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Gestor do Náutico-RR faz boletim de ocorrência contra o próprio time por suspeita de manipulação

Por redação com GE 07/06/2022 19h07
Trem x Náutico-RR - Série D - Foto: Foto: Rosivaldo Nascimento/Arquivo Pessoal

Após ver o time sofrer a maior goleada da atual edição da Série D do Campeonato Brasileiro, o gestor de futebol do clube, Marcelo Pereira, procurou a polícia para fazer um boletim de ocorrência solicitando investigação contra os jogadores da própria equipe sob suspeita de terem vendido o jogo na derrota pelo placar de 10 x 2 diante do Trem, no Amapá, nessa segunda-feira.

- Fiz o boletim de ocorrência para me precaver. Eu não tenho nada a ver com manipulação de resultados. Não sei se deu um apagão, não estavam com vontade de jogar, os gols saíram naturalmente. Vi ali muito corpo mole. Vou pedir à CBF para investigar esse jogo. Foi esculacho, a gente fica triste porque procuramos fazer o futebol certo, mas olha aí o que acontece - disse Pereira.

Lanterna do grupo 1, o Náutico-RR foi para o Amapá enfrentar o Trem pela 8ª rodada da Série D, em busca da primeira vitória. O time é dono da segunda pior campanha da competição que reúne um total de 64 equipes e tem a pior defesa: foram 32 gols sofridos em oito jogos, até então, média de quatro gols sofridos por jogo.

Marcelo Pereira se defendeu das acusações e manifestações de pessoas nas redes sociais de que estaria envolvido numa possível manipulação de resultados por ser o gestor de futebol do clube.

- Fiz o boletim pra me precaver. A gente fica, jogador vem e vai. Quem não deve não teme. Muita gente pensa, julga a gente sem pensar ou falar. Vejo gente se pronunciando dizendo que o Náutico tá se beneficiando, mas manda irem ver as despesas. Tive que me sacrificar pra arcar, trazer jogador pagando passagem, arcar com rescisão. Então, ninguém sabe nosso dia a dia - reiterou.

- Eu vivo do futebol, dependo do futebol, eu respiro futebol. A minha profissão é essa, não tenho outra. A minha empresa faz gestão do futebol, só. Então imagina fazer tudo isso, tomar conta e aí ser lesado por alguns jogadores. A gente paga o mínimo, dá um salário mínimo e um pouco a mais pra um, pra outro, mas não é muita coisa - comentou.

Pedido de investigação


Marcelo Pereira afirmou ao ge que irá encaminhar pedido à CBF para que haja uma investigação com relação ao jogo Trem 10 x 2 Náutico-RR.

- Vou encaminhar à CBF (o boletim) e pedir para investigar esse jogo e os outros jogos também que teve resultado negativo. Não que todo jogo que a gente perdeu foi venda de jogo, não, mas esse foi muito escrachado pelo resultado. Eles têm que investigar, quebra de sigilo telefônico, conta bancária, tem que investigar, porque a gente procura fazer o futebol certo, mas olha aí o que acontece - disse Pereira.

Derrota que vira caso de polícia pela segunda vez no ano


Essa não é a primeira goleada sofrida pelo Náutico de Roraima na atual edição da Série D. A equipe perdeu pelo placar de 5 x 1 na 6ª rodada, diante do São Raimundo do Amazonas.

Após o jogo, o gestor Marcelo Pereira foi até uma delegacia de Manaus para fazer um boletim de ocorrência contra um grupo de jogadores do Náutico-RR, alegando que houve possível manipulação de resultado, com a "venda do jogo" por parte dos jogadores do próprio time, no dia 21 de maio.

- Tive que fazer outro boletim já para me precaver, porque eu não tenho nada a ver. Já fiz uma vez lá em Manaus. Dessa vez foi pior, foi dobrado o resultado (derrota para o Trem por 10 a 2). São tantas coisas que a gente fica desconfiado. Essas apostas (esportivas) mudaram um pouco o futebol. Eu tô com minha consciência tranquila. Dessa vez o boletim é contra todos (os jogadores que atuaram), porque eu não posso apontar alguém. No outro jogo eu suspeito de alguns atletas, dessa vez não - comentou o gestor ao ge.

A alternativa encontrada por Marcelo Pereira após a goleada sofrida para o São Raimundo-AM foi afastar e dispensar alguns jogadores que o gestor levantou suspeita. Inclusive, alguns já tiveram o contrato rescindido e publicado no Boletim Informativo Diário da CBF, mas o gestor do time não revelou nomes e nem se os dispensados estavam relacionados com os casos.

- A gente trocou muitos atletas. Também tinha muito menino ali que pouco jogou, ou se jogou só categoria de base. Ainda temos jogos, como o São Raimundo em Roraima. Vou liberar mais esses atletas, e aí a gente se sacrifica de novo, faz dívida, pega emprestado, mas a gente não fica sujeito a esse tipo de coisa não - disse Pereira.