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Vídeo: 12 anos depois, ex-coroinhas abusados por padres em Arapiraca afirmam que são ignorados pela Igreja Católica

Por Redação 04/07/2022 07h07 - Atualizado em 04/07/2022 13h01
Percurso realizado pelo núncio da Santa Sé no Brasil, em Penedo, neste domingo (3) - Foto: Reprodução


Cerca de 12 anos após o escândalo envolvendo padres e ex-coroinhas que foram abusados sexualmente em Arapiraca, uma das vítimas denuncia o tratamento dado por representantes da Igreja Católica.

Em um vídeo obtido com exclusividade pelo Já é Notícia, vítimas tentam falar com o Dom Giambattista Diquattro, núncio apostólico no Brasil, em um percurso realizado em Penedo na manhã do domingo (3), mas não são atendidas.

A reportagem entrou em contato com Pastoral de Comunicação da Diocese de Penedo, que repassou o número da Cúria Diocesana. No entanto, o telefone não está recebendo chamadas. O padre Daniel Nascimento, da Paróquia do Carmo, em Arapiraca, e que também esteve presente no percurso, comentou a denúncia.

"Todos os passos em relação ao processo canônico (da Igreja) foram dados. Todos os padres envolvidos receberam pena máxima e no âmbito canônico as coisas já estão resolvidas. Há processos civis em que as pessoas envolvidas estão pleiteando indenizações. Neste campo será a justiça a decidir. A igreja não poderá assumir nada, pois o processo está em trânsito!", disse.

"O papel da Igreja é acolher a todos. Contudo, como há processos que envolvem as referidas pessoas, se faz necessário esperar! Sobre a pena dos padres, todos foram demitidos do estado clerical, ou sejam, não são mais padres. A igreja tem deixado claro que não compactua com tais delitos e que não há espaço na Igreja para aqueles que o comete", completou.

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No trajeto do religioso havia grande presença de policiais, que impediram a aproximação. Em um certo momento, Giambattista chega a falar com um policial que "se tivesse marcado, não teria esses problemas", apontando que uma conversa não teria sido agendada pelos ex-coroinhas.

A visita do núncio à cidade contou com diversos atividades, como o hasteamento de bandeiras do Vaticano e da Diocese de Penedo e a celebração de uma missa. 

As vítimas relatam que nunca receberam suporte da igreja após a divulgação do caso. "Esse tempo todo sem nenhum auxílio da igreja... psicológico, espiritual ou financeiro", disse. 

Os crimes cometidos durante vários anos por Luiz Marques Barbosa, Raimundo Gomes e Edílson Duarte foram expostos em 2010. Raimundo morreu em 2014 após um AVC e os outros dois padres foram condenados pela Justiça.

Luiz Marques Barbosa cumpre pena de 21 anos de prisão e multa, já Edílson foi condenado a 16 anos e 4 meses de reclusão, além de multa.

O caso ganhou repercussão nacional e internacional na época da divulgação dos acontecimentos.