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Câmara Municipal de Arapiraca decreta luto pela morte do Paulo do Bar

Por Assessoria 14/10/2021 10h10
Paulo do bar, Arapiraca - Foto: Cortesia ao Já É Notícia

O presidente da Câmara Municipal, Thiago ML, lamentou o falecimento de Paulo Lourenço da Silva, ex-proprietário do lendário Bar do Paulo, em Arapiraca, ocorrido na manhã desta quinta-feira (14). Paulo do Bar estava internado há alguns dias no Complexo Hospitalar Manoel André (CHAMA) para tratamento de câncer no esôfago.

Ele já havia iniciado as sessões de radioterapia, mas devido a dificuldades para se alimentar e a fraqueza física, precisou ficar internado na unidade médica. Paulo do Bar era um dos mais importantes nomes da cultura de Arapiraca e tinha a maior coleção de disco de vinil do Agreste, com mais de quatro mil LPs.

Thiago ML, em nome de todos os vereadores e funcionários do Legislativo, expressou todo sentimento de pesar pelo falecimento do empreendedor e colecionador Paulo Lourenço, que faleceu na manhã desta quarta-feira, aos 89 anos. O presidente decretou luto no Legislativo pela morte do Paulo Lourenço, pai do servidor da Casa, Paulo Celso.

“Hoje os arapiraquense amanheceram tristes. Perdemos o Paulo do Bar. Cidadão ímpar, um grande humano, um homem simples e defensor de nossa cultura. Não há como esquecer os incontáveis momentos do Bar do Paulo, uma marca registrada na história de Arapiraca que completa 97 anos este mês. Foram quase quarenta anos no cenário da música, da gastronomia e do entretenimento de nossa cidade. Nesse momento de dor e saudade, quero deixar também minha mensagem de solidariedade aos seus familiares”, destacou o vereador Thiago ML.

O Paulo do Bar do Paulo


Durante décadas, o famoso Bar do Paulo, na casa de esquina das Ruas Don Jonas Batinga e São Luiz, no bairro de Ouro Preto, foi o principal ponto de encontro de pessoas de todas as idades e classes sociais que se divertiam e conversavam sobre música, livros, cinema, política e literatura, tudo ao mesmo tempo. Ao fundo, sempre uma boa música e a tradicional bisteca incomparável das noites e madrugadas.

Em 2013, quando seu glorioso bar completaria 40 anos de existência, Paulo Lourenço da Silva, então com 81 anos de idade, recebeu uma honraria da administração municipal no Museu Zezito Guedes, antiga sede do Executivo. Na ocasião fora realizado o projeto “DJ do Agreste” aliado ao Som do Mercado, que acontecia todas as quintas-feiras com desempenho do próprio Paulo num repertório de seu acervo de LPs (discos de vinil).

O Bar do Paulo agregava ótima música (MPB, Jazz, Rock, Blues, Progressivo, Erudito, Clássico e Música Brasileira Regional) misturada à culinária e aos bons papos, inclusive com a participação sempre honrosa do ‘Seu Paulo’ com opinião pessoal e censo crítico aguçado. Da sua discoteca, com milhares de discos, vinha o som que dava a tônica das noitadas, nos finais de semana até ‘pegar o sol com a mão’, como diria Luiz Gonzaga.

Natural de Palmeira dos Índios, o incentivador cultural, após temporada em São Paulo como garçom, voltou para Alagoas e se instalou em Arapiraca, em 1973. Então, em 16 de setembro daquele ano, iniciava a trajetória do Bar do Paulo, que recebeu grandes nomes da música como Alceu Valença, Paulo Rafael (que faleceu recentemente), Quinteto Violado, Hermeto Pascoal, Lobão e tantos outros artistas e turistas de todo o país.

“O Bar do Paulo era o que hoje a gente não encontra comumente num ambiente como este. Era um local onde amigos partilhavam seus gostos e saberes, aonde as experiências pessoais vinham à tona, ao som de uma trilha que só o Paulo, o nosso ‘DJ do Agreste’, conseguia embalar. O estabelecimento, decerto, foi um dos marcantes pontos da nossa cidade nesses últimos quarenta anos, posto que atualmente é evidenciado em trabalhos acadêmicos e documentários”, destacou a professora Tânia Santos.

“O bar é a extensão da minha casa”, dizia o próprio Paulo Lourenço, que “compôs” a música que embalou gerações. Por problemas de saúde de seu idealizador, o Bar do Paulo fechou as portas em 2011. E nesta manhã de 14 de outubro de 2021 sai de cena, aos 89 anos, deixando o legado para família, ilustres amigos e uma geração que era feliz e sabia.