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Líderes da máfia das apostas de futebol usaram próprios pais e sogros em esquema

Por MP GO 23/05/2023 14h02
Máfia do futebol - Foto: MP

Apontado como líder da quadrilha que fraudava apostas no futebol brasileiro, Bruno Lopez teria envolvido seus pais e sogros no esquema e pediu à mãe "reza forte" para o golpe dar certo, mostram conversas de telefone interceptadas pelo Ministério Público de Goiás e obtidas pela Folha.

Nas comunicações, Bruno e sua companheira, Camila Silva da Mota, citam apostas feitas com os nomes dos pais do casal e reclamam que os sites estariam restringindo algumas contas.

"Estou terminando de fazer as entradas [...] seu pai já foi, sua mãe já foi", diz ele a Camila no fim da tarde de 11 de fevereiro deste ano -sábado com rodada de campeonatos estaduais. "Todo mundo já foi, só da sua mãe que está limitado [pela plataforma]", completa.

Mais tarde, no mesmo dia, Bruno liga para uma mulher não identificada pelo Ministério Público, mas a quem chama de mãe. "Só para te avisar que a operação foi feita, [queria pedir para] você botar em prática as suas rezas fortes, que vai dar tudo certo", diz. "Amém, já deu", responde a mulher.

Procurado por telefone e mensagem, o advogado de Bruno não respondeu aos questionamentos até a publicação desta reportagem.

O grupo utilizava robôs para maximizar a operação e o CPF de terceiros para tentar driblar o monitoramento dos sites de aposta e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que identifica quando muitos lances são feitos por um mesmo login.

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Em alguns casos, são impostas restrições às contas, caso contrário, os resultados de determinada partida podem ser anulados.

Segundo o MP, Bruno liderava a quadrilha que aliciava jogadores para manipular resultados de futebol e lucrar com um esquema de apostas esportivas fraudadas.

Até aqui, o Ministério Público de Goiás denunciou à Justiça 15 atletas, que viraram réus, além dos operadores e financiadores do esquema. Agora, a investigação busca identificar novos nomes envolvidos e também entender como o dinheiro do lucro era lavado.

A operação Penalidade Máxima teve início em novembro de 2022, após o Ministério Público ser procurado pelo presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que queria denunciar um dos casos.

A primeira fase foi deflagrada em fevereiro, e a segunda, em abril. Foi constatado que o grupo atuou em partidas de estaduais de 2023 e no Campeonato Brasileiro de 2022, inclusive na primeira divisão. Até agora, não há evidências que indiquem que a elite do nacional deste ano tenha sido alvo.

Segundo o Ministério Público, o grupo atuava em núcleos. Bruno, além de liderar toda a operação, comandava o principal deles, chamado de apostadores, do qual também Camila faz parte.

Os principais núcleos do esquema

Os apostadores: chefiados por Bruno Lopez de Moura, eram cinco pessoas que faziam as apostas -seguindo o que foi combinado com jogadores- e coletavam os ganhos
Os investidores: liderados por Thiago Chambó Andrade, eram três integrantes que bancavam o esquema
Os intermediadores: eram responsáveis por encontrar e cooptar os jogadores