margens da Lagoa Mundaú, em Maceió - Foto: Jonathan Lins/G1

Um trecho de 4 quilômetros de mangue, situado às margens da Lagoa Mundaú, em Maceió, está afundando. A região fica em uma das áreas afetadas pelo processo de afundamento do solo provocado pela extração de sal-gema e que atinge 5 bairros da capital.

Segundo o Instituto do Meio Ambiente (IMA), a área corresponde a 14 hectares de mangue. "Nós já perdemos 1,73% do manguezal aqui da costa lagunar em função deste afundamento de solo", conta o coordenador de Gerenciamento Costeiro do IMA, Ricardo César.

Esse processo coloca em risco a vida de espécies de peixes, crustáceos e moluscos da lagoa, que são fonte de renda e alimento para milhares de famílias. Centenas de moradores já se mudaram da região, por causa do avanço das águas.

"Hoje está uma situação terrível. Há 30 anos, aproximadamente, a gente andava de pé enxuto. Hoje, você chega lá, são três, quatro metros de profundidade", conta Jadilson Alves dos Santos, uma das pessoas que tiveram que deixar suas moradias por causa do afundamento.

Na lagoa, foram instaladas boias para delimitar as áreas seguras de passagem. Até o outro lado onde está a floresta de mangue, não se pode navegar, por causa do afundamento da margem da lagoa.

"Essa área de boia é um arco que abrange toda região continental, sobe na região dos bairros afetados do Pinheiro, Mutange, Bom Parto e Bebedouro, e ela também tem uma área de segurança aqui na Laguna. Foi delimitada através de um estudo realizado pelo Instituto Geomecanica da Alemanha, é uma margem de segurança para criar uma área de resguardo. Então, na parte lagunar, dentro da Laguna, foram feitas todas as demarcações com as boias para que se evite qualquer risco futuro de acidente e de trazer algum dano à vida humana", explica Jean Melo, geólogo do IMA.

Segundo a Braskem, o acordo firmado com os Ministérios Públicos Federal e Estadual previu a nomeação de uma empresa para realizar estudos sobre possíveis impactos ambientais, inclusive na Lagoa Mundaú e seu entorno. E com o resultado desse estudo, serão feitos estudos para um plano integrado de ações na região. Segundo a empresa, a área de mangue alagada representa menos de 2% da área total de mangue avaliada no estudo, e que essa área será recomposta.

Afundamento do solo foi provocado pela extração de sal-gema


O problema surgiu em Maceió em 2018, quando um tremor de terra de 2.5 pontos foi registrado em diversos bairros. Estudos do Serviço Geológico do Brasil mostraram que a extração da sal-gema na região foi feita em cima de uma área de falha geológica adormecida.

As cavernas subterrâneas que surgiram por causa da mineração se desestabilizaram, provocando o afundamento do solo, que já afeta mais de 55 mil pessoas.