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Homem roubado quando bebê reencontra família 42 anos depois

Por redação com Crescer 30/05/2023 19h07
Scott se encontrou com a irmã assim que chegou ao aeroporto, no Chile - Foto: Reprodução/Nos Buscamos

O editor de vídeo Scott Lieberman, 42, sempre soube que havia sido adotado. Cresceu ouvindo uma história de que nasceu no Chile, havia sido entregue para um orfanato e acabou acolhido por uma família dos Estados Unidos. O que ele não sabia era que, na verdade, as coisas não haviam acontecido exatamente dessa forma.

Ele só começou a desconfiar de que havia algo de errado no fim do ano passado, quando leu uma reportagem falando sobre adoções ilegais que aconteceram no Chile na década de 70 e 80. Foi, então, que começou a suspeitar de que aquele também poderia ser seu caso.

Durante a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-90), muitos bebês foram retirados de suas famílias e encaminhados para agências de adoção. Outras crianças, de origem mais pobre, foram simplesmente roubadas. Foi o que aconteceu com Scott.

Sua mãe biológica, Rosa Ester Mardones, tinha 23 anos quando descobriu que estava grávida, em 1979. Na época, estava solteira, passava por uma situação financeira difícil e recebeu o convite de algumas freiras católicas para trabalhar na casa de um médico, como empregada doméstica. Saiu da pequena cidade de Cañete e se mudou para a capital Santiago, junto com a filha de dois anos, Jenny, onde se sustentava com os ganhos do trabalho e a ajuda de uma assistente social.

Durante a gravidez, a tal assistente social obrigou Rosa a assinar vários documentos. Quando o bebê finalmente nasceu, em 21 de agosto de 1980, a mãe só teve a chance de ficar poucos minutos com o filho. A assistente imediatamente assumiu a custódia da criança e levou o menino embora, antes mesmo de a mãe receber alta do hospital.

"Não venha mais aqui procurar o bebê, porque, se fizer isso, vou chamar a polícia e você vai presa. Seu filho agora está na Holanda ou na Suécia, em um país diferente. Você é uma pobre mulher solteira e não é capaz de criar outro filho. De toda forma, você cedeu seus direitos parentais", disse a assistente social, segundo Jenny, a irmã de Scott, em entrevista à CNN.

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O bebê realmente estava em um novo país, mas não na Europa, como havia contado a assistente social. Scott foi adotado legalmente por um casal dos Estados Unidos, onde cresceu. “Vivi 42 anos da minha vida sem saber que fui roubado, sem saber o que estava acontecendo no Chile durante os anos 70 e 80 e eu só quero que as pessoas saibam… Existem famílias por aí que ainda podem ser reunidas ”, disse.

Com a ajuda de uma ONG que busca reunir famílias que foram separadas, Scott descobriu que tinha uma meia-irmã, Jenny. Os dois fizeram o teste de DNA e confirmaram que, de fato, são parentes. No último dia 11 de abril, Scott finalmente viajou para o Chile para conhecer sua família biológica.

Ele encontrou sua meia-irmã no aeroporto, mas infelizmente não teve a chance de conhecer a mãe. Rosa morreu aos 58 anos, em 2018, por causa de um câncer. Ela nunca soube que seu filho estava vivo e sendo criado por uma família estadounidense, na cidade de San Francisco. “Eu tive muito amor da minha família durante a minha vida. Eu tenho muito amor dos meus amigos. Mas agora, é estranho, mas me sinto mais completo. Me sinto amado de uma forma que nunca me senti antes”, disse Scott.

Jenny, filha mais velha de Rosa e irmã de Scott, disse que a mãe faleceu sem nunca ter compartilhado a história do bebê roubado. Ela só ficou sabendo da história depois que conversou com um parente próximo que a acompanhou nessa fase da gestação. A filha acredita que toda a situação foi um plano armado pelas freiras, pelo médico da casa em que trabalhava e pela assistente social.

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“Nunca, nunca, minha mãe falou sobre o fato de que ela teve um filho e que ele foi roubado. Foi a dolorosa verdade que ela guardou para si mesma por muitos anos. Eu até acho que foi a dor dela que a levou embora”, falou Jenny. Depois que a verdade veio à tona, a filha começou a, inclusive, entender alguns desejos "estranhos" da mãe, como morar perto do aeroporto nos últimos anos de vida. “Ela gostava de ir ao aeroporto e pedia para irmos com ela. Ela apenas se sentava e observava as pessoas, principalmente as que chegavam”, disse.