Garoto de programa acusa amigo pela morte de ator, e confessa que vítima foi morta com fio de telefone, após ter sido dopada
O garoto de programa Jeander Vinícius da Silva Braga, de 29 anos, disse, após ser preso na manhã desta sexta-feira (2) em Santíssimo, na Zona Oeste do Rio, que o ator Jeff Machado foi morto pelo amigo Bruno de Souza Rodrigues, de 37 anos, com um fio de telefone.
Ainda segundo Jeander, a vítima teria sido dopada pela dupla antes de ser morta. O suspeito também admitiu que não havia uma terceira pessoa na cena do crime, como foi dito pela defesa de Bruno durante entrevista coletiva nesta quinta (1°).
Jeander ainda desmentiu que tenha ocorrido relação sexual entre eles e Jeff. Até o início da tarde desta sexta, Bruno era considerado foragido.
A delegada Ellen Souto disse que Jeander recebeu R$ 500 de Bruno, na semana passada, para sustentar em depoimento a versão da existência de Marcelo. Informou ainda que o suspeito é uma pessoa muito influenciável e manipulável, e que Bruno se aproveitou disso.
Agentes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros foram para quatro endereços na Zona Oeste atribuídos aos dois. Jeander tentou fugir ao ver os policiais, mas acabou pego.
Bruno e Jeander tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça nesta quinta (1º), após pedido da polícia que foi avalizado pelo Ministério Público.
O corpo de Jeff foi encontrado em um baú enterrado a 2 metros de profundidade e coberto de concreto em uma casa na Zona Oeste do Rio no dia 24 de maio.
Contradições em depoimentos anteriores
O pedido de prisão dos suspeitos levou em consideração diversas contradições dos indiciados nos depoimentos dados à polícia sobre o momento do crime.
Ambos afirmam que Jeff foi morto na própria casa, em Guaratiba, e atribuem a execução a um miliciano chamado Marcelo — que a polícia afirma ser um personagem inventado e uma estratégia dos suspeitos.
Ato sexual
Bruno: disse que filmou no segundo andar uma cena de sexo entre Jeff, Jeander e Marcelo e, ao término, desceu ao térreo.
Jeander: alegou que não participou do ato.
Descoberta da morte
Bruno: afirmou que não viu o crime. Relatou que Marcelo e Jeander desceram com Jeff já morto.
Jeander: também não presenciou o crime. Contou que viu Jeff morto ao sair do banho antes do ato.
Ocultação do cadáver
Bruno: relatou que o corpo de Jeff foi posto no baú do ator depois que Jeander e Marcelo desceram as escadas.
Jeander: disse ter sido obrigado por Marcelo a esvaziar um baú no quarto de Jeff e colocar o corpo dentro, descendo as escadas carregando a caixa com o suposto miliciano — e que Bruno viu esse momento.
Saída do local do crime
Bruno: afirmou que saiu do casebre enquanto Jeander ainda cavava.
Jeander: relatou que ele e Bruno foram embora juntos após concretarem o buraco.
A polícia já sabe que quem concretou o chão foi um pedreiro.
Jeander prestou um depoimento, e Bruno, três: um na 43ª DP (Sepetiba), em 5 de fevereiro, sobre o desaparecimento; um na DDPA como testemunha e amigo, no dia seguinte; e o terceiro é uma carta enviada pelos advogados.
Nesta quinta-feira (1º), durante uma coletiva de imprensa, a defesa de Bruno Rodrigues apresentou essa versão, disse que não sabia se seu cliente se entregaria se a prisão fosse decretada, mas que vem colaborando com as investigações e, inclusive, teria apontado o lugar onde estava o corpo do ator.
Uma das linhas da investigação diz que o ator teria sido enganado com a promessa de entrar em uma novela.
Bruno de Souza Rodrigues trabalhou na Globo até 2018, quando foi demitido pela empresa. Em nota, a Globo informou que forneceu à polícia os detalhes do desligamento.
A Delegacia de Descoberta de Paradeiros já tinha feito um cruzamento de informações que indicavam que Jeff Machado morreu no fim de janeiro. Essa é a data apontada pela mãe do ator, Maria das Dores Machado, para o fim da comunicação direta com ele e o início da troca de mensagens só por texto no WhatsApp.